sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O REINO DOS CÉUS É JESUS.

O REINO DE DEUS É JESUS.
Texto de Honorato Ribeiro.

Jesus ensinou em parábola, a fim de que os que O escutassem, colocassem a mente para raciocinar e descobrir a incógnita. Jesus explicava para os discípulos e apóstolos o que Ele falava em parábola. Ao povo e aos doutores da Lei, fariseus e escribas, Jesus não explicava o que Ele estava falando em parábola; como até hoje, nós, os leigos não entendemos e queremos entendê-las ao pé da letra.
Vou citar as parábolas que estão no evangelho de Mateus: “PARÁBOLAS DO REINO”. O semeador, o joio, o fermento, o grão de mostarda, o tesouro, a pérola e a rede, parábola do servo cruel, Parábola dos operários da vinha, parábola dos dois filhos, parábola dos lavradores homicidas, Parábola da festa das bodas, a parábola das dez virgens, parábola dos talentos todas elas Jesus começa falando: “O Reino dos céus é semelhante”:...(...). Quando Ele não fala no começo, afirmando que o reino dos céus é semelhante a, no final se vê que a conclusão é exatamente o que é o REINO DOS CÉUS. E o que é reino dos céus? É o próprio Jesus. Ele é o Reino dos Céus, a comunicação de Deus aos homens, é a PALAVRA que liberta-nos da escravidão do sistema econômico e político que são um jugo pesado aos consumidores e a massa operária. Ele nos trouxe o Projeto do Pai e nos ensinou a viver nesse reino, pois o Novo Adão é Ele, que aceitou vir nascer como um ser humano, vivendo e sentindo tudo que o ser humano possa sentir: sofrer, padecer e morrer, mas optou para a árvore do bem, embora tendo a do bem e a do mal, mas não soubera pecar. Fizera a vontade do Pai. Sendo Ele o Reino dos Céus, deu-nos esse Reino para que nós pudéssemos viver como Ele viveu: Em obediência ao Pai: “Seja feita a vossa vontade” como rezamos no Pai Nosso. Ele afirmou-nos: “O Reino dos céus está dentro de vós”. Cada cristão tem dentro de si O REINO DOS CÉUS, que é o próprio Jesus. São Paulo afirma: “Já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim”. Ele exortava os cristãos de sua época: “Seja meus imitadores como o sou de Cristo”. Ele não exortava ninguém afirmando: Sejam imitadores somente de Cristo. Porque ele, Paulo, vivendo igual a Cristo e, sabendo que o Reino dos Céus estava dentro de si mesmo, que era Jesus, portanto, o imitando estaria imitando a Jesus.
Hoje o REINO DOS CÉUS está sendo expulso das escolas, da educação e dos lares não autênticos. Não há mais ensinamento religioso ou a mensagem do Cristo nas escolas. E é exatamente ao ser expulso, que ninguém entende ninguém, não há respeito ao outro. A ética e a moral estão desaparecendo: Professor sendo agredido, morto nas escolas por alunos; pai sendo morto por seu filho por causa da herança – o filho pródigo – não se arrepende e não volta à casa do pai. Há pai, também, que estupra a filha, o marido bate na esposa e até mesmo assassina. Nos lares faltam nascer o REINO DE DEUS. No Congresso não se fala mais o nome de Deus, mas polêmicas e corrupção. E se falar, é um Deus de sua ideologia política criada em suas mentes corruptíveis. Não é o DEUS ensinado por Jesus. As leis são legisladas para que eles se enriqueçam com um salário absurdo, dinheiro que é os impostos do povo que não é respeitado; enquanto os trabalhadores são desrespeitados nos seus direitos de viverem dignamente como seres humanos. Ninguém vive dignamente com o salário mínimo: VEGETAM. Então, onde está o REINO DOS CÉUS? Todos se preocupam com a política econômica, mas sucateiam a cultura e a educação: faz de conta que ensinam, faz de conta que aprendem. É essa a realidade de hoje, nessa terra que foi chamada de VERA CRUZ, pois, sem a mensagem do Mestre dos mestres essa Nação não é viável e nem soberana: Poucos ricos têm de tudo; muitos não têm para sobreviver.
Aqui está a fonte da compreensão e dos ensinamentos Cristológicos do Mestre dos mestres, Jesus Cristo, que se fez homem, viveu como homem e, ressuscitando, destruiu a morte pela sua ressurreição Ressuscitando deu-nos nova vida ressuscitando-nos para vivermos eternamente no REINO DOS CÉUS.

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Meus contos ecológicos.


MEUS CONTOS ECOLÓGICOS.

Honorato Ribeiro dos Santos.

O João de Barro.

