domingo, 29 de outubro de 2017

O FANTASMA E A MORTE DO ESTUDANTE.



                  BRINCADEIRA DE MAU GOSTO.
                 Conto: Honorato Ribeiro dos Santos.

         Um amigo contou-me uma história de oito estudantes de medicina e que começarei a contá-la. Entre os oitos jovens amigos e estudantes, cujos moravam num apartamento, na capital de seu estado, havia um que sempre dizia aos colegas que ele não sabia o que era medo. Sempre, quando conversavam em assunto qualquer de enfrentar perigo ou assombração em noite escura, ele não acreditava e afirmava que não tinha medo de nada ou alma do outro mundo. Sempre dizia ser corajoso e não sabia o que seria medo.
        Certo dia, ele saiu e deixou a porta aberta do seu quarto. Um dos colegas, curioso, entrou no quarto e dirigiu-se à cama, suspendeu o travesseiro e viu um revólver cheio de bala. O curioso correu e chamou os outros colegas para mostrá-los o revólver. Eles foram, entraram no quarto, e viram o revólver carregado de balas debaixo do travesseiro. Eles ficaram espantados e disseram uns para os outros: O nosso colega está mentindo, pois quem é corajoso não anda armado. Para que este revólver, se todos nós somos amigos e moramos juntos!? Vamos fazer uma brincadeira com ele para ver a reação dele, se é mesmo corajoso, disse um deles. E contou a sua idéia. Vamos tirar as balas do revólver dele e colocar no lugar, balas de festim. Um de nós veste-se de fantasma. Quando ele for dormir, o fantasma entra no quarto dele com as balas verdadeiras e diga: Irmão, acorda, eu vim lhe buscar! Com voz rouca e trêmula. E assim arrendou-se a brincadeira.
        Quando todos eles acabaram de jantar, bateram um papo e cada um entrou no seu quarto para dormir. Mais tarde, um deles acordou e chamou os outros. Está na hora da brincadeira do fantasma. Vocês ficam aqui escondidos e eu entro vestido de fantasma. E assim procedeu: O jovem vestiu-se de fantasma, entrou no quarto e disse: Irmão, acorda, pois eu vim lhe buscar! Acorda, pois sou alma do outro mundo! O rapaz assustou-se, ergueu a cabeça e viu aquele fantasma de voz rouca, trêmula todo vestido de branco. Ele pegou o revolver debaixo do travesseiro, puxou do gatilho e deu o primeiro tiro. O fantasma disse-lhe: Olha a bala do seu revólver aqui, irmã! E mostrou a bala verdadeira. Ele descarregou a segunda, terceira e até a última, e o fantasma mostrava a bala para ele. E, no outro quarto visinho, os outros morrendo de rir, pois sabiam que as balas eram de festim. Acabando as balas do seu revólver, e vendo que aquele fantasma não morria, desmaiou-se na cama. O jovem colega fantasma dirigiu-se para ele e o sacudiu, sacudiu e chamando-lhe, mas ele não se movia. Ele, o jovem fantasma, chamou os outros colegas e todos apavorados, nervosos, sacudiram o rapaz, mas ele não atendia o chamado. Cada um colocou o ouvido no coração dele e estava sem bater. O medo tomou conta de cada um e resolveram chamar o médico. O médico chegou, examinou o jovem e disse-lhes: Está morto. Parece-me que ele levou um grande susto e não aguentou. O que aconteceu aqui? Houve alguma coisa que o assustasse? E todos amarelos, trêmulos e afirmaram: Não sabemos... Estávamos todos dormindo... E... Fomos acordá-lo para estudar, sempre a gente estuda mais tarde, e o encontramos assim desacordado.
        Esta história que acabei de narrar, aconteceu de fato, mas ficou em sigilo até os dias de hoje sem as autoridades saberem, nem a família do jovem. Se houver uma história semelhante a esta é pura coincidência.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O TEMPO



                   EU SOU O TEMPO E IREI DESTRUIR TODOS OS TRONOS.
                   Crônica. Honorato Ribeiro dos Santos.

        Ouvi uma homilia de um presbítero mais ou menos assim: Saiu o Tempo pelo mundo afora a destronar reis e impérios. Tinha todo o poder e força determinativa para acabar com todos os impérios da terra. Começou pela Babilônia do rei poderoso Nabucodonosor.
        O rei e toda a sua corte estavam em festa dum rico banquete, quando chegou um  velho com um bastão na mão e disse ao guarda que queria conversar com o rei. Mas o guarda vendo-o que se tratava de um velho mendigo não o deixou entrar. Mas o velho insistiu-lhe que era muito importante. O guarda, então, foi avisar ao rei que um mendigo queria falar com ele urgentemente. O rei mandou que o velho entrasse. O velho entrou e disse para Nabucodonosor:
-Eu vim para lhe dizer que eu quero a sua coroa, seu cetro, seu trono e seu poder.
-Você!? Um simples mendigo? Quer a minha coroa, meu cetro, meu trono e meu poder!?
-Perfeitamente. Quero tudo que você tem.
-Quem é você, Velho?
-Eu sou o Tempo.
E naquele exato momento tudo desapareceu. Acabou-se o império babilônico e hoje só restam ruínas. O velho partiu para Roma e César Augusto estava em festa com seus ministros, quando o velho chegou e disse-lhe:
-Eu vim buscar a sua coroa, seu cetro, seu trono e seu poder.
-Quem é você, velho?
-Eu sou o Tempo. E tudo virou pó. Acabou-se o império Romano. O velho foi à França e todos os impérios do mundo e destruiu todos.
        Então o velho disse: Vou agora ao Vaticano acabar com o poder papal que é, também, um império e o mais forte. Mas não o é mais do que eu, o Tempo.
Chegando lá, o papa estava celebrando a missa e o velho falou para um cardeal que queria falar urgente com o papa. O cardeal disse que não podia, pois não poderia interromper a celebração. Mas o velho insistiu, insistiu até que o cardeal o levou à mesa da celebração e disse para o papa que aquele velho queria falar com ele. O papa lhe perguntou:
-O que você quer, meu velho?
-Eu quero sua tiara, seu báculo, seu trono, seu papado.
-Quem é você, velho!?
-Eu sou o Tempo.
-E eu sou a eternidade.
Ao falar o papa esta palavra, sendo representante de Jesus Cristo, o Tempo desapareceu para sempre. Mas ele continua tentando destruir de outras maneiras, mas até hoje não o conseguiu, pois o Tempo foi criado pelo homem, e Deus sendo eterno está fora dele. O  Tempo destruiu tudo e destrói, menos o poder de Deus representado pela sua palavra: “O céu e a terra passarão, mas a minha palavra não passará”. Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos.
        Se houver uma história semelhante a esta, será pura coincidência.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

AMOR EXAGERADO AO FILHO.



