O VERDADEIRO BRAÇO DIREITO DO FAMOSO LEMPEÃO E MARIA BONITA
MOROU AQUI EM CARINHANHA.
Por Honorato Ribeiro.
O Deca Boca Rica, como é conhecido por todos nós
carinhanhense, meu amigo de muitos anos, trouxe-me aqui, um jornalista, a fim
de que ele soubesse sobre os coronéis daqui e se eu conheci o cangaceiro por
nome de CURISCO, cabra valente de Lampião. Eu lhe afirmei que conheci e muitas
vezes eu ia lá conversar com ele sobre quem foi Lampião e Maria Bonita. E ele
me narrou tudo e até o porquê, que o Lampião se transformou em um homem
revoltado com seus jagunços. O famoso Curisco morou aqui à Rua Dois de Julho,
numa casa de calçada alta, portas e janelas, tendo o formato de ogiva, feitas
de madeira bem trabalhada. Esta casa de propriedade do senhor Virgílio
Oliveira, conhecido por Virgilinho, é um dos patrimônios históricos da cidade
de Carinhanha. Mas o nome de batismo do Curisco era Benedito, não sei o sobrenome
dele, mas o povo o chamava de Benedito Bacurau. A sua profissão era sapateiro e
era um homem calmo e nem parecia ser ele cangaceiro famoso de lampião. Faleceu aqui
e foi sepultado, talvez fosse sepultado no
Cemitério da Saudade ou no Cemitério Nossa Senhora Santana, no Bairro da Colina.
Eu tinha um jornal com o título de A VOZ DO POVO. Eu era o proprietário deste
jornal, o redator. Funcionou por dez anos e saia aos domingos. Deixei por
questão de ameaça até pelo telefone, muitas vezes vinham aqui à minha casa com
ameaças, pois, como se sabe, o jornalista não guarda segredo nem fatos
verídicos que acontece na cidade. O jornalista
é um homem preparado psicologicamente e tem amor por notícias em foco. Quem tiver
seu segredo que não conte à frente do jornalista ou perto dele, pois no outro
dia sairá a reportagem da notícia de quem falou. Um dia eu fui chamado pelo
prefeito por uma notícia que eu escrevi sobre um funcionário da prefeitura, que
usava o carro dela para negociar. Uma notícia forte e deu manchete de alarde. O
prefeito era meu amigo e eu era funcionário da prefeitura. Quase que eu perco o
cargo que tinha. Mas, como eu não anunciei mentira, era verdade a minha
notícia, acabou o funcionário não mais usar o carro para fazer o seu negócio
clandestino. Jornalista é assim, não guarda segredo, não tem medo de anunciar a
verdade, e doa a quem doer. Quem não quiser que saia seu nome na imprensa, que
viva corretamente ao seu posto de executivo ou de legislativo ou como cidadão
de bem, viver honestamente. Deixei de ser jornalista, porque as ameaças eram
fortes e muito frequente. Mas eu que fui sempre um homem pacífico e nunca
briguei com ninguém, deixei de ser-me jornalista e segui sendo escritor de livros
e de poesia de cordel. Já escrevi 35 livros e editados por boas livrarias e
editoras como a Editora Baraúna da cidade de São Paulo.
HAGARIBEIRO.