Quem ensinou João de Barro conhecer previsão do tempo? Eu posso até afirmar e confirmar que foi o mesmo que lhe ensinou a construir a casa. São todas iguais as casas do João de Barro. Ele é socialista, talvez seja comunista com as mesmas ideias de Carls Marx. Sabe por quê? Suas casas têm o mesmo formato...
O João de Barro quando prevê que o período da chuva bate o vento do poente, ele faz a sua casa com a boca virada para o nascente. Ele avisa a todos e todos lhe obedecem. Ninguém protesta. São todos unidos. O mais importante da sua arte e arquitetura é que nem o tempo, chuva, vendavais não destroem a sua construção. A árvore poderá ser arrancada pelo vento, mas a sua casa, não. João de Barro faz me lembrar de Oscar Neymaier. Veja a sua arquitetura em Brasília: Todos os prédios são iguais em formato arquitetônico. João de Barro para mim é comunista ou socialista. As idéias são parecidas até em seu canto: todos cantam a mesma melodia onomatopaica e a mesma filosofia de vida. João de Barro é o maior engenheiro ecológico que conheço. A sua casa para ser resistente não precisa de cimento, vergalhão, alvenaria, cal... É puro barro. Não precisa de papel para desenhar sua casa – planta – colher, nível, régua, prumo...
Dizem que ele é muito ciumento com a fêmea, pois, quando ele cisma, coloca-a presa na casa e constrói a porta com o próprio barro e a deixa presa até morrer. Pode sê-lo malvado, mas é um grande arquiteto. O homem, com sua vaidade e egoísmo, quando encontra uma casa de João de Barro, arranca-a e leva-a para enfeite de sua casa. João de Barro se quiser morar, que faça outra casa. E ele faz do mesmo jeito e da mesma resistência e arquitetura.

O BEM-TE-VI.

Sabe quem gosta bastante de bem-te-vi? É o vaqueiro Sabino. Sabino fica horas a fio olhando o bem-te-vi sobre o dorso do seu cavalo catando carrapatos. Caminha placidamente no lombo do cavalo até a cabeça e cata um por um carrapato que se cuide. O bem-te-vi olha e vê as orelhas do animal quadrúpede cheias de carrapatos e ele almoça satisfeito. Mas quem fica mais satisfeito é Sabino, pois não precisa comprar carrapaticida para acabar com os carrapatos do seu cavalo. Seu amigo bem-te-vi é bem melhor do que a droga química vendida aos criadores de gado. Quem gosta também é o cavalo de Sabino. Ele acha que bem-te-vi é carinhoso. Cada bicada do bem-te-vi é um carinho gostoso; bem melhor do que comer capim.
Que lindo é o canto do bem-te-vi! Ele canta chamando o seu próprio nome. Todos repetem a mesma melodia. Como eles são unidos até no cantar! Todos cantam a mesma melodia e comem carrapatos ainda fazem carinho coçando o animal. Mas quando surge o gavião para o atacar ele faz piruetas no ar, ziguezagues escapando do gavião e Sabino que vê a malandragem e a esperteza do bem-te-vi  “passando mel na boca do gavião” e Sabino, satisfeito rir à beça.
Gavião faz parte do ecossistema, pois ele come serpente que come rã, e jia. Mas bem-te-vi como insetos nocivos que atacam a lavoura e animais. Mas o vaqueiro Sabino, que não sabe ler, sem querer e sem saber usa agrotóxico que mata animais nocivos à lavoura, mas pode, também, matar os bem-te-vis.
Para mim o bem-te-vi estudou música de Pixinguinha ou de Altamiro Carrilho, pois tem gosto suave e melodioso de um chorinho bem brasileiro. Não é à toa que gravaram “Bem-te-vi Atrevido” que é um choro acompanhado por violão de sete cordas, cavaquinho, pandeiro, solado por flautista como Altamiro Carrilho. Os poetas amam a natureza; os compositores também. Todos são ecológicos e compõem músicas populares e eruditas com nome de pássaros como: Tico-tico no Fubá, choro alegreto... “Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho”... Que coisa linda! Assum Preto, Asa Branca, pois, cada um com seu canto onomatopaico cantam e alegra a floresta que é seu habitat.

SAPO CURURU.