          O ESQUIZOFRÊNICO E O AFETO EXAGERADO.
 Crônica. Honorato Ribeiro dos Santos.
Dona Maga teve vários filhos. Todos criados e educados na religião católica e na educação escolar. Mas dona Magá dedicou mais um filho de que os demais. Esse filho para ela era tudo na vida dela. Ele não podia fazer nada se não fosse ela que escolhesse o que ele queria. Até mesmo para brincar com os colegas, jogar bola ou brincar de outra coisa, ela não deixava. O garoto cresceu e concluiu a oitava série, mas parou de estudar, pois ele se transformou num garoto fantoche. Começou a falar sozinho, como Chiquinho, que ficou esquizofrênico pela beleza da aeromoça da Varig.
Dei-lhe conselho para que ela o levasse seu filho ao padre André Frans Bèrénos, parapsicólogo e pároco da cidade de Correntina-Ba. Ela o levou. Chegando lá, o padre André recebeu e começou a sessão para a cura psicológica do jovem. Ele sentou-se e a mãe ao lado sentados à mesa e o padre do outro lado sentado de frente aos dois e começou as perguntas ao jovem.
-Como é o seu nome?
-Jailton, respondeu dona Magá, enquanto o jovem sorrindo e esfregando a mão uma na outra entre as pernas.
-Quantos anos você tem?
-Ele tem 22 anos, respondeu dona Maga. E o jovem Jailton com sorriso de sempre e esfregando a mão na outra entre as pernas.
-Você estudou em alguma escola?
-Ele fez a oitava série, respondeu dona Magá.
-Você tem namorada ou joga bola ou pratica alguns esportes?
-Ele não gosta dessas coisas, padre, (pois ela não o deixa) só fica em casa comigo.
Então o padre disse a dona Magá: Eu não posso tratar o seu filho, dona Maga, pois a senhora não o deixa responder as minhas perguntas. É ele o doente ou a senhora? Respondeu dona Maga:
-Mas ele não sabe responder, padre, senão for eu que respondo e escolho o que ele quer... (!...).
-Então eu não posso fazer nada. Está dispensada e lamento muito eu não poder tratá-lo.
Dona Magá veio embora e o jovem Jailton, até hoje, fala consigo mesmo e sorrindo para si mesmo e não fala com ninguém. O exagero da mãe, o afeto exagerado dela para com o filho, que o deixou esquizofrênico até hoje. Não se pode dar afeto ao filho demasiadamente, pois o filho fica dependente e sem autonomia, sem liberdade, apenas um fantoche. O amor de mãe é amor sagrado, que todas devem ter, mas afeto exagerado mata o amor e transforma apenas numa marionete ou um corpo ambulante sem direção. Sabe quantos “não” a criança ouve de seus pais durante a sua infância e até mesmo na adolescência? Bilhões de “nãos” e ficam armazenados no subconsciente e não apagarão jamais. Educação e amor é a liberdade de raciocínio que tem a criança, a grande descobridora daquilo que ele precisa saber, até mesmo se o fogo queima. Quando a criança cai no chão, deixe que ela mesma si levanta e fique em pé. Esta é a independência dela a si proteger e saber viver. Precisa ter cuidado com o filho aos perigos de suas traquinagens. Isso é óbvio. Mas afeto exagerado faz do filho apenas um fantoche ou esquizofrênico.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

SER PROFESSOR



                  TODO PROFESSOR DEVA SER ASSIM.
Crônica por Honorato Ribeiro dos San tos.

Quem é professor sabe bem que ele, numa sala de aula, enfrenta vários alunos, alunas de formações diferentes, culturas diferentes, vidas sociais diferentes, crenças religiosas diferentes e política partidária diferente. E como educar, ensinar, orientar, preparar para enfrentar o mundo de trabalho com mão de obra boa e preparada para uma profissão onde cada um irá optar e depois de formado numa boa faculdade ser servidor do povo? Primeiro deverá o professor ter a sabedoria de um psicólogo, de um filósofo, de um sociólogo e de um teólogo, para que ele conheça um por um de seus alunos e saiba responder as questões levantadas por cada aluno. Claro que existe aluno que gosta de desafiar o professor ou criticá-lo. E muitas vezes enfrentá-lo corpo a corpo. Saber se defender sem machucar o aluno.
Um padre era professor de história geral e estava dando aula da história da humanidade a uma turma do último ano básico. Todos iriam enfrentar o vestibular; cada um faria a sua opção ao terminar o corso básico. Cada um iria estudar numa faculdade ou de medicina ou de engenharia ou outra qualquer. Mas um aluno sabendo que aquele professor de história era um padre, perguntou-lhe: Padre, Deus existe? Respondeu o padre: Existe. E o aluno questionou: Então, mostre-me ele. E todos os alunos riram e disseram: Mostre, padre! Não vai mostrar? E todos riram à beça. Dar aula de religião? Quem e a quem?
Pois é, professor, esse desafio coloca o professor em desequilíbrio psíquico e o nervosismo incontrolável ferve a cabeça, se caso o professor não esteja preparado para responder a questão levantada por aquele aluno. Na verdade ele não queria saber quem é Deus, mas desafiar o professor. É claro que o padre estava preparado e respondeu teologicamente que o aluno ficou vexado e disse: Para, padre, senão eu perco a cabeça. E os alunos, em silêncio absoluto, ficaram pasmos, ao ouvirem tanta sabedoria daquele padre a explica para todos calmamente quem é Deus. Ele, além de padre, era arquiteto e com formação exegética muito boa.
O professor, hoje, deva estar preparado para enfrentar os desafios que virão acontecer, na sala de aula e fora dela. Há aluno que pergunta para tirar sua dúvida, mas há aluno que quer desafiar o professor. Por isso o professor deva estar preparado psicologicamente e eruditamente. Saber responder sem casuísmo, mas claramente.
Um aluno perguntou para o professor como separar sílaba de palavra que não é dígrafo, como por exemplo: adjetivo, advogado, sublinhar... Mas o professor não soube respondê-lo, porque os prefixos eram derivados do latim e ele não sabia, pois não estudou esta matéria. Não é somente ensinar a divisão, é saber o porquê que elas vêm juntas e a origem etimologicamente delas. Ser professor não é somente uma profissão qualquer, mas, sobretudo amar a profissão e saber ensinar com qualidade e perfeição. Ser professor é desafiar a si mesmo, conhecer a si mesmo, e ser professor de si mesmo. Faça de si mesmo um professor sendo uma biblioteca ambulante, a fim de que saiba responder qualquer assunto que lhe perguntarem. O professor é uma pessoa querida da sociedade, quando ele vive para vida intelectual e a sua humildade em sendo simplesmente aluno de todos os alunos; ensinando e aprendendo para ser professor de fato e de ação. O mais difícil ser professor de ensino, é ser professor de si mesmo. Sou professor que o meu verdadeiro nome é PROFESSOR.

domingo, 8 de outubro de 2017

EU ESTOU SOLITÁRIO



                             

