domingo, 24 de outubro de 2010

DEPOIS DA MORTE DEVOLVEU OS BENS.






DEPOIS DA MORTE DEVOLVEU OS BENS.
(Do livro: História contadas por dona Gertrudes)
Por Honorato Ribeiro.



Houve em todo o Brasil uma fome arrasadora e muita gente morreu. Muita gente para não morrer de fome partiu a procura de trabalho. Muitos sertanejos saiam a cavalo, a maioria a pé, pois o transporte, naquela época, era muito difícil, na maioria viajava a pé. Viajavam para o Sul, Sudeste e norte em busca de vida melhor.
Havia um fazendeiro muito rico e de coração bondoso que mandava matar gado de sua fazenda para dar de comer os viajantes que passavam a pé famintos. Todos os dias passava muita gente e ele dava comida quem chegasse com fome. Era fartura. Muita fartura e ele não negava a ninguém.
Um dia, quando já havia dado muita comida a muitos que por ali passavam, depois de meio dia, chegou um homem cansado com sede e faminto e lhe pediu um prato de comida. Ele estava descansando na sua rede, não sei o que deu nele, zangado disse ao faminto:
Ah! Vai se danar com tanta gente a pedir comida! Não tem comida aqui pra ninguém mais não. Depois do desabafo deitou-se na rede e agarrou-se no sono. Quando foi mais tarde ele é acordado por um de seus empregados que lhe disse:
-Patrão, aquele homem que o senhor negou dar comida para ele, eis que nós o encontramos morto ali no curral.
-Não é possível! Meu Deus, o que eu fiz?! Vou dar-lhe um enterro digno.
Mandou fazer um caixão, comprou roupas, mandou fazer mortalha, capela e fez um enterro de gente rica. No outro dia enterram o homem. Todos os dias continuava a passar gente pedindo por comida e ele não a negava. Todos foram  dormir, mas, de manhã bem cedo, ele, o fazendeiro acordou e abriu a porta da varanda e encontrou toda roupa, a mortalha que ele tinha mandado fazer para o homem que morreu de fome. Ele ficou espantado e desenrolou as vestimentas e dentro estava um bilhete escrito:
“O que eu queria não me foi dado, devolvo-lhe o que não serve mais para mim.”

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

MINHA CRUZ É MUITO PESADA.







MINHA CRUZ É MUITO PESADA.
Do livro Histórias contadas por dona Gertrudes,
Por Honorato Ribeiro dos Santos.                          



Seu Antônio vivia se lamentando sobre a sua vida. Ele achava que tinha nascido sem sorte, pois tudo que ele realizava não dava certo. Achava que todo mundo tinha uma cruz para carregar, mas a sua era a mais pesada de todas. Era sem sorte até de sair da miséria. Fazia tudo para sair da situação em que se encontrava e não conseguia. Sofria o mal do pessimismo e já não tinha ânimo para nada. Até que achava que Deus tinha se esquecido dele. Então saiu vagando à toa para achar uma solução. Caminhou até encontrou com um velho. Conversou com o velho e contou a ele a sorte que não tinha e que a cruz dele era mais pesada do que a dos outros. O velho não concordou com ele e afirmou que a dele, em ralação às outras, era a  mais leve. Começou a conversa e seu Antônio não concordava com o velho. Então o velho disse a ele:
-Acompanha-me e eu lhe levarei a um lugar que vou provar que sua cruz é bem leve e que têm outras mais pesadas do que a sua.
Quero que o senhor me leve e me mostre, pois, só acreditarei quando eu vir com meus próprios olhos.

Seguiram um longo caminho até que chegou num casarão. O velho abriu a porta e disse para seu Antônio: Aí estão as cruzes de todo mundo. Jogue a sua no meio delas e escolha a mais leve para você. Ele jogou e começou a escolher a cruz mais leve que a dele. Escolheu, escolheu, até que pegou  numa e disse para o velho:
-Eu sabia que a minha cruz era a mais pesada! Aqui está a mais leve e vou levá-la. Somente assim eu serei o homem mais feliz. Pegou e pô-la nos ombros e ia se retirando. O velho disse-lhe:
-Você reparou a cruz que vai levando? Dê uma olhadinha e repare que cruz é esta.
Ele olhou e respondeu para o velho:
-Não pode ser!.. É a minha cruz que eu andava lamentando que fosse a mais pesada!?
-Pois é, seu Antônio. Carregue a sua cruz e não reclame, pois há cruz mais pesada do que a sua.