Uma casinha de taipa com cobertura de palhas de coqueiro, à beira do Velho Chico, ao lado um gigante pé de jatobá, morava um pescador solitário, apelidado por Caçote. Ele era aleijado e suas pernas eram cruzadas uma a outra como se ajeita para assentas-se ao chão. Andava com as mãos servindo-lhes de pés e o seu tronco suspenso a balançar com o movimento do andar com uma habilidade incrível. Trabalhava como pescador. Mergulhava e nadava bem. Conhecia bem o rio da Unidade Nacional e vivia da pesca. Sua vida era sentado no piloto de sua canoa a pescar de anzol. Pescava de caceia noite e dia. O seu tronco era de uma figura forte. Quando estava sentado ninguém percebia que ele era aleijado. Eu o conheci e me lembro dele.
À noite, céu estrelado, lua clara mostrava o grande tapete natural dormia placidamente o Velho Chico; enquanto a sua canoa deslizava serenamente; e os sapos, batráquios cantadores repetiam-se harmoniosamente o dobrado em fá maior, onomatopaico, que rasgava noite adentro, numa sinfonia de Beethoven como numa sonata em fá maior....
Mas o guru, maestro cururu regia com naturalidade como quem conhece bem partitura de cor com sua batuta regia os outros anuros. Começou a peça com o contrabaixo, depois, suavemente soaram o violoncelo, a marcação, o barítono, os pistões, o bombo, a caixa e os demais instrumentos que se compõem a orquestra de câmara são ouvido pelo pescador Caçote todas as noites de pescaria. O prato soa forte, quando sai do “andantino” pelo forte som de presságio da coruja, ave noturna. Os sapinhos com sua flauta, pistão, clarinete completa toda a harmonia, ora piano, ora pianíssimo; ora forte, ora fortíssimo com a entrada dos grilos que enchiam em tons diversos a completar, oficialmente a sonata da noite.
Caçote que é homem batizado e sacramentado, talvez trouxesse o nome de Francisco, e não fora conhecido por Chico pescador, mas Caçote. Lá estava sentado no piloto de sua canoa descendo rio a baixo a puxar a linha pra lá e pra cá a espera de o peixe fisgar escutando a melodia onomatopéica em concerto sinfônico e não tinha sono. De olhos arregalados para a planície das águas do Velho Chico; pacientemente esperava a hora certa para fisgar o peixe. Ele conhece bem o timbre de voz de cada batráquio. Olha para o céu estrelado, encanta-se com a lua qual um poeta, e sorrir contente. Ele ouve a voz do socó boi, que da moita entoa a sua harmonia noturna.
A barra do dia vai chegando e o céu se torna avermelhado. Naquele momento ele sente o puxavão forte e puxa a corda e sente que fisgou um grande peixe, quase lhe arrancando o braço: é um enorme surubim. Caçote, com habilidade de sempre, vai cansando o peixe até dominar por completo e retira d`água e coloca em sua canoa. Volta pra sua casa com sua riqueza, pois o surubim é de dez palmos; vai dar bom dinheiro vendendo aos moradores de Carinhanha.
Gaivotas, mergulhões e outras aves ribeirinhas voam livres cantando e dando seus voos rasantes quase beijando o Velho Chico. Caçote sabe que tem de descansar, pois não dormiu à noite, mas recorda de ter ouvida a sinfonia noturna com a batuta do maestro sapo cururu. A única coisa que Caçote aprendeu foi agradecer a Deus por ter o dom de saber pescar, em sendo aleijado, mas se sente sadio e não tem inveja de alguns sem aleijo não saber fazer o que ele faz: nadar, mergulhar, remar e pescar.


ASSUM PRETO.

As musas inspiram os vates nordestinos que gritam e bradam fortemente à defesa do bem comum e da ecologia; e buscam em seus versos madrigais e épicos e fazem a sua prosopopéia do sertão nordestino, onde o sol queima e a chuva escassa e o lavrador sua suor de rios; e com mãos postas aos céus reza rogando a Deus proteção.
Os poetas versejam e convidam os compositores para musicarem os seus versos, a fim de conscientizar o povo, cujo povo depreda a natureza, Luiz Gonzaga, o Rei do baião e Humberto Teixeira, que em seus versos contam a depredação ecológica da mãe natureza. É com esses versos que a gente conhece a maldade humana a chegar ao pico mais desumano ao furar os olhos do assum preto, para que ele cante melhor. Ele não canta, chora de dor e se sente injustiçado, indefeso, numa gaiola tirando-lhe a sua liberdade de voar e de cantar com seus olhos perfeitos. Ele chora, lamenta, clama por justiça e pergunta: “Que crime cometi para prender-me nessa maldita gaiola? Que crime cometi para furar o meus olhos? Quão maldade chegou o homem para cometer um crime me transformando num cego forçado a cantar para agradar o seu egoísmo?! Acham até bonito eu cantar por ter os meus olhos furados! Mas eu não canto, choro.”
A jumenta de Balaão, também lamentou a maldade daquele profeta, O profeta entendeu e não mais maltratou a sua jumenta.
Um dia, alguém que tivera pena de mim e abriu a gaiola e me soltou. Mas eu não soubera voar. Voar para onde? Bem dizia Carlos Drumonnd: “E agora, José? Você quer morrer, mas não morre”. Eu quero voar, mas não vôo. “Você, José, quer ir para Minas, mas não existe Minas”... Mas, eu, Carlos Drumonnd, estou cego. Não vejo, não vejo a luz do sol e nem meu habitat; não vejo as estrelas lá no céu! Até as árvores que eu pousava e fazia o meu ninho, não as vejo mais. Dizem que não existem mais... Tudo virou carvão! Desejei, agora, Carlos Drumonnd,  ter os olhos de José para eu, “com a chave na mão abrir a porta”. A minha existe, Carlos Drumonnd, só que eu não a vejo, mas José a vê só não tem o direito de abri-la e entrar e se agasalhar. A culpa não é de Luiz Gonzaga e nem de Humberto Teixeira. Luiz Gonzaga fez sucesso com sua sanfona branca cantando e contando que furaram os meus olhos. Só que ninguém pode me socorrer e eu voltar a enxergar. Fizeram injustiça com José!? José que é semelhança de Deus! Eu não sou humano. Se fizeram com um humano, quiçá continuarão fazer comigo! O homem tem que se conscientizar para respeitar os direitos dos outros a viver em paz. Deixar que a natureza seja um presente que Deus lhe deu e tem que ser preservada com amor e carinho. Carlos Drumonnd, por que você não fez um verso pra mim? Pobre de mim, assum preto! Você ficou respeitado e se eternizou. Possa ser que meus irmãos não fiquem cegos para poder cantar e agradar o egoísmo do homem fera, que fere sem razão. Eu, assum preto, sou um cego sem razão de sê-lo pela maldade humana. Cante, Luiz Gonzaga seu CD; cante assum preto; o Brasil todo gosta dessa canção triste.