O SILÊNCIO SOLITÁRIO.
Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos.
O diálogo, o bate papo, as conversas agradáveis, na sala de visita, na hora do almoço, tudo é silêncio, tudo é individual; ninguém ler mais um bom livro. Ninguém mais escreve nada no preto e branco, ninguém mais sabe escrever bem; a ortografia desapareceu e a nossa amiga gramática jogaram no lixo. Tudo é livre e faz como quer. O regente não usa mais a batuta e tudo sai desafinado sem harmonia, até mesmo no Congresso Nacional a gramática é assassinada. O eu queria uma parte já é praxe até mesmo no STF.
Moro numa casa bastante grande e sempre é cheia de gente que mora comigo. Mas há pessoas que vêm e ficam dois ou três dias aqui. A rotina é a mesma: A solidão vive comigo! Ninguém tem tempo para falar comigo. O celular não deixa. Cada um no seu canto sentado de olhos nele e eu, se caso quiser falar com alguém ligo o computador, entro no facebook e vejo o pontinho verde e eu clico e alguém me atende e nós trocamos ideias e às vezes dando notícia boa. Entretanto, quando vou ao espaço democrático e começo ler de quem aprendeu atrás da escola, eu fico triste e pergunto: Cadê Ruy Barbosa? Cadê Castro Alves? Cadê o padre Antônio Vieira? Mas eles aparecem nas linhas eruditas de amigos que escrevem textos eruditos como: Walter Lopes Frota, Dr José Bonifácio, Drª Norma Lúcia Villares, professor João Nogueira da Cruz, Drª West Lour, o jornalista Flamarion, professora Jô Sampaio e outros que saíram da escola de Ruy Barbosa, eu fico alegre e acaba a minha frustração. Ai de mim se eu lhe corrigir os que não aprenderam a boa ortografia e a boa gramática portuguesa!
Gosto de ouvir alguns parlamentares subirem à tribuna para falar, não a defender as suas siglas partidárias. A esses eu mudo de canal. Como também, mudo de perfil de alguém que assassina o nosso tão lindo português. Mas o que quero falar mesmo é o dominador comum, o dono do dono que lhe escravizou até mesmo de não haver tempo para uma boa reflexão espiritual. De quando em quando vem à minha casa a ministra da eucaristia dar-me comunhão e ele toca forte, mesmo na hora da palavra de Deus.  Tudo para e vai atender. Ai daquele que não atender o dominador de muitos fantoches. Como não uso esse dominador, fico isolado, solitário e ninguém conversa comigo. O que faço? Pego um livro, - este eu ganhei de presente – (A CIDADE DO SOL do autor Khaled Hosseini, que é o autor também de O CAÇADOR DE PIPA) – e começo a ler o novo capítulo. Outra vez eu sento à mesa e começo a escrever choro na partitura para o meu aluno Paulo Vítor; outra, eu sinto saudade de meus amigos: Claudemiro Rocha, Alberto Alves do Nascimento, professor João Nogueira da Cruz, padre Wander Ferreira e pego o meu telefone fixo e ligo para um deles. Mato a saudade! Depois volta a rotina diária.
Mas aqui fico isolado, solitário, pois cada um com o celular no ouvido ou na internet a falar com outrem sem aquele calor humano. Estamos vivendo num mundo do isolamento solitário. Ele é peça boa para quem sabe usá-lo; mas nas penitenciárias, os de dentro mandam nos de fora e vice versa. A pessoa mais feliz é o que não lhe usa e nem sabe o que é mídia. Deita, levanta, toma seu café com cuscus e vai para o seu carpir diário na sua rocinha, que não é aquela que precisa do Exército, mas a rocinha do milho e do feijão para o seu consumo próprio. Estou afirmando que a velhice chegou e o celular tem mais valor do que cuidar e ter cuidado com quem Deus deu as graças de viver até aqui. Não falo do cuidado da alimentação, do respeito, mas do diálogo, do bate papo, da conversa agradável. Isso desapareceu por completo até mesmo dos visitantes. Cada um com o seu celular no seu canto e não sabe o valor que tem uma boa prosa.
Eu tenho uma amiga que desde criança somos. Ela vem aqui e o bate papo é gostoso. Voltamos no tempo; ela rir à beça e conta-me as peraltice que fez durante a infância. Ela é maravilhosa! Os presentes que ela me traz é sempre um livro, e este que estou lendo, foi ela que me ofereceu. Sabe como é o nome dela? Juraci Duque, filha do coronel João Duque e trouxe-me uma linda carta que o pai dela escreveu para Laurentino Afonso de Castro. Que caligrafia! Que talho de Letra! É de invejar aos que não sabem escrever ortograficamente. Quando o Dr José Bonifácio vier me visitar. Eu lho mostrarei esta carta. Sabe quando foi escrita? Em 1932, eu não tinha nascido ainda. Mas fico alegre de os amigos de Memórias de Carinhanha lerem os meus textos e os que se tornaram alunos meus do curso de teologia. São muitos e rogo a Deus para iluminá-los e serem missionário, pois a messe é grande e os operários são poucos. Tenho de mandar um grande abraço ao padre Élio Cunha Castro que está em Milão e de lá vai até Roma e o Vaticano. Boa viagem, amigo!  



sábado, 23 de setembro de 2017

OS ARQUEÓLOGOS NA PALESTINA.



DESCOBERTA ARQUEOLÓGICA NA PALESTINA.
                  Por Honorato Ribeiro dos Santos.

          No século XIX, um grupo de arqueólogo fez escavações em toda Palestina,
a fim de descobrir restos mortais e residências do povo hebreu, conforme relatos da Bíblia. Conforme os relatos da Bíblia, afirmam que os hebreus ou povo israelitas foram escravos do Egito. Com a liderança do líder Moisés, nos tempos do rei faraó, eles fugiram e passaram pelo Mar Vermelho e se dirigiram à Terra Prometida, onde corria leite e mel. Os hebreus caminharam por longos anos, naquele deserto por quarenta anos como relata a história bíblica.
        Depois de todas as escavações, os arqueólogos não encontraram sequer um único cadáver; encontraram uma pequena residência somente em reinas. Imaginaram até que fosse o palácio do rei Davi, entretanto, era pequena demais e rústica. Não poderia ser, pois, conforme o relato bíblico o palácio era luxuoso e grande. Então eles anunciaram para o mundo todo que o que a Bíblia relata é pura invenção. Cientificamente não é verdadeiro o que relata nos livros da Bíblia; e ninguém viveu no deserto por quarenta anos, tampouco foram os hebreus escravos no Egito, nos tempos do rei faraó. Arqueólogos procuraram na antiga biblioteca do Egito o nome de Moisés e se houve escravos hebreus naquele país e não encontraram nada.
        Foi um choque enorme na Igreja católica e para os cristãos. Como poderia a igreja católica discordar da descoberta científica dos arqueólogos? Foi, então, para acalmar os ânimos do clero e dos cristãos, o Papa Pio XII escreveu uma encíclica: Divino Afflante Spiritu. Nela o papa Pio XII explica que a ciência científica são relatos profanos, enquanto os relatos da Bíblia é inspiração divina e relatos teológicos e etiológicos e não se poderá comparar a literatura histórica teológica com a história científica profana. Uma é humana e a outra é divina, questão de fé, em sendo dogma de fé não se poderá provar, pois se trata de ciência de Deus.
Foi através dessa encíclica do papa Pio XII é que veio a calmaria sem duvidar das escavações dos arqueólogos e sem perder a fé e sem duvidar dos relatos bíblicos.
        Como nós cristãos poderemos prover que Jesus Cristo ao terceiro dia ressuscitou? Como nós cristãos poderemos provar que existem céu e inferno? Se provermos tudo isso deixará de ser relatos divinos e teologia histórica literária com base na fé de um só Deus. Nada poderemos provar, quando se trata da dimensão que passa a metafísica e supera-nos a razão. Como disse Santo Agostinho: “Se me perguntarem quem é Deus, eu não sei. Mas se não me perguntarem eu sei”.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

TIRE O CISCO DO TEU OLHO.



ATIRE A PEDRA SE CASO NÃO TENHA TELHADO DE VIDRO.
Por Honorato Ribeiro dos Santos.

Há muitas corrupções em todo nosso País de muitas maneiras de se apresentar ou interpretá-las. Primeiro é saber o que é corrupção; outra é saber o que é violação; outra, também, é saber o que diz a lei da Constituição Brasileira e a lei civil. Todo aquele, sem exceção, de qualquer maneira, seja pequena, seja grande, qualquer violação da lei tudo o que está prescrito nela, já corrompeu, errou, é corrupto também. Aquele que obedece é sempre justo.
Para a política, quem desviou dinheiro, recebeu propina, comprou voto para se eleger, foi conivente é classificado de corrupto. Para a religião cristã tal atitude do não cumprimento da lei humana e divina chama-se pecado. Mas ambas são sinônimas.
Existem muitas leis no nosso país: Lei Maria da Penha, lei do trânsito, lei para não dirigir bêbado, lei do idoso, do adolescente, lei que proíbe o aborto, lei de maltrato ao animal, lei da preservação do meio ambiente... Há bastante lei, mas elas todas são violadas por aquele que não sabe obedecer; tanto a dos homens como a de Deus. É salutar lamentar quem pratica corrupção, mas não se pode em alarde apontar o dedo para o infrator se o mesmo, também, praticou de certa maneira algo em sua vida errado.
Volto a dizer que, qualquer pessoa que violar qualquer dessas leis, menor que seja, já cometeu erro e se corrompeu em sendo corruptos. “Por que vê o cisco no olho dos outros, enquanto o seu existe uma trave”? Temos a tendência de observar e comentar os erros dos políticos e esquecemos que o nosso cérebro – ele não mente – afirma que somos e violamos muitas coisas relativamente o que se diz a lei. Na delegacia, na polícia, no hospital, no consultório, no trânsito, no fórum e na escola e faculdade nada há de perfeição; ou seja, todos têm um quê de injustos. Se não somos justos, então, direi, há corruptos e corruptores dentro e fora dos poderes sem exceção. Nas igrejas cristãs, terá que varrer o lixo, pois há muita sujeira dentro delas e fora delas. Atire a pedra se caso nunca violou lei nenhuma se caso seja justo.
Nós olhamos os defeitos dos outros, mas escondemos os nossos. Não há um justo sequer na face da terra. Há quem é menos pecador, há quem é mais de quem é menos e há quem corrompe constantemente. Faltou-lhe a ética e a moral, a honra e a vergonha de ser honesto. Portanto, atire a pedra quem nunca violou lei nenhum. Mas ao combate às injustiças não deixaremos de ser justos, pois caso calarmos os montes não se calam; o céu e a terra são testemunhos de tantas injustiças e impunidades. Toda ira contra as injustiças se torna santa.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

DEUS NÃO CHAMOU.



