segunda-feira, 20 de julho de 2015

A JOVEM MARIANA SUICIDOU-SE.



O AMOR DE MARIANA.
Conto de Honorato Ribeiro dos Santos.

O capitão Rômulo Dias, fazendeiro bastante rico, proprietário de muitas terras, casado com Joana Dias, tiveram vários filhos, os quais lhe obedeciam. Os filhos estavam sempre na labuta junto do pai, mas moravam todos na cidade. De quando em quando eles sempre iam à fazenda ajudar o pai. O casal tinha três filhas, todas bonitas e bem prendadas. A sua educação, como sempre era dos coronéis, rígida, principalmente para com as filhas. O sim era sim, e não era não, todos teriam de lhe obedecer. A mais bonita entre as três era a caçula que tinha o nome de Mariana. O povo da cidade gostava bastante dela por ser muito educada e sempre sorridente e alegre para com todos. Dia em que saiu a passeio pela rua da pequena cidade, Mariana se encontrou com um rapaz e olhando bem para ele ficou enamorada e caidinha por ele. Ele era de família média e se chamava Antônio José. O encontro foi maravilhoso para Mariana que apaixonou por aquele rapaz. O namora à escondidas foi crescendo o amor um para com o outro. Mariana sabia que seu pai era durão e se um dia descobrisse esse namoro iria proibir. Mas ela estava mesmo apaixonada e sonhava um dia se casar com Antônio José. Entretanto, havia um obstáculo muito grande em se realizar o casamento. Conhecia bem seu pai, e, se ele não fosse com a cara do jovem, Antônio José, claro, daria a dura sentença de desmanchar imediatamente o namoro dela ao jovem, seu “Romeu”. Mas ela estava decidida de enfrentar o sim ou o não do capitão, seu pai. Decidida e com coragem de um amor ardente que tinha pelo rapaz, chamou seu pai e disse-lhe:
-Pai, eu estou namorando Antônio José e ele quer casar comigo. Estamos apaixonados e decidimos a casar com o seu consentimento.
-Quem é este rapaz, Mariana?
-É Antônio José e o senhor o conhece e a sua família.
-Ora, ora, Mariana! Você é jovem, bonita e não sabe escolher. Você não conhece esse rapaz.
-Conheço, pai, ele é muito bom e educado e me ama.
-Não, Mariana, você acha que o conhece, mas não sabe quem o é. Portanto, já vou lhe dizendo para você terminar esse namoro imediatamente.
-Mas meu pai, ele gosta de mim e eu dele?
-Mas já dei minha palavra que não aceito e você terá de me obedecer. Não adianta mais falar nesse assunto comigo. Termine e ponto final.
Mariana se encolheu no quarto a chorar e a se lamentar com a resposta dura de seu pai. Ela sabia que o não dele era definidamente. Não adiantava mais falar com ele. O velho era durão. Mas Ela resolveu à escondidas se encontrar com Antônio José. Foi passando os dias, meses até que o pai, o capitão Rômulo, descobriu. As coisas mudaram para pior e o pai dela levou Mariana para a fazenda para que ela não encontrasse mais com o namorado. Mariana não dormia e sonhava com seu belo amado. Estava apaixonada pelo rapaz. Não tinha mais alegria e ficou taciturna durante a estada naquela fazenda. Mas, quando a mocinha de dezoito anos se apaixona, não há obstáculo para impedir o seu coração de amar e a cabeça deixar de pensar um segundo sequer. Mas um dia ela levantou cedo, escovou os dentes, tomou café e resolveu enfrentar seu pai. Ele estava deitado na rede e ela disse-lhe:
-Pai, leva-me para a cidade, pois não aguento mais viver sem ver Antônio José.
-Já lhe disse que eu não quero esse namoro com aquele rapaz, Mariana, e você insiste?
-Mas eu o amor, meu pai, e estou sofrendo porque quero me casar com ele.
-Mas eu já decidi que não aceito; por isso eu lhe trouxe para cá, a fim de que você pudesse se esquecer desse rapaz.
-Mas não consigo, pai, e o senhor não entende, quando um coração apaixona por alguém! Estou sofrendo, não durmo, não tenho apetite e nem alegria.
-Mas com o tempo você irá esquecê-lo.
-Não vou, não, pai, não vou mesmo. Sem ele não adianta eu viver.
-Não discuta comigo.
-É esta a sua última decisão, pai?
-É e não quero mais ouvir você falar nesse rapaz. Vá para o quarto e me deixe em paz.
Mariana se recolheu e ficou chorando. As horas foram passando, até chegou meio dia. Hora do almoço. O pai foi lhe chamar para almoçar e encontro seu corpo gelado estendido no chão. Mariana tinha bebido veneno e se suicidou. Morreu ainda jovem pelo grande amor que tivera para com seu amado Antônio José.
A lancha chegou ao porto com o corpo da jovem e toda a cidade chorou com a perda daquela jovem querida por todos. Porque seu pai não a compreendeu o grande amor que ela tinha para com o jovem Antônio José. Foi sepultada no cemitério local, mas o povo jamais se esqueceu da bela Mariana. Nem mesmo eu que a conheci, por isso conto esta triste história da linda Mariana.
FIM.

domingo, 19 de julho de 2015

A JOVEM SUZANA.



