BRINCADEIRA DE MAU GOSTO.
Conto:
Honorato Ribeiro dos Santos.
Um amigo contou-me uma história de
oito estudantes de medicina e que começarei a contá-la. Entre os oitos jovens amigos
e estudantes, cujos moravam num apartamento, na capital de seu estado, havia um
que sempre dizia aos colegas que ele não sabia o que era medo. Sempre, quando
conversavam em assunto qualquer de enfrentar perigo ou assombração em noite
escura, ele não acreditava e afirmava que não tinha medo de nada ou alma do
outro mundo. Sempre dizia ser corajoso e não sabia o que seria medo.
Certo dia, ele saiu e deixou a porta
aberta do seu quarto. Um dos colegas, curioso, entrou no quarto e dirigiu-se à
cama, suspendeu o travesseiro e viu um revólver cheio de bala. O curioso correu
e chamou os outros colegas para mostrá-los o revólver. Eles foram, entraram no
quarto, e viram o revólver carregado de balas debaixo do travesseiro. Eles
ficaram espantados e disseram uns para os outros: O nosso colega está mentindo,
pois quem é corajoso não anda armado. Para que este revólver, se todos nós
somos amigos e moramos juntos!? Vamos fazer uma brincadeira com ele para ver a
reação dele, se é mesmo corajoso, disse um deles. E contou a sua idéia. Vamos
tirar as balas do revólver dele e colocar no lugar, balas de festim. Um de nós
veste-se de fantasma. Quando ele for dormir, o fantasma entra no quarto dele
com as balas verdadeiras e diga: Irmão, acorda, eu vim lhe buscar! Com voz
rouca e trêmula. E assim arrendou-se a brincadeira.
Quando todos eles acabaram de jantar,
bateram um papo e cada um entrou no seu quarto para dormir. Mais tarde, um
deles acordou e chamou os outros. Está na hora da brincadeira do fantasma.
Vocês ficam aqui escondidos e eu entro vestido de fantasma. E assim procedeu: O
jovem vestiu-se de fantasma, entrou no quarto e disse: Irmão, acorda, pois eu
vim lhe buscar! Acorda, pois sou alma do outro mundo! O rapaz assustou-se,
ergueu a cabeça e viu aquele fantasma de voz rouca, trêmula todo vestido de
branco. Ele pegou o revolver debaixo do travesseiro, puxou do gatilho e deu o
primeiro tiro. O fantasma disse-lhe: Olha a bala do seu revólver aqui, irmã! E
mostrou a bala verdadeira. Ele descarregou a segunda, terceira e até a última,
e o fantasma mostrava a bala para ele. E, no outro quarto visinho, os outros
morrendo de rir, pois sabiam que as balas eram de festim. Acabando as balas do
seu revólver, e vendo que aquele fantasma não morria, desmaiou-se na cama. O
jovem colega fantasma dirigiu-se para ele e o sacudiu, sacudiu e chamando-lhe,
mas ele não se movia. Ele, o jovem fantasma, chamou os outros colegas e todos
apavorados, nervosos, sacudiram o rapaz, mas ele não atendia o chamado. Cada um
colocou o ouvido no coração dele e estava sem bater. O medo tomou conta de cada
um e resolveram chamar o médico. O médico chegou, examinou o jovem e
disse-lhes: Está morto. Parece-me que ele levou um grande susto e não aguentou.
O que aconteceu aqui? Houve alguma coisa que o assustasse? E todos amarelos,
trêmulos e afirmaram: Não sabemos... Estávamos todos dormindo... E... Fomos
acordá-lo para estudar, sempre a gente estuda mais tarde, e o encontramos assim
desacordado.
Esta história que acabei de narrar,
aconteceu de fato, mas ficou em sigilo até os dias de hoje sem as autoridades
saberem, nem a família do jovem. Se houver uma história semelhante a esta é
pura coincidência.