 MORTE ANTECIPADA DEUS NÃO CHAMOU.
 Por Honorato Ribeiro dos Santos

Todos nós morremos, mas não sabemos o dia, a hora, de que vamos morrer, onde vamos morrer.Todavia, muitas pessoas, e é a maioria, nos dias de hoje, por causa da liberdade que têm de ir e vir, e atraídos pelo entretenimento do mundo, acabam antecipando a morte e morrem novo na flor da mocidade. Mormente, quando a pessoa envereda no caminho das drogas. Esta devera o homem chega a perder a razão de viver; esquece de que a vida é a arte de viver em paz consigo mesmo e com os outros. Ser cidadão, cidadã com conduta honrada e respeitada não é privilégio de ninguém em ser boa pessoa, que tem caráter, ética e moral. Para isto nascemos e fomos chamados à perfeição.
O ser humano não nasceu para imperfeição e nem para ser mau. O mal entra no homem sem que ele aceita; é como o câncer, que entra nele sem que ele o pedisse e nem foi porque ele quis que morresse com esse mal que atinge muita gente. Talvez seja mesmo a chamada de Deus para partir dessa estada nossa aqui na terra. Somos todos os inquilinos moradores na casa alugada, pois essa casa não é nossa. Temos de entregar ao dono dela; e, conforme a nossa dívida, só pagaremos os danos dessa residência, depois que fomos chamados à sua presença na “Cidade Celestial” que é dono dessa casa.
Mas há pessoa que não tem responsabilidade de viver dignamente bem aqui, e acaba antecipando a estada de sua permaneça de vida bem vivida e morre cedo. Mas esse morrer cedo, não foi e não é Deus que o chamou. Ela é que se matou, suicidou-se viciou com drogas e ficou independente. Outros se adentraram pelo caminho da prostituição e adquiriram doenças sexuais como a Aids ou doenças veneras. Outros pela morte de bala em combate com a polícia ou na guerra. Deus é contra tudo isso e abomina a todas essas coisas desse mundo das trevas. Essas pessoas morrem por conta própria; Deus não quis que elas morressem desse mal abominável.
Essas são mortes antecipadas e não chamadas por Deus; nem foram predestinadas a morrer cedo ou foi a hora marcada. Todos nós morreremos, mas devemos saber viver com equidade e santidade, longe dessas coisas más e que não agrada a Deus. Morrer na hora certa como uma boa pessoa caridosa, bondosa, religiosa vivendo a vida espiritual em perfeição como foram os nossos santos e santas do cristianismo. Um grande exemplo para nós é a Ir Dulce; e outro exemplo de luta contra as injustiças e a favor da democracia plena foi Dom Hélder Câmara, o bispo que morreu com idade bem avançada, mas soubera viver e lutou ao lado da verdade e venceu até que o Bom Deus o chamou para a cidade celestial. Saber viver é saber administrar a vida em paz com Deus e o próximo. A vida é comunicação; a comunicação é a arte de saber viver.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

UM GAROTO E UM VIOLONISTA.



                                    UM FESTIVAL DE MÚSICA E UM GAROTO.
POR HONORATO RIBEIRO DOS SANTOS.

                Eu morava em Correntina e houve um festival de música em Santa Maria da Vitória. O festival havia nove jurados para dar cada um a sua nota. Não gostei dos jurados, pois sempre que há qualquer festival de música cantada, são convidadas pessoas, que conhecem bem, tanto a letra como a música, seu ritmo e estilo de voz. Lá estavam calouros do projeto Rondon estagiando naquela cidade. Antes de começar o show, eu subir no palco com meu violão e solei uma música de Dilermando Reis, Abismo de Rosa. Fui aplaudido de pé, pois, tanto em Correntina como em Santa Maria da Vitória não havia músico que tocasse por música as composições de Dilermando Reis, o Rei do violão das Américas.
              Começou o festival com a chamada do locutor a cada um que estava inscrito. A casa estava cheia; era num cine e, na plateia havia um  garoto amante da música e observava cada cantor, a letra e a música. Talvez ele tivesse apenas 15 anos de idade, mas guardou na sua mente tanto a música como a letra da música. A música era da minha autoria com o título de POLIGLOTA. Os anos foram passando, passando, mas o garoto foi crescendo e se tornou adulto. Fez a quarta série ginasial e seguiu para outras plagas, a fim de fazer vestibular e seguir a carreira de professor. Foi o que aconteceu: Tornou-se professor na c idade de São Paulo. Casou-se, constituiu família, mas a minha música Poliglota nunca saiu de sua mente.
            Um aluno meu de Correntina é amigo desse professor. Então eles dois se comunicavam pele face e pelo e-mail. Nesse ínterim, aquela música, bem como a imagem do compositor e cantor nunca saiu de sua mente, ele então perguntou ao amigo: Como é o nome de um professor, cantor e mestre de música que morava aí em Correntina, você sabe do paradeiro ou e-mail dele? Respondeu o amigo: “Tenho sim. Vou mandar para você o e-mail dele.” E assim ele recebeu o meu e-mail e contou toda a história daquele festival em sua terra: Santa Maria da Vitória. Tornamos-nos grandes amigos e falamos sempre ao telefone e batemos papo através da mensagem do fecebook. O mais engraçado nesta história é que, no momento que escrevo, é que ele me conheceu, naquele festival, mas eu não o conheço. Escrevi dois livros pela Editora Baraúna e ele é o prefaciador de um e do outro ele escreveu na quarta capa. Outra coisa que ele me perguntou foi: Professor Honorato, um jogador de futebol chamado Chicório ainda é vivo? E eu o respondi: Sim, por quê? E ele me explicou: Houve uma partida de futebol entre Bom Jesus da Lapa e Paratinga. E eu com outros jovens de Santa Maria da Vitória fomos assistir àquela partida. Mas eu vi no campo a imagem do craque e famoso jogador, Garrincha. Posso até lhe falar que ele era melhor de que mesmo o homem das pernas tortas. O povo delirava, quando ele pegava na bola. Parece que ele tinha cera na chuteira; dava cada drible que o adversário caia no chão e o povo ia à loucura!
Vou lhes contar quem é essa figura que me viu cantar o samba POLIGLOTA. É o professor, formado em inglês e que leciona na cidade de São Paulo, meu grande amigo, João Nogueira da Cruz, que faço este texto para enviar para ele.

Honorato Ribeiro dos Santos.

sábado, 2 de setembro de 2017

JESUS FICOU CALADO.