Assim somos todos nós com as cruzes do dia-a-dia. É preciso saber carregá-la sem reclamar.

sábado, 9 de outubro de 2010

A COMADRE MORTE


A COMADRE MORTE.
Do livro histórias contadas por dona Gertrudes.
Por Honorato Ribeiro dos Santos.

João tinha uma família muito grande, dez filhos, mas não tinha uma profissão sequer para viver melhor. Era tão pobre, que, quando um filho nascia, não achava ninguém para batizar. Todos recusavam de ser compadre e comadre dele. Era um homem bom, mas a miséria invadiu sua vida deixando à margem da sociedade.
Um dia ele levantou e se ajoelhou e disse: Meu Deus! Por que as pessoas não me têm como gente a ponto de recusar batizar os meus filhos?! Se a morte quiser batizar meus filhos eu darei com muita alegria e serei seu compadre. Quando ele acabou de fazer a jura, a morte se apresentou a ele e disse-lhe:
-Estou aqui com muito prazer e batizarei seu filho, pois ninguém gosta de mim. Todos me odeiam e foge de mim. Você foi o único a me valorizar.
-Pois bem. Batize um dos meus filhos e tornemo-los amigos.
De hoje em diante você sairá da miséria e se transformará num homem famoso e rico. Far-lhe-ei um acordo com você. É o seguinte acordo: Você será um curador. Quando houver uma pessoa doente você irá curá-la. Quando você entrar no quarto do enfermo e me ver sentada aos pés da cama pode fazer sua garrafada de remédio e dá ao doente que ele ficará bom. Porém, quando você entrar num quarto e eu estiver sentada na cabeceira da cama, pode falar com a família que esta pessoa não tem mais cura. E assim foi feito o acordo entre seu João e a comadre Morte.

Seu João tornou-se famoso e rico, pois tratava e curava todos os tipos de doença. A sua casa era cheia de gente o convidando para assistir os doentes, pois, quando ele entrava no quarto do doente sempre a comadre estava sentada aos pés da cama.