O URUBU.

Todo urubu nasce branco. Mas ele não mata seu filho, pois não tem preconceito social; não tem preconceito à sua raça negra. Todo urubu é preto e come carniça. Mas todo urubu sente-se feliz de ser carniceiro. Ele sobe à grande altitude para de longe enxergar quem morreu para ele comer; é seu almoço. Ele é funcionário público da limpeza; onde os civilizados cometem poluição do meio ambiente. Os homens antiecológicos não gostam de urubu. Até fizeram um choro com o título: “Urubu Malandro”. Mas o urubu não gosta do título e protesta: “Eu não sou malandro. A minha missão é fazer limpeza. Os restos mortais que os homens desprezam o que para mim, é prato delicioso de hotel de Cinco Estrelas. Não tenho o que me queixar. Sou feliz; até que faço parte da história da humanidade e do livro sagrado: A BÍBLIA. Aliás, em se tratando de respeito à vida, eu não faço guerra a ninguém e tampouco mato o meu semelhante para comer. O que eu como é aquilo que é desprezado pelo ser humano. Eu como os restos mortais que o homem matou.”.
“A Mídia anunciou que, lá na índia, onde a fome grassa incomensuravelmente, e não se pode comer carne de vaca, e muitos morrem de fome; muitos não são enterrados e para mim é prato do dia. As revistas fizeram manchetes e eu posei para a foto, quando uma criança chorava de fome. Enquanto ela chorava fraquinha, que mal dava para eu ouvir, eu estava perto dela esperando-a morrer, para que eu pudesse comê-la. E eu a comi. Fiz limpeza, mas o homem não me agradeceu. Fez sensacionalismo jornalístico. Dá muito dinheiro e fama. Quem tem culpa de a sociedade ser desorganizada?! Em toda a terra há abundância, riqueza supérflua e deixa a morrer de fome seus semelhantes. Nós urubus não morremos de fome. Eles dizem que são democráticos e religiosos. Não aprenderam nada do Grande Mestre. São todos hipócritas. Mas, digo eu: Que bom ser hipócrita e sobrar comida pra mim! Sou egoísta? Não. Não o sou. Nasci para comer restos mortais. Sou a limpeza da terra. Não são felizes; eu sou. Estão estressados, encurralados nas suas próprias casas... Pagam segurança e põem cadeados no portão; há câmaras espalhadas por todos os lados, mas morrem. Eu só lamento eu não poder comê-los, pois são enterrados em cemitério. Mas há muitos que são colocados para estudos de anatomia; fazem dissecação no cadáver para estudo cirúrgico.”
“Quando houve o dilúvio, eu estava lá na barca, que Noé fabricou”. Quando as águas começaram a abaixar, Noé me soltou e eu encontrei muitos cadáveres. Foi um prato bom para eu saborear. Esperaram-me e eu não voltei à barca, pois tinha comida de sobra. Mais urubus que houvesse. Mas até hoje ninguém me agradeceu pela limpeza que fiz. Agora, eu não. Agradeço todos os homens por não construírem gaiola para me prender. Sou livre, mas do que eles. Não tenho casa e dizem que sou preguiçoso. Não sou. Para que construir casa para o homem roubar, derribar a árvore, casa e tudo!? Bobo é o João de Barro, que faz sua casa e arrancam para enfeitar a sala de visita. Os homens são assim egoístas e destruidores. A abelha passa meses para fabricar o mel, seu sustento, eles roubam tudo e vendem por bom dinheiro. Deixe-me viver como o sou: urubu carniceiro e fedorento, mas sou feliz.

O AVESTRUZ.