                                         O QUE É VERDADE?
                                    Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos.
Pilatos ao interrogar Jesus Cristo fez-lhe esta pergunta: o que é verdade? Mas Jesus ficou calado e não lhe respondeu. Por que Jesus não o respondeu? Essa palavra verdade nasceu dos sábios filósofos, ela pertence quem estuda filosofia, o logos. Como alguém que nunca estudou filosofia, no caso de Pilatos, poderá querer saber o que significa “verdade”? E o que poderemos saber o significado dessa palavra tão propalada entre os magistrados, os parlamentaristas, as religiões, judiciários, advogados, os teólogos, historiadores, críticos textuais, etc. Mas os filósofos afirmam que ela é uma ciência exata super-metafísica.
Você escuta um barulho no telhado de sua casa e diz: Está chovendo. Mas você não viu a chuva. Poderá ser verdade? Até o momento não. Você sai, abre a porta e não ver o chão molhado; não é chuva, mas você escutou o barulho de chuva caindo no telhado. E o que foi, então!? O barulho de um aparelho imitando ser chuva? Até aí não é verdadeira a resposta. É preciso saber que aparelho é. E onde ele provocou o barulho semelhante ao barulho de chuva. Você vai à busca. Não encontrou o tal aparelho. Então não é verdade que a chuva caiu no telhado de sua casa. Depois de muita procura, descobre-se que era um passarinho. Ele ouviu o passarinho cantar semelhante o cair da chuva no telhado. Mas você ainda está com dúvida e diz a si mesmo? Será que foi esse passarinho que pousou no telhado de minha casa cantando e eu pensei que fosse chuva? Diz ele: Eu não o vi pousado no telhado de minha casa? Posso afirmar que é verdade?
Bem, o que eu quero afirmar nesta minha crônica é o seguinte: Alguém afirma que fulano matou a sicrano. Com alarde vai à mídia. Ela anuncia aquilo que ouviu desse alguém, que fulano assassinou à sicrano. Espalha-se a notícia em manchete. A polícia é chamada e lá está o morto furado a bala. A polícia investiga e acha-o pega o criminoso e prende. O delegado faz o inquérito, leva ao promotor. Este estuda o inquérito e denuncia ao juiz. O juiz, depois de analisar, leva o caso ao júri. Estes não viram quem o matou; somente ouvem o advogado da acusação e o da defesa. A verdade é pano preto como venda nos olhos de todos, pois nenhum viu quem o matou. O papel não é mais branco, é uma das verdades, pois nele estão as letras mortas que não sabem o que é verdade; alguém que escreveu, também não sabe a verdade, porque não viu o assassino. Mas o rádio noticiou, o locutor falou e todos ligaram o rádio e ouviram; e acreditaram no que foi anunciado. Será verdade? Se a polícia não viu o fragrante, nem o delegado, nem o promotor, nem o juiz e os jurados, nem a notícia da mídia? Onde está a verdade? Sempre há a inverdade por detrás da verdade. Sempre há um Pilatos a perguntar: O que é verdade?  (!?..)
Nós estamos ouvindo, frequentemente, a mídia anunciar os envolvidos dos escândalos de políticos partidários, empresários; uns receberam propinas e outros deram. Afirma que é o maior escândalo já visto no Brasil. Mas quem começou a corromper esse escândalo todo sobre o rombo na Patrobras? Falam em bilhões desviados. O povo fala: Todos os políticos são corruptos, ladrões. Quem viu roubar e desviar tantos milhões? Quem estava presente e poderá testemunhar que tudo é verdade? Todos os políticos são ladrões? Mas todo ser humano já nasce político. Então a verdade afirma que em sendo todos que nasceram um ser político, todos são ladrões sem exceção. Mas o que é mesmo “política”? A verdade afirma que ela vem de “polis”. E o que é polis? É a primeira vila maior que se emancipa para cidade. E nela mora o cidadão. E o que é, então, ser cidadão? É aquele que sabe que a ética e a moral deva ser a sua presença perante a sociedade onde ele faz parte. Não é privilégio de ser cidadão, honrado e cândido. Cândido é uma palavra grega que significa pureza, imaculado. Daí vem a palavra candidato. Eis a verdade. Mas ela não está presente nem no povo que escolhe os candidatos, nem nos que se candidatam, pois não os são cândidos. E Jesus continua calado perante tantos Pôncio Pilatos pelo mundo afora. “O que é verdade”? (!?...).

Carinhanha, 02 de setembro de 2017.

sábado, 12 de agosto de 2017

A MISSIVA



A CARTA.
Poesia de Honorato Ribeiro dos Santos.

Pai!
A coisa aqui está preta!
Não há mais dinheiro na gaveta,
Tudo é no banco, na poupança,
Quer dizer, pai, de herança!
O valor só quem tem os teres.

Pai!
Naquele tempo do senhor,
Que era bom, me mostrou
Sua bela e boa educação
Fez de mim um cidadão.
Que grande sabedoria,  paizão!

Pai!
Com apenas dez anos aprendi,
Punha-me ao labor, a carpir;
Hoje há lei, pai, proibitória;
O filho não ver palmatória!
Que moratória, diz a lei.

Pai!
Mas pode ficar, pai, na rua!
Aprendendo roubar até a lua!
E fumar droga, pai, e a roubar;
Naquele tempo, pai, era só amar!
Hoje diz que é cafonice, Pai!

Pai!
A coisa aqui está mudado!
Menino enfrenta soldado,
Não há respeito aos idosos,
Nem aos professores bondosos!
Oh! Que medo de lecionar, Pai!

Pai!
Aprendi com a enxó na mão,
Com o serrote, a plaina, o formão!
Dez anos eu tinha, inda pequeno,
E tudo era tão bom, tão sereno!
Mas aprendia ser cidadão, Pai!

Pai!
Um fio de barba era documento!
Hoje não é mais mandamento;
Os homens perderam a vergonha,
A ética, a moral é tudo pamonha!
Tem mais valor do que gente, Pai!

Pai!
Esta minha carta pro senhor,
Que fez tudo e me educou,
Naquele tempo, não entendia,
Achava errado, pois não sabia,
Agora, pai, tenho que lhe agradecer.

Pai!
Não repare meus senões,
Mas aprendi com razão
A amar, também perdoar,
Pois, pai, aprendi a valorizar.
O que aprendi com o senhor.

Pai!
Obrigado por tudo que me ensinou
Por isso hoje sou poeta e escritor;
Professor, maestro e conselheiro,
Foi assim que fui carpinteiro,
Padeiro, pintor, cantor, compositor.

Pai!
Vou terminar a minha missiva,
Pro senhor ler a primitiva
Pois hoje é tudo pelo celular,
Ninguém tem tempo pra orar
E agradecer a Deus e não pecar.

Assinado, seu filho caçula que lhe ama
Até hoje não me esqueço da sua fama
De violeiro, marceneiro e tocador;
De chula, rio abaixo e cortador
De madeira para o fabrico de violão.

Pai, parabéns pelo seu dia de hoje
E todos que souberam educar!
Viva o Dia dos pais!

quinta-feira, 30 de março de 2017

CORDEL DA DENGUE.



  AEDES AEGYPTI –
  CORDEL LIVRE EDIÇÃO PEDAGÓGICA

Não existe inseticida
Que dê jeito nem decisão
É um mosquito potente
Meu Deus, que fino ferrão!
Diante deste momento!
De tanto ver sofrimento,
Vacine logo, meu irmão.

Se não tomar o cuidado
Nossa triste situação!
Também há febre amarela
Há mosquito de montão
Quase não pude com ela
Não há veneno, qual dela!
Pro combate em decisão…

Não há solução que a vingue.
Este temível mosquito
Que nunca vai e sempre fica
Que arrebenta tão esquisito.
Com o tal de Zika então
Vírus que traz qual sezão
E a estatística eu ratifico.

 Zika Vírus infernal!
Que merece bom cuidado,
A microcefalia ataca
É mais um fator malvado!
Já não bastava a agonia,
Surge então a epidemia,
Que assola o nosso estado.

Febre amarela e a zika, dengue,
Vírus, que mata bastante,
Surgiu a peste nome novo
Dengue, zika é constante,
Chinkugunya a peste mata,
Como a dengue que é exata.
Mais uma que é diferente!

