segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O BECO MAL ASSOMBRADO.




O BECO MAL ASSOMBRADO.

Aqui existe um beco que foi apelidado de o Beco da Barrica. Nesse Beco havia uma barrica que rolava pelas ruas da cidade, e muita gente correu assombrado ao deparar com ela. Ela  saia sempre desse beco e corria atrás das pessoas que encontrava solitário pelas ruas escuras. Sempre a barrica saia a rolar fazendo muito barulho à meia noite de sexta-feira. Quem deparasse com ela, corria assombrado com muito medo dela lhe pegar. Os comentários andavam de boca em boca, na pequena cidade, mas ninguém tinha a coragem de se esconder, no dito beco, para descobrir a verdade sobre essa barrica. Uns diziam que era fulano de tal já havia falecido que era muito rico e deixou muitos bens dentro de uma barrica. Outros diziam que era o caboclo d’água que saia do rio São Francisco para pegar as pessoas e levar para o fundo do rio para comer. Era muitas estórias que contavam as pessoas sobre essa barrica. Havia muitos que se encontraram com ela saindo do beco, mas não tiveram coragem de enfrentá-la. Correram feito louco fugindo dela. Até mesmo os cachorros uivavam, latiam e fugiam com o rabo entre as pernas, quando deparavam com a tal barrica. As pessoas que moravam perto desse beco, acordavam assustados ao ouvir o barulho da barrica rolando pelos calçamentos com muito barulho. As crianças acordavam e saiam de suas camas correndo para o quarto dos pais, quando ouviam o barulho dela passando à porta de sua casa. Era mesmo uma visagem. Toda cidade comentava sobre a tal barrica. Os rapazes, quando era dia de sexta-feira, não saiam à rua, não faziam seresta e todos tinham medo dessa tal barrica mal assombrada. Os pais davam conselhos aos filhos para que eles não saíssem à rua por causa da barrica.
Noite dessa, um ex-jagunço por nome de Balbino, que lutou muito, nas rixas políticas dos coronéis, só andava armado, e nunca teve medo de assombração, por não acreditar nela, ouvia falar sempre nessa tal barrica, mas nunca se deparou com ela. Balbino tinha uma amante numa rua distante da sua e resolveu ir à casa da amante, na noite de sexta-feira, noite que diziam que a tal barrica saia e assombrava muita gente. Pegou uma pistola e encheu de bala e dirigiu-se para a casa da amante. Ele sempre passava por outra rua, que era mais perto, mas resolveu passar pelo Beco da Barrica. Quando ele se aproximou do beco, ouviu o barulho da barrica e sacou da arma e esperou que ela se aproximasse dele. A barrica sempre, quando via uma pessoa, se dirigia a ela para que essa corresse assombrada. Enganou-se, pois o ex-jagunço, Balbino já estava preparado, sacou da arma e deu dois tiros certeiros na barrica. Quando o tiro acertou no alvo, ele escutou um forte grito. O ex-jagunço Balbino correu para saber quem era a criatura. Ele estava com uma lanterna na mão e focou na barrica e viu um homem saindo dela todo lavado de sangue. Ele se aproximou cautelosamente e conheceu quem era. Era um homem casado por nome de Faustino, pai de família, pescador e seu vizinho. Ele segurou Faustino e levou-o para casa de um farmacêutico para fazer o curativo naquele seu vizinho cheio de astúcia. A sua sorte é que a bala acertou nas nádegas e saiu sem nenhuma gravidade. O farmacêutico deu uns pontos, dez o curativo e perguntou:
-Andou brigando trocando tiro com alguém, Faustino?
-Não. Não foi briga nenhum.
-E o que foi então?
-Invenção minha. Loucura de gente que não tem juízo.
-Como assim?
-O senhor já ouviu falar numa tal barrica que saia à meia noite de sexta-feira assombrando gente?
-Já sim. Mas, você não vai me dizer que foi essa barrica que lhe fez esse estrago!
-Não. Foi esse meu amigo, o Baldino que atirou em mim.
-Mas você brigou com ele?
-Não senhor. Eu era o cara da barrica que assombrei muita gente, mas com ele foi diferente.
-Então, Fausto era você?! Só rindo, só rindo mesmo. E agora, acabou-se com a misteriosa barrica, não é senhor Fausto?
-Serviu-me de lição. Ele não tem nenhum culpa por ter atirado em mim. Em mim não, na barrica.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

PARECE UMA HISTÓRIA INFANTIL.


PARECE UMA HISTÓRIA INFANTIL. 
 MAS É UMA CLÁSSICA TEOLOGIA.
 Texto escrito por Honorato Ribeiro dos Santos.
 