            O homem inventou um instrumento de consumo do lar: O espanador. Ele tem um cabo de madeira torneada, envernizada e composta de penas de avestruz. Mas para ter de fabricar centenas de espanadores terá de ter muitas penas de avestruz. Para se adquirir as penas, terá que caçar avestruz e abatê-la. Não só dá lucro ao vender as penas, mas os ovos e a sua carne. Não importa a depredação ou até mesmo a sua extinção. O mais importante é o bom negócio para ganhar dinheiro. Quem é mercenário pensa e age assim. Não importa o futuro, o presente. É tudo para o mercenário; lucro.
            O avestruz é uma do ecossistema. É a guardiã dos fazendeiros, pois ela se alimenta de serpente. A cascavel pica o gado, matando-o, dando prejuízo aos fazendeiros. Ao se matar o avestruz, multiplica-se as cobras, que picando o homem, mata-o.
            Deixem as cobras se multiplicarem, pois, a peçonha é bom para “Carlos Chagas” , ele gosta bastante de veneno de cobras, principalmente da cascavel. “Se mata a cobra, se cura cobra”; porque se ela picar alguém, aplica-se o soro da própria peçonhenta, e salvará o paciente. Mas se o homem criasse avestruz em suas fazendas, certamente não precisaria criar-se vacina, pois o homem não seria picado pelas víboras.
            Mas preciso inventar alguma coisa para ganhar dinheiro mais fácil, pensam os mercenários. Matam-se os avestruzes e multiplicam-se as víboras. Foi ela, serpente, quem foi ao paraíso endeusar a mulher. (Livro dos Gênesis.) Mas poderá ser esta simbologia um tanto machista, pois, pode ser que a vontade própria do homem, como por exemplo, matar avestruz para tirar as suas penas, para fazer espanador.
            A elite tem a necessidade de ter espanador. Não tem ideia donde veem as penas, mas coloca em jornais: “Precisa-se de empregadas para limpeza do lar”. Chega a empregada e lhe é entregue um espanador. Ela olha encantada ao ver o espanador e começa a limpeza. Ela nem protesta que, para ter aquele espanador em sua mão, foi preciso matar uma avestruz. E os ecologistas protestam. Dão palestra ecológica nos colégios, na tevê, rádio e jornal. Os filhos das madames e dos ricaços leem as notícias e aprendem nos colégios e vão ao zoológico para ver o avestruz. Acham até bonita e gigante e dizem: é a maior entre todas as aves do mundo. Nem pensam que lá em suas casas, têm um lindo espanador de penas de avestruz.
            Aprendem tudo sobre ecologia, mas se esquecem que é preciso agir e protestar contra os depredadores. São arquivos mortos, ambulantes e cheios de informações ecológicas, guardados para prescrever com mofo, misturando com pizza, dos políticos sem compromisso com o povo.
Por aqui não há mais avestruz ou ema. Será que foram extintas? Não pode ser!
E agora, como vou fabricar espanadores? Podem fabricar de outra matéria, mas o melhor é feito de penas de avestruz: infelizmente.

O DIÁLOGO.

A mata do nosso imenso Brasil vivia tranquilamente, antes que o homem branco aqui pisasse. Para plantação, abrir estradas, construir cidades, começaram a derribar as árvores. Depois veio o fogão a lenha, a “Maria Fumaça”, as caldeiras a vapor, as siderúrgicas, os móveis... E as matas foram sendo destruídas, na política econômica.
Muitos pensam que os animais e as árvores não se comunicam entre si. Enganam-se, pois as árvores, no silêncio da noite, e no barulho do dia, elas se comunicam umas com as outras. Os santos percebem isso.
Uma bela noite fria e de céu estrelado e lua clara um santo deitou-se para dormir ao pé de um juazeiro e em sua visão ouviu o diálogo do juazeiro com a barriguda, que eram vizinhos um do outro. Começou o diálogo pelo juazeiro que disse:
-“Essa noite, não dormi, barriguda, ouvindo o barulho de motosserra destruindo e matando nossas irmãs árvores”.
-“Eu não. Dormir tranquilamente, embora ouvisse o barulho da motosserra e escutasse o tombo das árvores”.
-“Você tem toda razão, barriguda, pois não serve para carvão. Agora, eu não. Sou prato predileto para a motosserra. Por isso não dormi sabendo que minhas irmãs estavam sendo assassinadas pelos homens feras. Eles preferem derribar as árvores mais velhas e maiores. O que eu tenho medo é exatamente isso: Sou enorme, velha e sirvo para ser queimada nos fornos e transformada em carvão”.
-“Então eu tive sorte de nascer barriguda. Eu cresço exageradamente, mas não sirvo para ser queimada nos fornos. Entretanto, houve muitas barrigudas que foram derribadas para abrir estradas; mas foram poucas. Mas como o ser humano não se conscientizou a preservação da natureza, não estou também isenta de um dia alguém me derribar”.
O santo ouviu todo o diálogo, assustou-se, levantou-se e disse consigo mesmo: “O homem desumanizou-se, delatou de sua mente a sabedoria recebida do criador. Por isso ele não percebe o crime que está cometendo com a humanidade. Ficou cego, surdo e louco. Sua insensatez é muito grande e consciente de que está cometendo um grande crime ecológico. A violência está dentro de si mesmo e ele não percebe. A vida não é vivida harmoniosamente; é dividida em classe política e social e corre dia e noite para fugir da solidão e ninguém tem paz. Tudo está dentro da sua consciência e ele não percebe e busca fora de si a paz e a tranqüilidade. Virou um simples apedeuta e não consegue viver de outra maneira a não ser depredando a natureza.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Por que mataram o padre?


POR QUE MATARAM O PADRE?
Honorato Ribeiro dos Santos.
(Do livro História de Carinhanha às páginas  80 a 87, do mesmo autor).

