AMAI O PRÓXIMO COMO A TI MESMO.
Texto de Honorato Ribeiro.
O evangelho de Mateus afirma que
um dos fariseus perguntou a Jesus: “Mestre,
qual é o maior mandamento da lei?” Respondeu Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma e de
todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo,
semelhante a este, é: amarás teu próximo
como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda lei e os profetas”.
(Mt 22, 36-40).
Que texto difícil para uma
análise sem fundamentalismo! Portanto,
tentarei entender fazendo a minha exegese e interpretando a resposta de Jesus
num sentido teológico e mais obviamente. Primeira resposta da questão em pauta
está no final: “Nesses dois
mandamentos se resumem toda lei e os profetas”. Jesus simplifica e junta o Antigo Testamento
e o Novo Testamento numa só lei: a Nova Aliança que Ele fez com o Pai à toda
humanidade. Tudo agora é Novo. É Moderno, é o progresso numa evolução e
transformação do homem novo com a Boa Nova ensinada por Ele, que nós lemos nos
Santos. Evangelhos. Ele, Jesus, o novo Moisés que veio libertar a humanidade
com essa nova pedagogia do Ágape. É o próprio Deus, o Amor, que é vida em tudo e em todos. É o Cosmo, é o
Universo, a Eternidade.
Como podemos amar com o coração,
a alma e espírito a alguém que nós não conhecemos e nem nunca vimos? Quem é
Deus? Quem já viu Deus? Como é a sua forma? O seu corpo? Deus tem corpo como
nós? Diz o Catecismo: “Deus é
espírito perfeitíssimo Criador do céu e da terra e todas as coisas visíveis e
invisíveis”. Mas como podemos amar um espírito, que é invisível? Para
nós terrestres é fácil amar o que a gente vê, toca, e convive, mas o que não
pode ver é muito difícil amar.
Sendo difícil amar quem não vê,
Jesus nos dá um bom exemplo para cada um de nós como devemos amar a Deus sobre
todas as coisas com o coração a alma e espírito. Disse Jesus: “Quem me vê, vê o Pai, porque. Eu e o Pai somos um só”.
Bem, os apóstolos, discípulos e o povo que conviveu com Jesus, nos anos
vinte de nossa era, viu a Jesus. Vendo-O, viu Deus. E nós, hoje, vemos com os
olhos da alma espiritual. Pela a história sabemos que existiu um homem perfeito
que se chamou Jesus Cristo. Embora nós saibamos um décimo de sua história.
Também, os exegetas, os teólogos e os historiadores que estudam a cristologia
provam a existência de Jesus Cristo bem como as suas obras e os seus
ensinamentos e seus milagres.
Aí já entra uma mística com a
força da crença com base na fé. A fé nós não podemos provar cientificamente.
Mas ela existe em cada um de nós. Quer sejamos cristãos ou que sejam outros
religiosos de outras religiões.
Jesus afirma que, para amar a
Deus terá que amar o próximo como a nós mesmos. Mas se eu amar a mim mesmo não
sou uma pessoa egocêntrica?
Uma pessoa individualista e
egoísta? Como posso eu me amar? Se eu me amo, sou apenas um ser terrestre. Um
ser desse mundo. Eu cuido de mim, de meus problemas, da minha saúde da minha
educação. Cuido do meu corpo. Estou envolvido num mundo consumista apenas. Como
posso entender esse amai o próximo como a mim mesmo? Só posso entender, quando
eu me entregar de corpo e alma espiritual ao outro. Sentir a dor do outro.
Entender os valores dos outros. Vê Deus nos outros e em todas as coisas criadas
por Ele. Quer as visíveis quer as invisíveis. Só vou entender essa teologia, se
eu compreender que não sou da “Cidade
Terrestre e sim da Cidade Celeste, como afirma Santo Agostinho”. E ter
consciência com a experiência do Cristo que doou a sua vida pela causa da
humanidade. Eu sou uma parte da essência de Deus. Faço parte do corpo de Deus.
Aí compreendo que estou fazendo parte da Mística do criador. Por essa razão eu,
para amar a Deus sobre todas as coisas, devo amar o próximo, pois ele é a
imagem de Deus assim como eu o sou. Aí está a unidade dos valores do Ágape.
Compreendo que a Trindade é o Uno, O absoluto. O amor não tem fronteiras. Ele é
a presença de Deus Onipresente em cada criatura e em cada átomo. Em toda a
ecologia está a presença de Deus. E tudo é sagrado. E quem é o próximo? É todo
aquele que convive comigo, na comunidade onde moro, principalmente os
excluídos. Com mais profundezas da alma é toda a humanidade, principalmente os
nossos irmãos e irmãs da América Latina e da África, que são os mais sofridos e
se parecem mais com a Paixão de Jesus Cristo. O amor ao próximo é mais
evidente, mais óbvio na caridade: “Eu
estava com fome e me destes de comer...”
Aqui está a minha visão dessas
palavras no evangelho de Mateus, que Cristo afirmou ao doutor da lei qual era o
maior mandamento. Esta é a minha compreensão e a minha exegese que faço ao ler
essa passagem no evangelho de Mateus. Não é fácil ver Jesus num marginal, num
mendigo, num preso, num doente, num despido ou esfarrapado, num sem teto,
enfim, num excluído. Eis o amor que Jesus nos ensinou a nos amar uns aos outros
sem exceção. O amor ÁGAPE.
FIM 29/06/12. Dia dos apóstolos Pedro e Paulo.