sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Meus contos ecológicos.


MEUS CONTOS ECOLÓGICOS.

Honorato Ribeiro dos Santos.

O João de Barro.

Quem ensinou João de Barro conhecer previsão do tempo? Eu posso até afirmar e confirmar que foi o mesmo que lhe ensinou a construir a casa. São todas iguais as casas do João de Barro. Ele é socialista, talvez seja comunista com as mesmas ideias de Carls Marx. Sabe por quê? Suas casas têm o mesmo formato...
O João de Barro quando prevê que o período da chuva bate o vento do poente, ele faz a sua casa com a boca virada para o nascente. Ele avisa a todos e todos lhe obedecem. Ninguém protesta. São todos unidos. O mais importante da sua arte e arquitetura é que nem o tempo, chuva, vendavais não destroem a sua construção. A árvore poderá ser arrancada pelo vento, mas a sua casa, não. João de Barro faz me lembrar de Oscar Neymaier. Veja a sua arquitetura em Brasília: Todos os prédios são iguais em formato arquitetônico. João de Barro para mim é comunista ou socialista. As idéias são parecidas até em seu canto: todos cantam a mesma melodia onomatopaica e a mesma filosofia de vida. João de Barro é o maior engenheiro ecológico que conheço. A sua casa para ser resistente não precisa de cimento, vergalhão, alvenaria, cal... É puro barro. Não precisa de papel para desenhar sua casa – planta – colher, nível, régua, prumo...
Dizem que ele é muito ciumento com a fêmea, pois, quando ele cisma, coloca-a presa na casa e constrói a porta com o próprio barro e a deixa presa até morrer. Pode sê-lo malvado, mas é um grande arquiteto. O homem, com sua vaidade e egoísmo, quando encontra uma casa de João de Barro, arranca-a e leva-a para enfeite de sua casa. João de Barro se quiser morar, que faça outra casa. E ele faz do mesmo jeito e da mesma resistência e arquitetura.

O BEM-TE-VI.

Sabe quem gosta bastante de bem-te-vi? É o vaqueiro Sabino. Sabino fica horas a fio olhando o bem-te-vi sobre o dorso do seu cavalo catando carrapatos. Caminha placidamente no lombo do cavalo até a cabeça e cata um por um carrapato que se cuide. O bem-te-vi olha e vê as orelhas do animal quadrúpede cheias de carrapatos e ele almoça satisfeito. Mas quem fica mais satisfeito é Sabino, pois não precisa comprar carrapaticida para acabar com os carrapatos do seu cavalo. Seu amigo bem-te-vi é bem melhor do que a droga química vendida aos criadores de gado. Quem gosta também é o cavalo de Sabino. Ele acha que bem-te-vi é carinhoso. Cada bicada do bem-te-vi é um carinho gostoso; bem melhor do que comer capim.
Que lindo é o canto do bem-te-vi! Ele canta chamando o seu próprio nome. Todos repetem a mesma melodia. Como eles são unidos até no cantar! Todos cantam a mesma melodia e comem carrapatos ainda fazem carinho coçando o animal. Mas quando surge o gavião para o atacar ele faz piruetas no ar, ziguezagues escapando do gavião e Sabino que vê a malandragem e a esperteza do bem-te-vi  “passando mel na boca do gavião” e Sabino, satisfeito rir à beça.
Gavião faz parte do ecossistema, pois ele come serpente que come rã, e jia. Mas bem-te-vi como insetos nocivos que atacam a lavoura e animais. Mas o vaqueiro Sabino, que não sabe ler, sem querer e sem saber usa agrotóxico que mata animais nocivos à lavoura, mas pode, também, matar os bem-te-vis.
Para mim o bem-te-vi estudou música de Pixinguinha ou de Altamiro Carrilho, pois tem gosto suave e melodioso de um chorinho bem brasileiro. Não é à toa que gravaram “Bem-te-vi Atrevido” que é um choro acompanhado por violão de sete cordas, cavaquinho, pandeiro, solado por flautista como Altamiro Carrilho. Os poetas amam a natureza; os compositores também. Todos são ecológicos e compõem músicas populares e eruditas com nome de pássaros como: Tico-tico no Fubá, choro alegreto... “Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho”... Que coisa linda! Assum Preto, Asa Branca, pois, cada um com seu canto onomatopaico cantam e alegra a floresta que é seu habitat.

SAPO CURURU.