Num lugar chamado Batalha, município de Bom Jesus da Lapa, morava um rico fazendeiro por nome de Capitão José Pereira. Era muito rico, dono de uma imensa fazenda com muito gado e empregados.
Certo dia chegou à sua fazenda uma senhora trazendo dois filhos. Ela era uma mulher muito rica. Não sabemos a sua procedência, sua família e sua terra natal. O capitão José Pereira sabendo que a mulher era muito rica, induziu-a para que ela comprasse uma fazenda ali, pois, o lugar era de terra fértil e boa para criação de gado e plantação para lavoura. Além disso, ela também poderia comprar escravos, pois tinha onde comprar. A mulher, convencida pela sugestão do capitão, resolveu ficar ali e comprar uma fazenda bem perto a do capitão José Pereira. Fez bom negócio comprando uma fazenda com muito gado. O negócio ia andando muito bem. Muito pasto, boi engordando; muito leite para tomar e fazer requeijão. O negocia ia crescendo cada dia e a mulher, por nome Maria da Conceição, estava feliz.
Certo dia, um de seus escravos veio lhe  contou que estava sumindo muito gado da fazenda dela, mas estava com muito medo de contar para ela quem estava roubando. Ao escutar a noticia do seu vaqueiro, dona Maria ordenou, obrigando-o a dizer quem era o ladrão. Então ele criou coragem e disse-lhe:
-É o capitão Zé Pereira. Mas vou lhe pedir, pelo amor de Deus, que a senhora não vai dizer que fui eu quem falou.
-O capitão Zé Pereira?!
-Sim, minha senhora! É ele mesmo. Eu vi com meus próprios olhos. Não foi uma e duas vezes, não. Várias vezes. Ele e seus empregados.
-Não é possível o que estou ouvindo de você! A acusação é muito forte para acreditar, mas você é um fiel empregado e não iria menti. Mas eu vou falar com ele umas verdades e quero que ele me pague o gado que ele me roubou. Não é porque ele é capitão que não vai ouvir o que tenho de lhe dizer.
Dona Maria, que era muito boa e tinha um coração benevolente, certo dia chegou à sua fazendo um homem aleijado, que tinha o apelido de Retorcido e lhe pediu agasalho e ela o deu. Retorcido ficou morando e recebia todo o carinho e apoio de dona Maria.
Dona Maria Conceição tinha uma vaca de estimação muito bonita. Era costume, determinada hora, a vaca ir comer à porta da casa da fazenda. Um dia a vaca não veio como de costume e sumiu da fazenda. Então o vaqueiro de dona Maria contou para ela, que a festa realizada na fazenda do capitão Zé Pereira tinha sido o banquete da vaca de estimação dela. Por esse motivo a vaca não veio mais comer à frente da porta da fazenda. Ele a roubou e a matou. Então dona Maria criou coragem e se dirigiu à fazenda do capitão Zé Pereira, a fim de dar-lhe uma lição de moral. Chegando lá, entrou sem pedir licença. Todos estavam em volta da grande mesa e o capitão José Pereira estava sentado em uma cadeira de balanço. Ela chegou de supetão, sem medo de lhe dizer a verdade e disse ao capitão:
-Capitão Zé Pereira, eu venho aqui, para lhe dizer que o meu gado que sumiu de minha fazenda misteriosamente há muito tempo, inclusive a minha estimada vaca, sem que eu soubesse quem seria o ladrão, agora eu descobri quem é.
-Não diga, dona Maria! Quem é esse ladrão?!
-Eu apertei o meu vaqueiro, que havia há muito tempo, sabendo quem era o ladrão e estava, por medo me escondendo, afirmou-me que o ladrão é o senhor, capitão. Agora é que compreendi o porquê de tanta questão que o senhor fizera, para que eu comprasse essa fazenda vizinha do senhor. Para me roubar, não foi isso, capitão?
-Não é verdade, dona Maria, isso é uma calúnia contra a minha honrada pessoa!...Esse negro deve está mentindo!... Ele está louco!
Não, capitão, o meu vaqueiro não é mentiroso, pois eu mesma investiguei e comprovei a verdade o que ele me disse. Até logo, capitão José Pereira. Que vergonha, capitão.
O capitão, perante seus empregados ficou envergonhado, mas guardou vingança. Então ele engendrou um plano para acabar com dona Maria. Era capitão e não podia perder a autoridade e a honra perante seus empregados e vizinhanças. Então, o capitão José Pereira mandou um de seus empregados ir à fazenda de dona Maria da Conceição chamar Retorcido, que morava com ela, a fazendeira, pois ele queria conversar com ele. O empregado foi às escondidas e chamou o Retorcido à parte e lhe deu o recado. O Retorcido atendeu ao chamado e foi ver o que o capitão José Pereira queria com ele. Assim que ele chegou o capitão Zé Pereira entrou logo no assunto e disse-lhe:
-“Mandei lhe chamar, Retorcido, para você fazer um serviço para mim”...
-Pode falar, capitão, sou todo ouvido.
-É para você assassinar sua patroa, dona Maria. Ela não poderá mais viver. Tem que matá-la.
