PASSADO E
FUTURO E PRESENTE.
Minha biografia.
Quando meu
pai faleceu, eu tinha apenas 12 anos de idade. Eu era o caçulo dos cinco
irmãos. Tive de esforçar-me, a fim de que eu não saísse à rua a mendigar o pão
de cada dia. Comecei a fabricar carro de
boi em miniatura e avião de barriguda coberto com papel de alumínio e parecia o
avião da Varig. E os garotos entusiasmados corriam atrás de mim para ver a
minha arte. Com 14 anos eu já pertencia a orquestra da Liga Operária Beneficente
de Carinhanha tocando cavaquinho. Nesta organização social, sempre havia dramas
e eu, pela primeira vez, subi ao palco e cantei uma canção muito bonita e
triste; com o título: Jornal da Noite. Fui muito aplaudido pela plateia. Descobri
que eu tinha o dom de cantor e de músico. Passei a tocar banjo e depois requinta
e clarinete na filarmônica, cujo regente era o Mestre Jacó. Logo criaram o Clube
Cultural Recreativo Dois de Julho e me convidaram para eu ser o regente.
Aceitei, mas formei os músicos sendo meus alunos. Depois eu criei com Juracy
Pinto era o locutor do Programa de Calouro, qual a Buzina do Chacrinha, havia o
gongo. Havia prêmio quem tirasse em primeiro lugar, ofertado pelas lojas.
Depois eu passei a tocar o sax alto. Foi chamado para tocar num casamento de
gente rica em Manga-MG e fui. Toquei a valsa do casamento daquele casal e à
noite o baile. Anos depois fui chamado para tocar na festa de posse de Antônio
Montalvão em Manga-MG. Toquei com o famoso João Moreira, pistonista. Depois de
casado eu fui morar em BH e cheguei a cantar por 4 vezes na Rádio Guarany de
BH. As cidades ribeirinhas pegaram-me cantando através do rádio e Carinhanha
assistiu pelo rádio eu cantando. Tornei-me famoso, mas nunca exibi em sendo o
que era e que sou até hoje. Hoje sou professor de música e de teologia, mas
sempre como autodidata. Nunca tive diploma nenhum, pois não terminei o ginásio,
quando era na casa da careta.
Voltando ao
passado como rapaz, eu era o maior seresteiro com meu plangente violão. Moitas
moças se encantavam e outras para serem minhas enamoradas, mas eu sempre não quis,
pois todas elas eram de famílias ricas. Houve uma garota de olhos verdes, quando
me via eu vestido de calças de linho passeando pelo jardim, chamava-me e eu ia.
Ela na janela a sorrir alegremente me chamou e disse—me que estava apaixonada
por mim. E que ela me amava e eu não sabia. Eu disse a ela que eu já tinha 18
anos e ela tinha 12, era ainda muito jovem, apenas a gente ficasse sendo
amigos. Mas ela não aceitou e disse-me que o amor não tem o coração por interesse
de ter coisas, ele só sabe amar. Ela é daqui, mas foi embora e não sei onde
mora. De tantas moças apaixonadas por mim, eu fui casar com uma que eu é que
apaixonei por ela e me casei. Ela nunca imaginou se eu iria pedir em casamento,
pois ela era pobre e só tinha a mãe que era pobre vivendo de quitanda e ela nem
conheceu o pai até hoje. E casamos e já completamos 63 anos de casados. Mas
houve uma moça adolescente que eu gostaria de casar com ela. Depois disto eu
compus um bolero com o título: MISTERIOSO AMOR.