Um grupo de sábios sacerdotes escreveu o livro dos Gênesis, pois os hebreus estavam exilados como escravos na Babilônia. Como escravos não tinham liberdade de praticar a sua religião monoteísta e nem adorar o único Deus criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Não havia descanso nenhum nem para louvar o seu Deus Javé. Foi, nesse período de escravidão, que começou a escrever esse livro cheio de simbologia, de metáforas, com a finalidade de preservar a sua cultura religiosa, a sua fé em Deus, deixada pelos patriarcas a partir de Noé e Abraão. O povo hebreu era o único povo monoteísta, por isso se tornou o povo eleito de Deus.
O relator desse livro dos Gênesis escreve a história do passado, do presente e do futuro. Do passado ele começa a escrever o que Já se havia criado e retoma para o presente toda obra da criação. Nada é novidade para os seus olhos, pois tudo já havia sido criado e estava diante de seus olhos. O mais interessante é que ele afirma que tudo é obra de Deus e tudo que ele criou é bom e perfeito. Não há maniqueísmo nenhum. Tudo é belo e perfeito. No passado ele vê que o homem foi criado por Deus e era bom e perfeito; era feliz e vivia no Paraíso e estava Deus à sua presença. Mas, diante de seus olhos, ele via que esse homem deixou de ser perfeito e bom. O homem se tornou um rebelde, egoísta e pecador. Foi assim que ele escreveu e procurou a causa de onde veio o erro, o pecado original etiologicamente. Por causa desse pecado original atraiu outros pecados de ofensa maior a Deus: o pecado mortal. Nascendo o pecado capital criado pelo próprio homem, veio, então, a morte. –A morte é a paga do pecado - . Não diz o autor que pecado cometeu, mas afirma que toda humanidade herdou dos primeiros viventes o pecado original e a morte. Buscando esclarecer o erro cometido no Paraíso ele escreve uma mitologia numa visão cheia de simbolismo, metáforas, para justificar de onde nasceu o pecado. Assim ele narra o que ele está vendo:
No primeiro dia da criação ele relata: “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”... Este foi o primeiro dia... Veja que para o autor nada é novidade, pois os seus olhos estavam vendo tudo já criado. Aí ele escreve uma teologia-etiologia cheia de mitos e simbologias. Continua ele descrevendo: “Deus disse: “Faça o firmamento entre as águas e separe ele uma das outras”... Foi o segundo dia... Já havia o firmamento, portanto não há novidade nenhuma perante os seus olhos. Deus disse: “Que as águas que estão abaixo dos céus se juntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido”... Foi o terceiro dia. Deus disse: “Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos; e resplandeça no firmamento dos céus para iluminar a terra”.... Foi o quarto dia... Deus disse: “Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus”.... Foi o quinto dia. Até o momento nada há de novidade para o relator dessa história porque os seus olhos estavam acostumados a veem as aves, peixes e a chuva cair do céu. Deus disse: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança.”... Foi o sexto dia... [Gen 1, 1-31]. Aqui ele afirma a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, pois o verbo está no plural: “Façamos”. Homem é toda a humanidade masculina e feminina. Aqui nesse relato se esconde um sincronismo da presença do filho que será o novo Adão.
Não há novidade nenhuma nesse relato, pois o autor faz uma analogia do que está vendo. O mais importante desse relato é que ele afirma que é Deus o criador de tudo. E tudo ele afirma que Deus viu que era bom. Ao afirmar essa verdade que tudo é bom o que Deus criou, ele relata que o que não é bom é culpa do homem que quis ser maior do que o seu criador. Quis caminhar e passar do limite; andar com suas próprias pernas, dependente sem a ajuda de Deus. E não é assim que vive o homem até hoje? Nada é novidade o que ele escreveu. Tudo estava perante os seus olhos e aos nossos também. Aqui ele cria uma mitologia: Adão, Eva, cobra... [Continue na próxima página]...
Quando Deus fez o homem trouxe os animais de várias espécies para o homem dar-lhes o nome e se lhe agradava para seu desejo. O homem deu o nome a todos, mas nenhum lhe agradou. Então ele fez a mulher. Quando o homem acordou e viu a mulher a seu lado disse: “Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem. Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne. Aqui, nesse relato, nasceu o matrimônio conjugal do homem e a mulher. Nesse relato há alguma novidade? Não é assim a sociedade formada de uma família? Veja que nesse relato ele afirma que Deus chamou todos os animais para que o homem desse o nome a cada um deles. E não é verdade que tudo que existe, na criação: animais, vegetais, minerais, nomes de todos os planetas e o que há em outras galáxias foi o próprio homem que deu o nome em tudo? O tempo cronometrado, dia, noite, ano, tudo foi criado pelo homem. Nada nesse relato é novidade, pois ele escreve o que já tem conhecimento da história e da geografia; da matemática e da ciência. Só que os números são simbólicos e não são números matemáticos e nem aferíveis, bem como as personagens. Para Deus, não há cronometragem e nem tempo, pois ele está fora do tempo, porque ele não teve princípio e nem terá fim.