-Deus me livre, capitão! Minha senhora não merece isso! Ela é muito boa para mim. É como se fosse minha mãe!...
-Nada disso. Se você não fizer o que estou lhe ordenando, quem irá morrer é você. Agora você escolha: Ou mata a sua senhora ou você morrerá. Escolha. E se você me obedecer assassinando sua senhora, corra pra cá e eu lhe darei agasalho e cobertura.
-É, capitão,... pra gente não morrer...é fazer o que o senhor está mandando, né?!
-Então, mãos à obra. Não perca tempo. Faça o serviço direito e corra pra cá, que você irá ser amparado.
O Retorcido tratou logo de executar o seu plano maldoso. Mas dona Maria da Conceição, por cautela, mudou-se de quarto. Retorcido estava sempre no pé dela para uma oportunidade matá-la. Até que ele descobriu, que dona Maria tinha mudado de quarto de dormir. Então à meia-noite, Retorcido na ponta do pé, bem devagarzinho, sem fazer barulho, entrou no quarto e apunhalou com várias facadas a patroa, que aos gritos pediu socorro. Todos da fazenda acordaram ao escutar os gritos de dona Maria e correram para socorrê-la. Mas chegaram tarde. Ela já havia sido assassinada covardemente por aquele que ela tinha ajudado. Retorcido fugiu para a casa do capitão José Pereira, o mandante do crime. Os empregados da falecida saíram em busca, na escuridão da noite, com fachos acesos em busca do assassino, e descobriram quem foi o criminoso: Retorcido. Mas os empregados, escravos não puderam fazer nada, pois se tratava de um homem poderoso: O capitão José Pereira. Lamentaram a morte da boa patroa e voltaram cheios de tristezas. Só puderam fazer um enterro e rezaram por ela.
Naquele tempo, no rio São Francisco, o transporte era feito pelas barcas de carranca que subiam e desciam levando gente e mercadoria, através dos “motores humanos”, os remeiros. Fortes homens, que com a vara no peito empurravam a barcaça rio à cima e desciam vogando e outro no leme.
Era o ano de 1822, quando a barca do Capitão Antônio Guimarães aportou-se no porto da fazenda do capitão José Pereira. O Capitão Antônio Guimarães levava muitos homens armados com bastante munição. Assim que chegaram, o Capitão Antônio Guimarães enviou um de seus homens, a fim de avisar ao capitão José Pereira, que a sua barca tinha trazido muitas mercadorias para vender e, se ele se interessasse comprar alguma coisa, que fosse ao porto negociar. O Capitão Antônio Guimarães acrescentou: “Olhe bem com muito cuidado, quantas pessoas têm, a posição da casa, quantas janelas, portas, quartos, pois ele iria fazer uma surpresa ao capitão José Pereira.” O negro foi; e entrando na casa, estava o capitão José Pereira com todos os seus empregados ao redor da grande mesa a conversar. Disse o negro:
“Bom dia, capitão José Pereira. O meu patrão mandou lhe dizer que chegou aqui, na barca e trouxe muita mercadoria; ela está cheia de mercadoria para vender. E, se o senhor quiser comprar alguma coisa, que fosse ao porto que ele faz um bom preço para o senhor, pois tem muita coisa boa a venda.”
-Diz a seu patrão que eu agora não posso ir, mas irei amanhã como sem falta lhe fazer uma boa compra.
O negro fez tudo o que o patrão tinha mandado com muita precisão. Voltando, contou ao Capitão Antônio Guimarães tudo detalhadamente e quantos homens havia com o capitão José Pereira. O Capitão Antônio Guimarães ao ouvir a narração do negro, relatando exatamente como ele mandara, aproveitando da boa oportunidade, deu ordem a todos, que pegassem as suas armas, pois ele iria fazer uma grande surpresa ao capitão José Pereira e todos os seus asseclas e o assassino, Retorcido. Quando se aproximaram da casa, o Capitão mandou seus homens cercarem toda casa e ficassem sobre o seu aviso de fazer uma chacina. O capitão entrou até à sala, com a arma em punho e disse para o capitão José Pereira: Capitão José Pereira, considera-se preso. E ninguém se mova, pois a sua casa está toda cercada pelos meus homens e estão todos armados. No mesmo instante, o capitão Antônio Guimarães deu ordem a dois dos seus homens: Peguem seus punhais e matem o aleijado Retorcido. Eles o agarraram e o assassinaram, vingando a morte de dona Maria da Conceição. Em seguida, o capitão Antônio Guimarães mandou fuzilar a todos começando pelo capitão José Pereira, o mandante do crime. Não ficou ninguém para contar a história.
Imediatamente todos embarcaram na grande barca subiram rio à cima para aportarem em Carinhanha. Em Carinhanha morava o Capitão Joaquim Amorim Castro da Gama. Grande fazendeiro e proprietário de muitas terras. Tinha muitos escravos e empregados.