Se não vacinar o povo
O que será da Nação.
Espalhou em todo Brasil
O mosquito de ferrão.
Foi dado o primeiro nome.
Aedes Aegypti cognome.
Segundo nome e então.
O governo brasileiro
E o Ministro da Saúde
Ta educando todo mundo.
E prevenindo a miúde, 
E não há quem se engane,
Tudo começou em pane,
A África toca o alaúde!

Descoberto lá no Egito
Com força fugaz da morte
Com a fúria ferrabrás
O mundo inteiro sem sorte.
Período colonial
Com patente regional,
Assine-se na ata e anote.

Em um navio mercantil
Chamados navios negreiros
Que ele chegou ao Brasil
Juntamente os guerreiros
Este povo da Nação.
Há bastante escravidão
De africanos estrangeiros.

Foi criado Aedes transgênico
Solto na mãe natureza
O mosquito da tal Dengue
É mosquito com esperteza
O povo está assombrado
E o governo tão alarmado
Cria vacina com certeza.

Não existe inseticida,
Que dê jeito não senhor!
Neste inseto tão potente
Meu Deus, livre! Que horror!
Diante deste momento,
Alarmante de repente,
Cuide de mim, seu doutor!

A situação é péssima
E muito periclitante!
Antes foi a febre amarela
Hoje a dengue está presente
Quase em todo o nosso País,
Ninguém pediu, ninguém quis.
Reze a Deus Onipotente.

Pra combater esta peste
Não existe prevenção!
Este temível mosquito
Que nunca vai morrer não!
Que arrebenta o nosso  povo
Quebre na sua testa um ovo
Ou coloque no caixão.

Com este nome de Zika
Vírus que traz muita dor
E a estatística confirma.
É Zika apavorador
Que é um vírus fatal
É em qualquer capital!
Até mesmo em Salvador.

Já não bastava a agonia
Que assola o nosso país?
Surge mais epidemia!
Febre amarela febris;
É um nome diferente
Que surgiu tão de repente,
Nesse céu em cor de anis.


Surgiu peste e tanto nome,
Desde o sul até o norte
Dengue, zika, chinkugunya
E o povo com muita sorte
Basta a fome e tal pobreza
E muitos com sua riqueza!
Não tem pasto pra garrote.

Foi dado o primeiro nome.
Aedes Aegypti o seu segundo.
Não importa como chame,
Se deixar, arrasa o mundo.
E não existe a quem se engane.
Tudo vira qual salame
Cai na lama bem profundo.

Na velha terra africana.
Com força fugaz devera
Descoberto no Egito
Com sua fúria severa
O mundo inteiro se alastra.
Foi tão veloz que se arrasta
Matando gente qual fera.

Foi nos navios negreiros
Que ele então chegou ao Brasil
Juntamente com escravos
Este povo varonil.
Foi criada a realeza
Liberado na natureza
No céu lindo cor de anil.

Acasalando com a fêmea.
Gerando larvas que então
Morre antes da fase adulta
Uma vitória em galardão.
Mas não se iluda, amigo,
O vírus é um inimigo!
E tem um forte ferrão.

Precisamos ter coragem.
E bastante precaução,
Combatendo dia e noite,
A sua proliferação.
Tenha muita consciência
Tenha muita paciência,
Água parada no chão!

É morada do inseto.
Vasos, garrafa e pneus.
Todo objeto deixe limpo,
Lixo na lixeira, são seus;
Os cuidados, cidadão!
São seus e de sua Nação!
Se caso seja Romeu.

Vou terminar meu cordel
Que é meu e de João Nogueira
Professor tão competente
Que corrija, Zé Pereira!
Pois eu não sei mais rimar
Esqueci-me, só sei amar!
A contagem deu rasteira.

FIM.
Carinhanha, 30 de março de 2017.



terça-feira, 14 de março de 2017

MINHA ODE AOS POETAS.



AOS AMIGOS POETAS.
Honorato Ribeiro dos Santos.

Venha, doutor Carlos Barral,
Venha, Bráulio com o violão,
Venha, Cevisa, Paulo Gabiru,
Venha, poetas do meu sertão!

Venha, Vavá e Pedro Sampaio,
Venha, Chico Leite e a linda Sibele,
A poetisa e cantora cantar suavemente,
Cantar versos, recite, Dr Daniel!

Poetas e compositores, venham!
Compõem versos madrigais,
Recitem versos de Castro Alves,
Venham, Tom Jobim, imortais!

Venha, Carol Ivo, cantar seu canto,
Canto de amor com seu violão,
Chame também o Casadinho,
Zé de Patrício, Wagner primo irmão!

Chame também Manu da Bahia,
Poeta da terra de seresteiros
Chame Manoel Bandeira imortal,
Carlos Drummond poetas verdadeiros!

Hoje é o nosso dia de versejar,
Compondo romance de amor!
O imortal Jupepi, grande poeta,
Venha, escrever versos e compor!

Eu sou da Bahia de São Salvador!
Das morenas, loiras e mulatas,
Das negras do vatapá, abará e acarajé;
Venham, com seu rebolado que maltrata!

Ó deusa euterpe da música e da poesia!
Inspire os nossos poetas a fazer canção!
Cantem cantores, cantem uma sonata!
De Beethoven e terem-nos da solidão!

Chamem Carlão da gaita e Claudemiro,
O Dinda, Valnir, Toinho, o  Flamarion,
Chame Dr Sérgio Joaquim de Araújo,
Vamos lembrar do Gonzaga e o acordeom!

Venham, poetas, com suas poesias de cordéis!
Venham, poetas nordestinos, versejar!
Venham, juntem-nos, somos menestréis!
Venham, escrevam canções para ninar!

Venha, Helena de Paula, escritora e poetisa.
Venha, me aplaude meu poema em frenesi!
Venha, poeta João Nogueira, ouvir-me!
Quero cantar qual tal canta o bem-te-vi

 Venha, Dr Wallysson Viana, cante, toque:
"Berilo, venha cá me dê um abraço" Venha!
Chame Geraldo Ribeiro do sete cordas
Sua voz suave, linda, ó Nossa Senhora da Penha!

Nos abençoe, nos proteja, nós os poetas!
dessa cidade sanfranciscana de cantores:
Norma, Eli, Terezinha, Rozinha Zé Hélder e Dadi
Cada um levando vós, mãezinha, nos andores!

Venha, poeta e escritor, meu nobre amigo!
Lá do pantanal, Hemélio Silva, faça poesia,
E poema como sempre sabe fazer muito bem!
Pegue a caneta, dê-me seu autógrafo, me envia.

Artur Viana, venha tirar a foto dos poetas!
Pegue sua máquina fotográfica, venha de avião!
Você é um grande artista dessa terra maravilhosa!
Venha, Artur Viana, venha, tire uma foto, meu irmão!

terça-feira, 7 de março de 2017

FORÇA DA MENTE.