Uma casinha de taipa com cobertura de palhas de coqueiro, à beira do Velho Chico, ao lado um gigante pé de jatobá, morava um pescador solitário, apelidado por Caçote. Ele era aleijado e suas pernas eram cruzadas uma a outra como se ajeita para assentas-se ao chão. Andava com as mãos servindo-lhes de pés e o seu tronco suspenso a balançar com o movimento do andar com uma habilidade incrível. Trabalhava como pescador. Mergulhava e nadava bem. Conhecia bem o rio da Unidade Nacional e vivia da pesca. Sua vida era sentado no piloto de sua canoa a pescar de anzol. Pescava de caceia noite e dia. O seu tronco era de uma figura forte. Quando estava sentado ninguém percebia que ele era aleijado. Eu o conheci e me lembro dele.
À noite, céu estrelado, lua clara mostrava o grande tapete natural dormia placidamente o Velho Chico; enquanto a sua canoa deslizava serenamente; e os sapos, batráquios cantadores repetiam-se harmoniosamente o dobrado em fá maior, onomatopaico, que rasgava noite adentro, numa sinfonia de Beethoven como numa sonata em fá maior....
Mas o guru, maestro cururu regia com naturalidade como quem conhece bem partitura de cor com sua batuta regia os outros anuros. Começou a peça com o contrabaixo, depois, suavemente soaram o violoncelo, a marcação, o barítono, os pistões, o bombo, a caixa e os demais instrumentos que se compõem a orquestra de câmara são ouvido pelo pescador Caçote todas as noites de pescaria. O prato soa forte, quando sai do “andantino” pelo forte som de presságio da coruja, ave noturna. Os sapinhos com sua flauta, pistão, clarinete completa toda a harmonia, ora piano, ora pianíssimo; ora forte, ora fortíssimo com a entrada dos grilos que enchiam em tons diversos a completar, oficialmente a sonata da noite.
Caçote que é homem batizado e sacramentado, talvez trouxesse o nome de Francisco, e não fora conhecido por Chico pescador, mas Caçote. Lá estava sentado no piloto de sua canoa descendo rio a baixo a puxar a linha pra lá e pra cá a espera de o peixe fisgar escutando a melodia onomatopéica em concerto sinfônico e não tinha sono. De olhos arregalados para a planície das águas do Velho Chico; pacientemente esperava a hora certa para fisgar o peixe. Ele conhece bem o timbre de voz de cada batráquio. Olha para o céu estrelado, encanta-se com a lua qual um poeta, e sorrir contente. Ele ouve a voz do socó boi, que da moita entoa a sua harmonia noturna.
A barra do dia vai chegando e o céu se torna avermelhado. Naquele momento ele sente o puxavão forte e puxa a corda e sente que fisgou um grande peixe, quase lhe arrancando o braço: é um enorme surubim. Caçote, com habilidade de sempre, vai cansando o peixe até dominar por completo e retira d`água e coloca em sua canoa. Volta pra sua casa com sua riqueza, pois o surubim é de dez palmos; vai dar bom dinheiro vendendo aos moradores de Carinhanha.
Gaivotas, mergulhões e outras aves ribeirinhas voam livres cantando e dando seus voos rasantes quase beijando o Velho Chico. Caçote sabe que tem de descansar, pois não dormiu à noite, mas recorda de ter ouvida a sinfonia noturna com a batuta do maestro sapo cururu. A única coisa que Caçote aprendeu foi agradecer a Deus por ter o dom de saber pescar, em sendo aleijado, mas se sente sadio e não tem inveja de alguns sem aleijo não saber fazer o que ele faz: nadar, mergulhar, remar e pescar.


ASSUM PRETO.