Quando foi um dia, apareceu-lhe a esposa de um homem rico cujo marido já estava desenganado dos médicos, para que ele o curasse. Daria muito dinheiro se ele conseguisse tratá-lo. Seu João aceitou. Mas quando entrou no quarto do homem rico a comadre estava sentado à cabeceira da cama. Ele então disse para a família do doente:
-Vamos mudar a posição da cama. Mudaram e ele foi fazer a garrafada, a meizinha de sempre. Quando ele chegava, a comadre estava sentada à cabeceira da cama. Ele mandava mudar a posição da cama sempre quando a comadre se encontrava à cabeceira dela. A sua teimosia era porque iria receber muito dinheiro; dinheiro que ele nunca viu em toda a sua vida. Então se esqueceu do combinado e foi para a mata arrancar raiz para fazer a garrafada. Quando ele estava cavando raiz a comadre se lhe apresentou e disse a ele:
-Compadre, como foi o combinado? Eu não lhe disse que, quando eu estivesse sentada à cabeceira da cama, o senhor diria aos familiares que não tinha mais remédio, não foi?
-É, comadre, mas é muito dinheiro que vou ganhar. A senhora dá um jeitinho...
-Não posso, compadre. O dia dele está chegado.
Mas a senhora poderá dar mais uns anos de vida para ele e eu, além de ganhar muito dinheiro, fico famoso e desafiarei os médicos.
-Compadre, não posso fazer isso. Então, acompanha-me, que eu vou lhe mostrar uma coisa e o senhor ficará sabendo que é impossível, para que ele tenha mais vida.
O João, famoso curador, acompanhou a comadre Morte mata à dentro. Caminharam até que avistaram um casarão. Chegando lá, a comadre abriu a porta e João viu um grande e incomensurável salão cheio de velas acesas. Então a comadre Morte disse a João:
-Olhe, você está vendo estas velas acesas? Cada uma delas representa a vida de cada um na face da terra. Agora eu vou lhe mostrar a do homem rico que você quer tratá-lo.
João viu a vela do homem findando, quase apagando. Então ele perguntou para a comadre:
-E a minha, comadre? Cadê?
-É esta aqui. Está enorme e você vai ter uma vida longa.
-Comadre, a gente pode trocar?
-Trocar como?!
-Pegue a vela dele e põe no lugar da minha, e a minha no lugar da dele.
-Bem, compadre, se você quiser posso trocar.
-Pode trocar, disse João.
A comadre trocou e ele foi fazer a garrafada. Quando ele entrou no quarto encontrou a comadre sentada aos pés da cama. Ele ficou alegre, pois sabia que o homem ficaria curado e ele iria ganhar bastante dinheiro e ficar famoso. Ele deu o remédio e o rico homem ficou curado. Deu bastante dinheiro ao João curador e ele foi se embora para sua casa. Mas, quando chegou lá, se lembrou que tinha trocado a sua vela pela do rico. Ele lembrou assombrado, pois a sua riqueza não iria valer nada, na certa iria morrer. Então ele disse para a sua esposa: Mulher, eu vou pelar o meu cabelo e fazer a minha barba. Quando eu chegar do barbeiro, vou deitar aqui no meio dos meninos. Quando a comadre chegar aqui me procurando, diz a ela que eu fiz uma viagem e não sabe quando voltarei e nem tampouco diz a ela para onde eu fui. Quando ele deitou no meio dos meninos, achando que a comadre não iria lhe reconhecer, se enganou. A comadre chegou e disse à sua esposa:
-Cadê compadre João, comadre?
-Ele fez uma viagem.
-Para onde, comadre?!
-Ele não me disse.
-Ora! O compadre não poderia fazer isso comigo, pois o nosso trato foi hoje e não poderá passar de hoje. Como é que o compadre faz uma desfeita desta comigo?! Olhe, comadre, eu vou entrar e levar um dos meninos no lugar dele. Pois trato é trato...
A Morte entrou e viu os meninos deitados todos juntinhos. Então a morte disse para a comadre:
-Olhe, comadre, como o compadre não está aqui, eu levarei este da cabeça pelada no lugar dele. Mal a Morte o tocou, João deu a alma ao criador.

Dinheiro não compra a morte e nem tampouco o céu.

Honorato Ribeiro dos Santos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ESCRAVIDÃO AINDA EXISTE..


A ESCRAVIDÃO AINDA EXISTE.

Vou transcrever uma triste história da verdadeira escravidão, ainda acontecida em pleno século XX, já no final. Os nomes dos personagens são irreais, inclusive do protagonista que, auxiliado por Deus fugiu livrando-se dos carrascos o matarem, mas ficou calado, pois se tratava de uma grande fazenda de um político muito poderoso. Eu o entrevistei e publiquei em meu livro: A BIOGRAFIA DE CARINHANHA, No Médio São Francisco, Volume 3º, páginas 35, 36 e 37. Leia com atenção.