O PRECONCEITO SOCIAL
4ª Parte.
Calou-se a hipócrita sociedade, bem como a madame e seu marido fantoche que obedecia as arrogâncias de sua esposa; colocou-se a boca na “botija” e as dos machistas também. Todos, hoje, têm Suzana como uma senhora de bem, honrada e bem casada; conservou a sua beleza ao lado do seu esposo e filhos. Casaram-se e vivem muito bem. Ela não perdeu a beleza de que tivera em tempos idos de sua juventude. Não importa o passado, mas o presente sem queixumes do pretérito. O porvir dela foi mais elegante e mais glorioso. Quem a ver hoje, confirmará o que estou falando. E quando vir o seu retrato em tempo de jovem de 18 anos dirá: Puxa! Como Suzana era linda! Era linda demais! Mesmo assim, com a idade que tem hoje, ainda conserva essa beleza natural sem salão de beleza! Conserva desde tempos idos! Seu sorriso é sempre o mesmo e suas “gaitadas” gostosas bem saudáveis! Quem a conheceu em tempos de moça qual uma miss, dirá puxa, não mudou quase nada em relação à sua beleza e o seu sorriso natural em tempos de sua juventude! Vivem hoje como “Romeu e Julieta e seu passado feneceu. São felizes e cheios de paz. Essa é uma história triste e alegre com a quebra do preconceito e do Machismo que existia aqui. O tempo mudou e a sociedade hoje vive a transformação. Não há mais cabaré e nem Rua do Cantinho; prostíbulo e salões de dança na Rua do “Brega” ou “Meu Cantinho”. Hoje é uma linda Praça do Relógio com um enorme palco para shows e festivais como o Canta Vale.
Quem ler essa história e achar que parece com a sua, é pura coincidência.
[Do livro PRINCESA SANFRANCISCANA de Honorato Ribeiro dos Santos].
FIM.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

A JOVEM SUZANA.




O PRECONCEITO SOCIAL.
3ª PARTE.

Se o senhor impedi-la de ela não ir a esse evento eu comunicarei ao meu irmão, seu superior, imediatamente e o senhor, sargento Araújo, irá embora daqui imediatamente e será punido, pois essa sua atitude não é de um delegado e sim de um pau mandado.
-Puxa! Eu não sabia, senhor Samuel, perdoa-me. O senhor sabe como é o interior. Estes políticos têm força; mandou e eu tinha que cumprir, mas eu vou avisar a ele, e a Suzana poderá ir tranquilamente assistir ao jogo.
-Pois, dê o recado para esse senhor quem manda aqui, se é ele ou sou eu. Porque ela irá e ninguém irá impedi-la.
O sargento saiu e foi avisar o chefe político, que, quando ouviu, chamou a esposa e deu-lhe o recado negativo. E a Madame disse para o marido: Então, meu querido esposo, chefe do poder, você vai avisar aos jogadores que não irá mais haver o jogo. Mande suspender imediatamente, pois não podemos ser desafiados. Quero vê-la ir. O marido deu ordem para o sargento suspender o jogo; e não houve mais o campeonato E, desde então, acabou-se, tanto o campeonato como a desistências dos jogadores. O time faliu.
Mas a Madame não satisfeita, quando viu Suzana passeando no jardim da Praça da Matriz com sua irmã, ela mandou todas as moças e jovens saírem do jardim e passear na rua ao lado afastado do passeio do jardim e sua ordem foi cumprida. Era noite de domingo e o jardim estava repleto de moças e rapazes. Foi o maior absurdo que eu já vira em toda a minha vida. Preconceito social!? Machismo!? Nem um, nem outro, mas desrespeito à dignidade da pessoa humana. Graças a Deus que nunca mais houve e não haverá uma baixaria dessa em nossa terra. Mas registro, aqui, como era a nossa Carinhanha do passado: rico é rico; pobre é pobre; elite é elite e pé rapado é pé rapado, prostituta é prostituta, não tem voz e nem vez e nem vida digna de um ser humano. Carnaval de rico, no Clube Recreativo – somente os músicos eram de classe pobre – e o carnaval dos pobres na Liga Operária era de arrombar e o entusiasmo era grande.
Mas a sorte de Suzana estava para chegar e chegou. Um jovem jornalista, poeta e professor, filho dessa terra, muito inteligente, quando chegou aqui, vindo do Rio de Janeiro, e botou os olhos em Suzana, ficou louco de amor. Fez poesias, pois, era um excelente poeta de versos madrigais e fez seresta, acompanhado com o violonista Zé de Patrício, amigo, companheiro de infância, cantando noites altas à sua janela e enviava cartas e mais cartas até que “Davi” derrotou o gigante Golias. O apaixonado “Romeu” Casou-se com sua amada “Julieta” – Suzana -, e dela tiveram filhos e filhas e vivem bem apaixonados um ao outro até hoje.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

A JOVEM SUZANA.



O PRECONCEITO SOCIAL
2ª PARTE.