O PODER DA MENTE.
Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos.
Morei com um padre holandês que era poliglota e parapsicólogo. Muitas vezes eu vi chegando à sua casa pessoas descontroladas psicologicamente, alucinadamente, e em poucos minutos saiam sadios. A parapsicologia é uma nova ciência que trata de vários fenômenos de natureza para normal. Entre elas estão: Hiperestesia. A mente de uma pessoa que é cega consegue ver com o lóbulo da orelha esquerda, o com o dedo; consegue ver também pela fronte. Cumberlandismo a pessoa advinha qualquer coisa que a pessoa pensar ou escrever num papel que ela não veja. Outro poder da mente humana é a pantomnésia, é a memória de tudo, fatos que aconteceu em tempo de criança de berço numa fazenda; e o subconsciente gravou tudo. E, tempos depois, já adulta recorda que esteve naquela casa e fala detalhadamente as pessoas dessa casa até a roupa que vestiam. Xenoglossia é a pessoa analfabeta falar línguas estrangeiras como se fosse poliglota. Esse fenômeno eu posso contar com segurança, pois eu fui com o padre Frans Bèrénos à uma casa de uma senhora analfabeta que falava com voz grave como se fosse homem. O padre começou a falar em latim e ela respondia fluentemente. E depois começou a falar inglês, Francês e um bom português. O padre sussurrou no ouvido dela, pôs a mão na sua cabeça e ela voltou ao normal.
Outro fenômeno constante, já aconteceu comigo, é a telergia, quando você toca numa pessoa e sente um enorme choque elétrico. A natureza da telergia é uma espécie de eletricidade, que não se submete, contudo, às leis físicas comuns que governam a eletricidade. A telergia produziria seus efeitos de um modo análogo à eletricidade estática, como se o corpo do dotado estivesse carregado de alta tensão em torno do corpo do dotado se formaria um campo eletromagnético especial. O Dr russo, Younevitch comprovou que a telergia emanada de certos dotados, atravessa chapas metálicas com um poder de penetração superior ao dos raios X e ao dos raios gamma do rádio. A telergia atravessa até chapa de chumbo de três centímetros de espessura colocada a um metro de distância do dotado em transe. Vejam a potência que tem nossa mente. Fotogênise acontece em certas pessoas especiais se cobrem de claridades elétricas ou produzem faíscas. Trata-se de pessoas especiais em um estado neurofisiológico peculiar, isto é, pertencem ao enorme número de pessoas chamadas “dotadas parapsicologicamente”. Telecinesia é a ação parapsicológica sobre objetos distantes, comandados, às vezes, até pela vontade consciente, porém geralmente pelo inconsciente. É um fenômeno que, desde a mais remota antiguidade e em todos os povos, se atribui a certos dotados. As telecinesias são inumeráveis: mesas e cadeiras que movem e se elevam no ar, móveis são arrastados; uma campainha, um tamborim, um bandolim, uma trombeta, um violão, etc, se transladam tocando e revoluteia pelo ar, sobre a cabeça dos espectadores. A ectoplasmia é outra força do poder da mente do dotado. É o caso de uma mesa suspender no ar a 50 centímetros e um homem forte não tem força para que ela fique no chão. A fantasmogênise é a produção ectoplasmática de um fantasma inteiro, ao menos aparentemente, de pessoas, animal ou objeto. Uma mulher viu uma forma fantasmagórica avançar pela sala, apossou-se de um acordeão e, em seguida deslizou pelo apartamento tocando o instrumento. A mulher deu um pequeno grito e a sombra desapareceu. Um senhor que era médium estava no local, quando aconteceu esse fenômeno. Bem, existem muitas pessoas que já nasce com esse dom de ser dotado e fazem coisas com a força da mente.
Passo a contar uma criança de 10 anos apareceu aqui com os pais. Esse garoto viu uma imagem de N. S Aparecida e pediu ao pai para comprar para ele. Assim que a santa chegou à sua casa, o garoto colocou-a num prato e a imagem começou a chorar lágrimas de óleo de Oliva. Eu tinha recebido uma visita de um psicólogo e um jornalista e fomos ver o garoto com a santa. Chegamos lá, vimos que a imagem de N. S. Aparecida saia de seus olhos e escorregava pelo corpo da santa até o prato o óleo. Eu e os dois visitantes que foram comigo, nós colocamos o dedo no prato com o óleo e vimos que realmente era óleo. Quando o garoto saia, a santa deixava de escorrer óleo pelos olhos. Saímos e no meio do caminho o psicólogo perguntou-me: O que tem a dizer sobre a santa, seu Honorato. Eu lhe respondi: O garoto é que faz a santa sair óleo dos olhos. Ele é para normal. Concordo com o senhor, respondeu-me o psicólogo. A mente humana tem todo poder de transformar o impossível no possível. Depois eu farei outra crônica sobre uma pessoa minha amiga que tem essa força parapsicológica.

sábado, 4 de março de 2017

SABE LER E NÃO SABE ESCREVER.



UM GAROTO LETRADO.
Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos.
Fui morar em Belo Horizonte, no ano de 1959, no Bairro da Graça, à Rua Guararapes. Lá eu encontrei um garoto adolescente de 17 anos de idade, que falava fluentemente português que parecia um professor de letras. Como ele era ainda adolescente, vi que não poderia ser professor, mas poderia estar frequentando uma boa escola particular e de bons professores. Era o que eu imaginava. Um dia ele me apareceu e começamos a falar juntamente com Antônio Faria, filho do senhor Agenor Faria. Quando o garoto saiu, eu disse para Antônio: Esse garoto deve está matriculado em uma boa escola.  Antônio sorria e, continuou sorrindo. Eu, então, lhe perguntei: Por que você está sorrindo, Tone!? E ele me respondeu: Esse garoto é analfabeto, nem o nome dele ele sabe escrever. Eu fiquei pasmo e lhe disse: Como ele é analfabeto e falando um português erudito desse!? Antônio respondeu-me: É que ele convive somente com pessoas letradas, formadas, médicos, advogados. Ele aprendeu por causa da convivência dele com os letrados. Ele faz compra para essas pessoas e algumas coisas como ir ao correio postar cartas e ao banco colocar dinheiro e tira-lo para eles. Eles gostam muito dele. É pobre e seus pais também. Eu disse ao amigo Tone: Nunca iria saber!
Eu tenho um amigo que só fez a segunda série ginasial, mas sabe falar um português erudito e clássico; sabe histórias dos grandes homens famosos, músicos famosos, história geral e da humanidade. Ele se tornou um grande compositor e violonista. Quem o ver falando, diz logo que ele é um jornalista ou escritor crítico. De quando em vez ele me aparece como uma boa visita e mostrar-me música nova de sua composição. Eu sou fã dele como músico e como erudito em se falando fluentemente a nossa língua tão difícil: O Português.
Uma coisa que ele me disse: Tentei por várias vezes aprender tocar violão por música, ler partitura, mas não entrou na minha cabeça, é muito complicado e difícil, por isso desistir. Mas, quando você, amigo leitor, vir tocando violão e cantando as suas músicas de sua composição, dirá: Ele estudou em conservatório musical, pois é muito bom.
Fui morar em Correntina em 1968, e lá pus uma escola de música e uma escola de ensinar português e outras matérias, menos matemática. Apareceu-me uma pessoa idosa  de uns 60 anos de idade, analfabeta e me pediu para que eu o alfabetizasse. Aceitei o desafio, não cobrei nada dele, pois o admirei, porque seu sonho era pelo menos saber escrever seu nome. Parece-me que o nome dele era Zé de Aurora. Tinha uma venda no Mercado Municipal, mas outras pessoas é que o ajudavam anotar num caderno os fregueses que compravam fiado. Ensinei seis meses até as quatro operações de matemática. Quando vim embora para a minha terra natal, 4 anos depois, fui visitar os amigos, dei saudades. Fui ao Mercado Municipal e lá deparei com o velho aluno meu por detrás de um balcão. Era o mesmo comércio dele. Ele me chamou e fui lhe atender. Em chegando lá, ele pegou um volumoso caderno e me mostrou dizendo-me: Olha, professor, esse caderno de anotações. Sou eu que escrevo e anoto tudo, graças ao senhor. Olhei aquele caderno e vi as letras bem feita, uma caligrafia invejável e as anotações de vendagens fiados. Eu emocionei e lágrimas correram pelos meus olhos de alegria. Ele já tinha 78 anos de idade. Mas a maior alegria não foi minha, mas a dele de agora saber escrever nomes e números em dinheiro anotado naquele caderno.
Não posso deixar de contar essa história. Eu formei um coral de jovens, moças e rapazes na igreja de Nossa Senhora da Glória em Correntina. Na hora da liturgia da palavra era lida a epístola de Paulo, sempre subia uma adolescente de 17 anos para ler. Lia tão bem que parecia ser uma jornalista ou pessoas com nível de faculdade. Fiquei fã daquela jovem. Quando acabou a missa eu perguntei a irmã Oneide quem era aquela jovem que lia sempre epístola tão bem. Ela me disse: Ela é da zona rural e veio aqui estudar, pelo menos escrever o nome dela. Escrever o nome dela!? Sim, Honorato, ela sabe ler, mas não sabe escrever nem mesmo o nome dela. Que!? Eu procurei a jovem e ela me confirmou. Eu, então, disse para ela: Eu estou lecionando para algumas pessoas que não sabem ler nem escrever. Se quiser eu lhe ensino e não vou lhe cobrar nada. E ela aceitou. Foi assim que ela aprendeu a escrever. O nome dela é Rita. Nunca esqueci dela e de sua habilidade de ler bem e não saber escrever nem seu próprio nome.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

UMA BOA EDUCAÇÃO.