De vez em quando a gente assiste notícias nos jornais da Globo e outras TVs, que donos de terras enganam trabalhadores com belas vantagens para trabalhar em suas fazendas. A maioria deles são lavradores desempregados. Mas quando chegam à sua fazenda, transformam-nos em regime escravista. As notícias se alastram em jornais com fotos e entrevistas, mas não aparece nenhum coronel na cadeia. Fica sempre em pune.
No ano de 1962, em Minas Gerais, seu Zeca motorista, filho dessa terra baiana, me contou com lágrimas nos olhos, o que aconteceu com ele numa fazenda de um poderoso político. Zeca motorista, grande mecânico, criado e educado por um engenheiro agrônomo, aprendeu ser um verdadeiro cidadão honrado. Zeca fora, desde sua adolescência, muito inteligente e prestativo. Era casado com Júlia tiveram dois filhos: Um homem e uma mulher. Mas como em Carinhanha não houvesse trabalho, saiu para outras plagas, a fim de melhorar de vida. Chegando a Montes Claros, encontrou um gerente de uma fazenda que estava procurando trabalhadores para trabalhar lá na dita fazenda, onde ele era o gerente. Zeca motorista se apresentou com sua carteira de motorista e mostrou ao gerente, perguntando-o se havia trabalho para motorista. O gerente afirmou que sim e foi contratado imediatamente. Havia muito peão com sua família se inscrevendo para o trabalho na dita fazenda. O gerente pedia o documento de cada um, inclusive carteira de trabalho. Terminado as inscrições, todos subiram no pau-de-arara rumo a tal fazenda. Todos ficaram alegres, pois estavam empregados. Zeca motorista era filho de Salvador, (soteropolitano), menino peralta nas ruas e avenidas da cidade do Salvador, capital da Bahia. A sua mãe, com medo de ver o seu filho um dia ser atropelado, deu-o ao Dr Roberto Ribeiro, engenheiro, a fim de criar e educar, como fora realmente. O Dr Roberto Ribeiro veio com a sua família morar aqui em Carinhanha e trouxe o Zeca, já rapazola. Zeca foi enviado para Pirapora para estudar e tirar carteira de motorista e curso de mecânica. Veio e foi empregado na Comissão do Vale do São Francisco por muitos anos aqui em Carinhanha. O Doutor Roberto mudou-se para Belo Horizonte, mas Zeca ficou, pois já era casado. Foi desempregado e por isso foi obrigado a partir para outros lugares em busca de emprego.
O caminhão subia serra e descia serra, cortava areão, buracos e atalhos; era estrada de chão longe do asfalto até chegou à fazenda onde iriam trabalhar. Todos chegaram contentes sem saber o que iria acontecer. Desceram todos do caminhão. Era cerca de cinqüenta trabalhadores. Lá já existiam muitos morando lá em barracos sem conforto nenhum e sem condições de vida digna. Todos se reuniram à frete da casa da fazenda, quando apareceu o dono com voz autoritária de homem prepotente disse-lhes: “Aviso a todos como vai ser a vida de cada um a partir de agora. Prestem atenção: O pagamento só vai receber depois de seis meses; e não quero reclamação de ninguém. Ninguém vai embora daqui e nem tente a fugir. Se alguém tentar fugir iremos atrás e, se for pego, vai apanhar de chicote de cavalo de lá até aqui. E se reagir, morrerá. Para esse trabalho tenho homens que sabem fazer muito bem e são valentes. Portanto, estão todos avisados. Agora, cada um pega as suas coisas e vai para seu barraco. O que precisarem de alimento será comprado no armazém.”
O medo tomou conta de todos e se perguntava uns aos outros: Meu Deus, que absurdo! Ave Maria! Deus nos livre, pois fomos enganados. Mas um dia deram falta de uma família de três filhos menor de idade. Avisaram ao dono da fazenda que imediatamente mandou seus homens armados e com cachorros e se espalharam pela mata à dentro em busca dos fugitivos. Mas os homens voltaram da busca dizendo que não tinham encontrado. Ninguém soube como eles se escaparam. Pois, na mata, além do perigo de os jagunços pegarem, havia também o perigo de onça comê-los e a fazenda era cercada de serra difícil de subir e descer com crianças pequenas. Mas escaparam.