Viajava constantemente de avião com ela para a cidade mineira, Belo Horizonte e outros lugares encantados. Parecia os dois amantes do romance de Willian Shakespeare, Romeu e Julieta. Mas é como disse a narração do evangelho de João: O filho pródigo, tal qual aconteceu: Dinheiro foi acabando, foi vendendo avião e mais outro, carro e ficou pobre até do seu grande amor Suzana. Suzana, que mantinha a sua beleza impecável, voltou à casa dos pais, à sua terra natal. Assim que chegou, os comentários se alardearam de boca em boca. As festas dançantes ela era barrada. O preconceito social era tão grande que, quando ela saia à rua com sua irmã, as janelas se abriam e apareciam nelas os olhares curiosos e a “matraca” a soar, como se fosse a da semana santa nas mãos de dona “Aniceta.” Sofreu humilhações atrozes dos próprios conterrâneos. E a pior eu vou narrar: Domingo ia haver uma partida de jogo de voleibol em disputa de campeonato e toda a família carinhanhense iria. Então a mulher dum político muito forte soube que a Suzana iria assistir ao jogo com sua irmã. Então ela falou com o esposo para impedir a Suzana de ela não ir àquele evento esportivo. Então o marido mandou chamar o sargento Araújo, cujo sargento era o delegado. Ele atendeu ao chamado e foi. Chegando lá, foi recebido e o político disse-lhe: Mandei lhe chamar, porque hoje à tarde vai haver um jogo de voleibol e toda a família irá. Mas você irá impedir a prostituta Suzana para que ela não vá a esse evento familiar. Vá à casa dela e avise para ela não ir. E se ela teimar ou desobedecer as suas ordens, pode prendê-la. O sargento saiu imediatamente sem saber em que balaio de gato ele estaria entrando. Chegando lá, bateu palmas e ela foi atender. Ao chegar perante aquele homem de farda ela disse: Que deseja?
-Eu sou o tenente Araújo e delegado desta cidade. É que irá haver o jogo à tarde e você está proibida de ir. Se caso me desobedecer será presa imediatamente. Estou lhe avisando.
Quando Samuel, padrasto da Suzana, ouviu tal desaforo do tenente saiu aos berros e disse-lhe: Pois ela vai, sargento. Quem é o senhor para impedi-la! Ela irá comigo e minha família, tenente. Sabe quem sou eu, sargento?
-Não e nem quero saber.
-Pois vai saber agora quem sou.  O senhor conhece o coronel Arnaldo Samuel em Salvador?
-Sim, ele é o meu chefe.
-E ele, seu chefe, é meu irmão, sargento. Sargento, eu lhe afirmo com toda certeza que ela irá e o senhor não irá impedi-la. Nem você e nem quem lhe mandou têm autoridade de impedi-la para não ir à esse jogo. Ela irá e avise o seu chefe, que ela irá, ele não tem autoridade para impedi-la.

A JOVEM SUZANA.





 O preconceito social a  SUZANA.
1ª PARTE.
Havia, aqui, em Carinhanha, uma jovem de família rica, a moça mais linda que havia na cidade. Quando se realizava uma peça teatral, ela sendo uma atriz, fazia parte e gostava de cantar. Tinha uma voz muito linda e era ritmada. Ela tinha cinco irmãs e um irmão. Era a prenda da família; seu pai era telegrafista. Quando ela saia a passear com a irmã caçula, também muito bonita, se vestia elegantemente; os olhos dos jovens se encantavam pela beleza natural da donzela. As festas da elite ela frequentava e todos os jovens queriam dançar com ela. Além de bonita, dançava divinamente bem.
Chegou aqui a Companhia do Décimo Distrito, hoje Codevasf, para a construção do cais e o aeroporto. Muitos operários, mestre de obras e um engenheiro. Esse era galã e conquistador das mocinhas. Mas a mais linda era a jovem Suzana. - Mas não era a do livro do profeta Daniel -. Essa era carinhanhense. Esse engenheiro deu pra o lado dela para conquistá-la. Jovem ainda adolescente caiu na armadilha do conquistador, que já era casado. Suzana caiu nas más línguas do povo, que nunca perdoou tal comportamento. Ela era sempre respeitada e adorada por sua beleza natural, mas de comportamento infantil, ficou enamorada do cujo sedutor. Como as línguas ferviam em comentários, até que um dia o seu irmão descobriu a verdade e saiu armado para pegá-los em flagrante, mas eles fugiram de avião para outras plagas. Passou anos sem dar notícia aos pais. Tempos passados, veio um pouco tardio, que o dito engenheiro sedutor havia abandonado nas ruas das amarguras. Sofreu, pois, foi preciso viver em prostíbulo para poder manter-se a sua beleza e a sua vida econômica. Apareceu um anjo da guarda, engenheiro rábula, muito rico, e a convidou para viver com ela. Suzana, perante tal situação de vida desregrada, aceitou a nova aventura sem pensar nas desventuras, mas arriscou novamente. Ele tinha aviões e era rico, mas extravagante qual o “filho pródigo”.(Aguarde a continuação).