A EDUCAÇÃO DA DÉCADA DE CINQUENTA.
Crônica de Honorato Ribeiro.
Existia a cultura das charadas entre os professores e alunos, e a gente aprendia bastante os sinônimos e antônimos de nossa tão difícil língua portuguesa. Havia alunos que se esforçavam mais, e eram respeitados pelos colegas em algumas mais difíceis matérias: Português, Latim e matemática. Certa vez, após a o toque da sineta para o recreio – eu estudava à noite – e começamos a conversar sobre flexão verbal. Quando José Fogaça, contemporâneo, pois ele estava cursando a terceira série ginasial e eu a segunda série. Ele disse-me: Essa história sua, Honorato, só acredito quando eu ver. Então eu lhe respondi: Quando eu ver? Quando eu vir, é o correto. Então ele e outros deram para rir e dizer-me que eu estava errado. Então eu disse ao José Fogaça: Vamos, então, tirar a dúvida com o professor Otávio Samuel dos Santos. Ele estava dando aula de inglês. Eu pedi licença e disse ao professor: Professor, o certo é quando eu ver ou quando eu vir? Ele me respondeu com aquela voz forte dele: “Quando eu vir”, o verbo ver é irregular. Voltamos para o jardim e o José Fogaça disse-me: Não sabia, desculpe-me.
Aluísio Abreu era meu colega de classe. O nosso professor de português era Antônio Pimenta. Muito exigente e gostava de chamar o aluno ao quadro. Então ele me chamou ao quadro e também o Aloísio Abreu e nos disse: Honorato você vai escrever o pretérito perfeito do indicativo do verbo ser, e o Aloísio pretérito perfeito do indicativo o verbo ir. Então eu comecei a escrever: Eu fui, tu foste, ele foi, nós fomos, vós fostes, eles foram. Do meu lado, o Aloísio escreveu: Eu fui, tu foste, ele foi, nós fomos, vós fostes, eles foram. Quando acabamos de escrever, o professor Pimenta – chamávamos de Professor Pimenta – Disse sorrindo: Que é isso, Honorato? Você escreveu a mesma coisa do Aloísio? O Aloísio escrever a mesma coisa do Honorato? Se eu mandei um escrever o verbo ser e o outro o verbo ir, e os dois escreveram a mesma coisa? Quem copiou um do outro? Quem dos dois está certo? E eu lhe respondi: Eu tenho certeza que estou certo, professor. Aloísio começou a sorrir e todos os colegas de sala também. E o professor perguntou ao Aloísio: E você, Aloísio, está certo? Respondeu Aloísio: Sim, professor. Tem certeza que você está certo? Respondeu Aloísio: Com toda certeza, professor. O professor virou para mim e perguntou-me: E você, Honorato? Respondi: Eu tenho plena certeza de que estou certo, professor. Foi um silêncio total na sala. O professor sorrindo, calado, olhando para nós dois, e disse-nos: Ambos estão certos. Agora irei explicar essa coincidência desses dois verbos no pretérito perfeito. O verbo ser, quando você, Honorato, falar: Eu fui vereador. Está falando o verbo ser, ser vereador. Quando o Aloísio disser, Fui a São Paulo, ele está afirmando o verbo ir, ir a São Paulo. Que maravilha de aula! Salientarei aos leitores que a segunda sério ginasial é hoje a sexta do ensino fundamental. Era sempre assim naquele tempo bom de bons professores e de alunos competentes em todas as matérias.
Eu sempre gostava, na sala de aula, soltar umas piadas: O professor Pimenta perguntou-me: Honorato, como se chama as pedras do calçamento dessa praça? E eu respondi: Paralepípedo, professor. Ele, então, sorriu e disse-me: Não é paralepípedo, Honorato, é paralelepípedo. Então eu lhe respondi: Então, professor, tem dois lelé. A sala não suportou e caíram na risada, até o professor. A Nélia de Zeca Abreu e a Florinha de seu Agenor Faria eram minhas colegas de sala. Então, quando a gente se encontrava dizia: Bom dia, lelé. Bom dia, lelé, e eu respondia para as duas colegas: Bom dia, lelé. Nos dias do Grêmio havia o presidente, o vice, o secretário e outros componentes sentavam-se à mesa e chamava o aluno para fazer discurso, outro recitar poesia, outro cantar uma canção. Havia alunos competentes que faziam discursos improvisados, como Gilberto Assunção, Hermelino Cardoso, o Cardozinho, e outros recitavam poesias decoradas. Eu sempre subia levando meu violão e cantava belas canções. Era uma cultura que nos fazia de alunos sábios e muitas vezes cotados na sociedade. No dia primeiro de Maio, dia do trabalho, na Liga Operária Beneficente de Carinhanha, havia um palco para realizar shows e dramas, teatro, os estudantes se preparavam para fazer discurso. O nosso professor de matemática, Antônio Lisboa, Toninho de Zuza Lisboa, sempre fazia discurso no dia primeiro de maio. Dia das mães, todos nós teríamos de preparar bons discursos para subir ao palco e fazermos belos discursos às mães. Era assim a cultura de Carinhanha, na década de 1950 e 1960. Hoje eu tenho saudades daquele tempo e de tantos colegas que eu tive. De bons professores como professor Maurício, professor de latim, Dr Péricles Paulo da Mata, que foi meu professor de História Geral. Que maravilha! Havia a professora Verônica que lecionava matemática; tudo ficou na história cultural de Carinhanha. Juracy Pereira Pinto, professor de Francês, professor Otávio Samuel dos Santos, de Inglês, professora Aparecida era de Geografia e esposa do professor Pimenta. Professor Geraldo e tantos outros... Cada um melhor do que o outro. Era uma riqueza incomensurável, que não voltará jamais.
Não vou deixar de contar essa passagem. Eu já tinha saído como estudante; tinha casado, mas, no dia que havia grêmio, eles sempre me chamavam para eu acompanhar alguns que gostavam de cantar. O professor Otávio Samuel dos Santos era o diretor. Ele presidiu a sessão e começou a chamada. Uns faziam discursos, outros poesias, e chegou a hora de se apresentar o seu discurso, Francisco Nascimento, conhecido por Chico Tabica. Subiu e ficou bem perto do professor Otávio e disse: Hoje é um dia importante, de um famoso escritor. Machado de “Aço”. O professor quando ouviu aquele anúncio, virou e disse: Saia daqui, seu malandro, com seu machado de aço. E a turma caiu na risada. Eis que tempo bom! O nosso Ginásio na casa da Careta! Vinham alunos de várias cidades: Magas, Itacarambi, Coribe, Cocos, Santa Maria da Vitória, Paratinga, Bom Jesus da Lapa, Malhada, Iuiú, Matias Cardoso para estudar em Carinhanha, que se tornou a cidade da cultura. E como anda agora? Parou no tempo. “Na esperança do porvir de herói de capacidade”