O PRECONCEITO SOCIAL.
3ª PARTE.
Se o senhor impedi-la de ela não
ir a esse evento eu comunicarei ao meu irmão, seu superior, imediatamente e o
senhor, sargento Araújo, irá embora daqui imediatamente e será punido, pois
essa sua atitude não é de um delegado e sim de um pau mandado.
-Puxa! Eu não sabia, senhor
Samuel, perdoa-me. O senhor sabe como é o interior. Estes políticos têm força;
mandou e eu tinha que cumprir, mas eu vou avisar a ele, e a Suzana poderá ir
tranquilamente assistir ao jogo.
-Pois, dê o recado para esse
senhor quem manda aqui, se é ele ou sou eu. Porque ela irá e ninguém irá
impedi-la.
O sargento saiu e foi avisar o
chefe político, que, quando ouviu, chamou a esposa e deu-lhe o recado negativo.
E a Madame disse para o marido: Então, meu querido esposo, chefe do poder, você
vai avisar aos jogadores que não irá mais haver o jogo. Mande suspender
imediatamente, pois não podemos ser desafiados. Quero vê-la ir. O marido deu ordem
para o sargento suspender o jogo; e não houve mais o campeonato E, desde então,
acabou-se, tanto o campeonato como a desistências dos jogadores. O time faliu.
Mas a Madame não satisfeita,
quando viu Suzana passeando no jardim da Praça da Matriz com sua irmã, ela
mandou todas as moças e jovens saírem do jardim e passear na rua ao lado
afastado do passeio do jardim e sua ordem foi cumprida. Era noite de domingo e
o jardim estava repleto de moças e rapazes. Foi o maior absurdo que eu já vira
em toda a minha vida. Preconceito social!? Machismo!? Nem um, nem outro, mas
desrespeito à dignidade da pessoa humana. Graças a Deus que nunca mais houve e
não haverá uma baixaria dessa em nossa terra. Mas registro, aqui, como era a nossa
Carinhanha do passado: rico é rico; pobre é pobre; elite é elite e pé rapado é
pé rapado, prostituta é prostituta, não tem voz e nem vez e nem vida digna de
um ser humano. Carnaval de rico, no Clube Recreativo – somente os músicos eram
de classe pobre – e o carnaval dos pobres na Liga Operária era de arrombar e o
entusiasmo era grande.
Mas a sorte de Suzana estava para
chegar e chegou. Um jovem jornalista, poeta e professor, filho dessa terra,
muito inteligente, quando chegou aqui, vindo do Rio de Janeiro, e botou os
olhos em Suzana, ficou louco de amor. Fez poesias, pois, era um excelente poeta
de versos madrigais e fez seresta, acompanhado com o violonista Zé de Patrício,
amigo, companheiro de infância, cantando noites altas à sua janela e enviava
cartas e mais cartas até que “Davi” derrotou o gigante Golias. O apaixonado “Romeu”
Casou-se com sua amada “Julieta” – Suzana -, e dela tiveram filhos e filhas e
vivem bem apaixonados um ao outro até hoje.
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