Veja a criação de mitos para ser transformados em verdade: No sexto dia Deus fez o homem à sua semelhança, isto é, perfeito e bom. O erro veio depois de o homem usar o livre arbítrio e querer ser mais de que seu Criador. Aqui, o autor faz uma redação mitológica de serpente, da árvore da vida e outras que dá fruto bom e mau. Tudo é simbólico e metafórico para dizer como nasceu o pecado. Mas ele não diz que pecado foi. Só sabe que toda a humanidade é pecadora.
Explicando a mitologia da serpente, esta era adorada pelos povos politeístas como a deusa. E o relator afirma que essa deusa é má e sedutora. Ela representa todas as consequências do mal que o homem pratica. Todos nós carregamos na nossa consciência essa serpente que nos incomoda a dizer que somos deuses e somos dependentes e Deus é um ciumento. O homem anda até hoje querendo andar com seus próprios pés e divorcia-se de Deus com essa atitude de ouvir a serpente. A simbologia da serpente não enganou a mulher, mas engana até hoje a humanidade. Há várias espécies de serpentes e todas são venenosas, mas o homem adora-a e dela faz-se seu deus e por causa dela há conflitos, guerras, dominações e cada vez mais a torre de “Babel” sobe, mas não se encontra com o seu Criador. Tanto a árvore do bem, do mal e a serpente, a humanidade carrega em si mesma essas imagens. E se tornou escravo delas. Todos têm a tendência de fazer mais o mal do que o bem. Todos nós somos forçados a fazer o mal ou o bem por causa da lei. Nem a Lei de Deus e nem a dos homens é boa para ser cumprida pelo homem. Andamos de muleta, cuja muleta é a lei. Nisso somos escravos da Lei. Vou dar um exemplo: Quem gosta de pagar imposto de renda ou outro qualquer? A de Deus: Quem gosta de amar o seu semelhante e ver nele o próprio Deus? Amai o próximo como a mim mesmo? Perdoar os inimigos? Fazer o bem sem exceção? Tudo isso é difícil para o homem cumprir com amor e não por obrigação. Existe uma lei natural que eu não posso fazer o mal. E quando eu faço a sociedade me cobra e me pune, a justiça me pune. E de Deus eu deixo de receber a sua graça porque O ofendi. Não podemos deixar a muleta: a Lei. Já o justo não precisa de lei. Não anda de muleta.
A história do Gênesis é a nossa própria história. O relator descreve o que já é conhecido há muito tempo: do passado, do presente e do futuro. Nada é novo para ele e nem para nós.  O pecado existe até hoje e perpetua, na política, na família, na sociedade e nas religiões, pois ninguém quer caminhar juntos como irmão, irmã, sendo um só pai: Deus. O Deus trino é uma forma de catequizar e ensinar a unidade entre os homens, mas, na realidade só há um Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, que se encarnou para mostrar a humanidade como deve viver perfeita como aquele que se tornou homem: Jesus Cristo. Ele é o novo Adão, que morreu para destruir a morte da morte causada por Adão, o pecador, que a humanidade herdou. Todos nós devemos ser um novo Adão, um cristo para o outro. Mas tudo sem ideologia, mas com a pureza da alma e a beleza do amor: “A sabedoria”. Pela sabedoria nós recebemos o dom da perfeição: Dom natural e o dom sobrenatural. Não há separação para agradar a Deus se não agir com as duas ações reciprocamente. É assim que age o cristão, a cristã imitando viver como o Cristo Jesus. Aceitar Jesus é viver como ele viveu: amando e perdoando; praticando a justiça e denunciando as injustiças dos injustos: demônios de carne e osso sempre presentes: na política, na sociedade, na família e na igreja como joios. O Adão e a Eva de hoje geram menos Abel e mais Caim; ambos de carne e osso. Aqui, não há mais simbologia, mas a realidade do mundo em que vivemos.  Adão é a humanidade masculina pecadora e Eva a humanidade feminina pecadora. Abel é o cristão que vive como o Cristo; Caim é todos os que praticam o mal: o genocídio, fratricida ontem, hoje e até o fim dos tempos. O mundo está cheio de Caim, não mais um simbolismo, mas real de carne e osso. E poucos são o que se parece com Abel, simbolismo de Jesus Cristo.
 
Hagá Ribeiro.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A MORTE NÃO É NADA.

A MORTE NÃO É NADA.

A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho. Eu sou eu, vocês são vocês, o que quero para vocês, eu continuarei sendo. Vocês vivendo no mundo das criaturas, eu no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim que meu nome seja pronunciado como sempre foi sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou de tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou cortado, porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho... você que aí ficou, siga em frente, a vida continua linda e bela como sempre foi".
[Santo Agostinho].