Zeca motorista encontrou um velho que morava ali naquela fazenda já havia bastante anos como escravo. Tornaram-se amigos íntimos. O velho se chamava Sebastião. Era nordestino. Deixou tudo lá no Ceará e, atrás de vida melhor, acabou ali sem poder mais voltar para sua terra e sua família. Ele jamais pensara que ainda existisse escravidão no Brasil. Hoje está muito pior, pois, naquele tempo era escravidão às vistas de todos e da imprensa. Os poetas como Castro Alves, advogados, padres, defendiam a escravidão. Hoje, que vivemos na democracia, tendo rádio e televisão, estamos aqui clandestinamente e não podemos denunciar, porque o homem é rico e poderoso.
Veja, Zeca, bem ali naquele capinzal, existe escondido um cemitério de gente trabalhadora que tentou fugir e acabou sendo morto. Eu já vi coisas absurdas aqui, meu amigo de assombrar qualquer ser humano. Agora eu vou viver aqui nessa prisão clandestina sem poder voltar para meus familiares. Agora, se você tiver coragem de fugir, vou lhe ensinar um jeitinho bom e ninguém vai lhe pegar. Preste bem atenção como é que você irá escapar daqui. Você está vendo aquela estrada de rodagem?  Todo dia, ali, passa um caminhão carregado de madeira indo para Montes Claro. Bem em frente há uma curva; você espera ele passar na curva, aí, você bate a mão para o motorista parar. Diz a ele que você também é motorista. Mostre a ele a sua carteira de motorista. Como os motoristas são unidos ele lhe levará. Tenho certeza. Conte a ele que você foi enganado. Na hora que a sineta bater para o almoço, você pega o seu e entra na mata; fique a espera do caminhão. Ninguém vai dar falta de você um bom tempo. Vai e que Deus lhe proteja.
Zeca fez tudo certinho como o velho tinha lhe orientado. Quando bateu a sineta ele pegou seu prato e dirigiu-se para a mata e sumiu até chegou ao ponto em que ele deveria esperar pelo caminhão. Mal ele chegou ouviu o barulho do caminhão. Era um FORD cheio de madeira. Zeca ficou à beira da estrada e deu sinal ao motorista para parar. O motorista parou e ele mostrou sua carteira pedindo-lhe uma carona; e contou a ele que tinha sido enganado e estava fugindo. O homem olhou para Zeca e disse-lhe: Colega, é um tanto arriscado para mim e você!...Se nos pegar eles acabarão com a gente. Mas... Vamos arriscar. Suba e fique escondido entre as madeiras e vamos embora. Seja lá o que Deus quiser.
Zeca subiu e o caminhão partiu para Montes Claros. O caminhão sobe ladeira, desce ladeira, curvas e mais curvas. Já bem distante, lá em cima da serra, Zeca olha para trás e vê a fazenda. Observou bem e tudo estava em paz. Os capangas e os peões estavam ainda almoçando. Até àquele momento não sabiam que ele estivesse bem longe fugindo num caminhão de transportar madeira. A sorte estava lhe protegendo. E ele ficou mais alegre quando avistou Montes Claros. Minutos depois o caminhão parou e ele desceu, dando um suspiro de alívio e agradecendo a Deus por ter escapado em leso. Como Zeca não tivesse dinheiro, nem mala, somente com a roupa do corpo, lembrou-se que havia ali a COMOSSÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO e seguiu para lá, a fim de pedir socorro aos companheiros, pois ele já forra empregado nela e conhecia amigos. Chegando lá, pediu ao engenheiro, para que o ajudasse com passagem para ele ir a Belo Horizonte, onde morava o Dr Roberto Ribeiro quem lhe criou. O engenheiro era colega de Dr. Roberto Ribeiro e deu-lhe a passagem. Chegando a Belo Horizonte foi se apresentar ao Dr. Roberto Ribeiro e lhe contou tudo sobre a tal fazenda. O Dr. Quando o viu, ficou bastante alegre, pois já havia muitos anos que não tinha notícia dela. Ficou uns dias com seu pai de criação e depois partiu para Carinhanha. Antes de ele ir trabalhar nessa maldita fazenda, ele já havia trabalhado em Mato Grosso, Paraná, mas não teve sucesso. Já havia oito anos que ele tinha deixado a sua família. Quando chegou de vapor, alguém o viu e correu para falar com sua esposa. Esta que acreditava de o marido ter morrido, pois não sabia do seu paradeiro, desmaiou-se com a notícia. Pagaram-na, deram um copo d` água com açúcar e ela voltou a si.
Esta história verídica que ora escrevi, embora triste, mas verdadeira. Ele faleceu, depois de muitos anos trabalhando como funcionário da prefeitura municipal de Carinhanha. Aposentou-se e viveu entre nós até o dia em que Deus o chamou.