Assim, a notícia correu de boca em boca rio acima até chegou a Carinhanha o massacre que fizeram em Batalha. Mas, como acontece sempre, que as notícias quando chegam, chegam sempre mal contadas e truncadas. Assim houve alarde em toda Vila de Carinhanha: “Vem subindo rio acima uma barca de um tal capitão com muito jagunço, que vem matando todo mundo para roubar... Não escapa ninguém!... É muito perigoso e valente!”... A sua barca está cheia de jagunços armados até os dentes! Uma velha, que criava uma garota por nome de Caetana, quando ouviu a notícia, correu depressa ao sobrado do capitão Joaquim Amorim, a fim de lhe dar a notícia. Disse ela para o capitão:
-Capitão Joaquim Amorim, aí vem subindo uma grande barca dum capitão com muitos jagunços matando o povo para roubar. Previna-se, capitão Amorim!...
O capitão Joaquim Amorim, por precaução, pegou quatro malas cheias de ouro e as colocou sobre dois cavalos enviando-as para sua fazenda do Riacho para a sua segurança. Depois, reuniu todos os escravos, deu-lhes armas e munições e foi ao encontro da tal barca pegá-los de surpresa. Na barca, como passageiro, vinha um padre por nome de  Pe. Nicândido. Todos estavam tranquilamente sem saber o que poderia lhe acontecer. Quando a barca se aproximou de Carinhanha a uns 12 km, os homens do capitão Amorim mandaram fogo cerrado contra os que vinham na barca, e, no tiroteio assassinaram o padre Nicânddo e outros. O capitão Antônio Guimarães Amorim escapou-se com vida e outros empregados, pois estavam também armados e souberam se defender do tiroteio. Trouxeram o corpo do padre Nicândido e enterraram na Igreja Matriz de São José. Até, antes da reforma da igreja, a pedra onde sepultaram o padre a gente via na nave da igreja com inscrição fúnebre: “Aqui jazem os restos mortais do padre Nicândido”.
O padre Nicândido morreu inocente. A causa foi uma notícia inverossímil criada de boca em boca pelo povo. Foram mal informados e acabou-se numa grande tragédia. O capitão Amorim, como acontece nas fofocas políticas, acreditou sem que fizesse uma investigação para saber se seria mesmo verdade. Acreditou numa mentira e acabou matando um inocente, o padre Nicândido, que também não soube da chacina em Batalha. Ele era apenas um passageiro, que no caminho, acredito eu, pegou a barca que vinha para Carinhanha. Esse fato se deu no ano de 1822.
O capitão Joaquim Amorim Castro da Gama era muito rico e predominava toda região até Correntina. A história conta que Angélica de Cerqueira seria a sogra do capitão Amorim. Dona Angélica era muito rica e possuía um grande engenho e muitos escravos. No local, onde hoje é a casa de seu João Porfírio, atrás do antigo cemitério de Correntina, era a instalação do engenho dela.
O capitão Amorim partia de Carinhanha e seguia para Correntina, ficando bastante tempo com dona Angélica. Existe até hoje o alicerce de cal trançado deixando assim à mostra da antiga casa, em Correntina, onde hoje é somente ruína.
Naquele tempo o transporte era em lombo de burro ou cavalo. Seu Lúcio Rodrigues, pai de seu Abílio Rodrigues, certa vez viajando para Goiás, parou na Serra de São Domingos e se encontrou com um negro por nome de Manoel Carinhanha e narrou tudo para ele a história da Batalha e a de Carinhanha com o tiroteio que fizeram contra a barca matando o padre Nicândido e outros.. Ele narrou a seu Lúcio Rodrigues, que o avô dele era um dos homens do capitão Antônio Guimarães o qual escapou com a vida no cerco que fizeram em Carinhanha. Meu avô fugiu, vindo parar aqui, na Serra de São Domingos. Meu pai foi quem me contou toda essa história. Eu era ainda pequeno, mas me lembro bem; não sei contar detalhadamente, mas o que sei estou lhe contando.
Tempos depois, seu Lúcio Rodrigues encontrou-se com um velho por nome de João Cazumbá, que lhe contou a mesma história, que o negro em Serra de São Domingos havia lhe contado.
Na minha pesquisa, que sempre faço para narrar os acontecimentos do passado de Carinhanha, nada encontrei no Cartório e Delegacia esse fato que oro narro. Contudo a história é verídica, pois muitas pessoas escaparam com vidas e são as testemunhas dessa história que oro narro. O capitão Joaquim Amorim Castro da Gama morreu aqui e deixou sua filha Caetana que faleceu, aqui também, e foi sepultada no cemitério da Saudade em 1930, com idade de 115 anos. Essa é uma das provas dos acontecimentos que se aconteceram em Batalha e em Carinhanha.
Há muitas histórias que acontecem e que não foram registradas em cartório, mas vai se perpetuando de boca em boca tradicionalmente. Não deixa de ser verdadeira, pois a história é contada pelo povo e alguém registra outro não. Estou registrando como fato verídico por testemunhas que viveram a tragédia e que guardaram repassando por seus descendentes e chagou até nós.