As musas inspiram os vates nordestinos que gritam e bradam fortemente à defesa do bem comum e da ecologia; e buscam em seus versos madrigais e épicos e fazem a sua prosopopéia do sertão nordestino, onde o sol queima e a chuva escassa e o lavrador sua suor de rios; e com mãos postas aos céus reza rogando a Deus proteção.
Os poetas versejam e convidam os compositores para musicarem os seus versos, a fim de conscientizar o povo, cujo povo depreda a natureza, Luiz Gonzaga, o Rei do baião e Humberto Teixeira, que em seus versos contam a depredação ecológica da mãe natureza. É com esses versos que a gente conhece a maldade humana a chegar ao pico mais desumano ao furar os olhos do assum preto, para que ele cante melhor. Ele não canta, chora de dor e se sente injustiçado, indefeso, numa gaiola tirando-lhe a sua liberdade de voar e de cantar com seus olhos perfeitos. Ele chora, lamenta, clama por justiça e pergunta: “Que crime cometi para prender-me nessa maldita gaiola? Que crime cometi para furar o meus olhos? Quão maldade chegou o homem para cometer um crime me transformando num cego forçado a cantar para agradar o seu egoísmo?! Acham até bonito eu cantar por ter os meus olhos furados! Mas eu não canto, choro.”
A jumenta de Balaão, também lamentou a maldade daquele profeta, O profeta entendeu e não mais maltratou a sua jumenta.
Um dia, alguém que tivera pena de mim e abriu a gaiola e me soltou. Mas eu não soubera voar. Voar para onde? Bem dizia Carlos Drumonnd: “E agora, José? Você quer morrer, mas não morre”. Eu quero voar, mas não vôo. “Você, José, quer ir para Minas, mas não existe Minas”... Mas, eu, Carlos Drumonnd, estou cego. Não vejo, não vejo a luz do sol e nem meu habitat; não vejo as estrelas lá no céu! Até as árvores que eu pousava e fazia o meu ninho, não as vejo mais. Dizem que não existem mais... Tudo virou carvão! Desejei, agora, Carlos Drumonnd,  ter os olhos de José para eu, “com a chave na mão abrir a porta”. A minha existe, Carlos Drumonnd, só que eu não a vejo, mas José a vê só não tem o direito de abri-la e entrar e se agasalhar. A culpa não é de Luiz Gonzaga e nem de Humberto Teixeira. Luiz Gonzaga fez sucesso com sua sanfona branca cantando e contando que furaram os meus olhos. Só que ninguém pode me socorrer e eu voltar a enxergar. Fizeram injustiça com José!? José que é semelhança de Deus! Eu não sou humano. Se fizeram com um humano, quiçá continuarão fazer comigo! O homem tem que se conscientizar para respeitar os direitos dos outros a viver em paz. Deixar que a natureza seja um presente que Deus lhe deu e tem que ser preservada com amor e carinho. Carlos Drumonnd, por que você não fez um verso pra mim? Pobre de mim, assum preto! Você ficou respeitado e se eternizou. Possa ser que meus irmãos não fiquem cegos para poder cantar e agradar o egoísmo do homem fera, que fere sem razão. Eu, assum preto, sou um cego sem razão de sê-lo pela maldade humana. Cante, Luiz Gonzaga seu CD; cante assum preto; o Brasil todo gosta dessa canção triste.





O URUBU.

Todo urubu nasce branco. Mas ele não mata seu filho, pois não tem preconceito social; não tem preconceito à sua raça negra. Todo urubu é preto e come carniça. Mas todo urubu sente-se feliz de ser carniceiro. Ele sobe à grande altitude para de longe enxergar quem morreu para ele comer; é seu almoço. Ele é funcionário público da limpeza; onde os civilizados cometem poluição do meio ambiente. Os homens antiecológicos não gostam de urubu. Até fizeram um choro com o título: “Urubu Malandro”. Mas o urubu não gosta do título e protesta: “Eu não sou malandro. A minha missão é fazer limpeza. Os restos mortais que os homens desprezam o que para mim, é prato delicioso de hotel de Cinco Estrelas. Não tenho o que me queixar. Sou feliz; até que faço parte da história da humanidade e do livro sagrado: A BÍBLIA. Aliás, em se tratando de respeito à vida, eu não faço guerra a ninguém e tampouco mato o meu semelhante para comer. O que eu como é aquilo que é desprezado pelo ser humano. Eu como os restos mortais que o homem matou.”.
“A Mídia anunciou que, lá na índia, onde a fome grassa incomensuravelmente, e não se pode comer carne de vaca, e muitos morrem de fome; muitos não são enterrados e para mim é prato do dia. As revistas fizeram manchetes e eu posei para a foto, quando uma criança chorava de fome. Enquanto ela chorava fraquinha, que mal dava para eu ouvir, eu estava perto dela esperando-a morrer, para que eu pudesse comê-la. E eu a comi. Fiz limpeza, mas o homem não me agradeceu. Fez sensacionalismo jornalístico. Dá muito dinheiro e fama. Quem tem culpa de a sociedade ser desorganizada?! Em toda a terra há abundância, riqueza supérflua e deixa a morrer de fome seus semelhantes. Nós urubus não morremos de fome. Eles dizem que são democráticos e religiosos. Não aprenderam nada do Grande Mestre. São todos hipócritas. Mas, digo eu: Que bom ser hipócrita e sobrar comida pra mim! Sou egoísta? Não. Não o sou. Nasci para comer restos mortais. Sou a limpeza da terra. Não são felizes; eu sou. Estão estressados, encurralados nas suas próprias casas... Pagam segurança e põem cadeados no portão; há câmaras espalhadas por todos os lados, mas morrem. Eu só lamento eu não poder comê-los, pois são enterrados em cemitério. Mas há muitos que são colocados para estudos de anatomia; fazem dissecação no cadáver para estudo cirúrgico.”
“Quando houve o dilúvio, eu estava lá na barca, que Noé fabricou”. Quando as águas começaram a abaixar, Noé me soltou e eu encontrei muitos cadáveres. Foi um prato bom para eu saborear. Esperaram-me e eu não voltei à barca, pois tinha comida de sobra. Mais urubus que houvesse. Mas até hoje ninguém me agradeceu pela limpeza que fiz. Agora, eu não. Agradeço todos os homens por não construírem gaiola para me prender. Sou livre, mas do que eles. Não tenho casa e dizem que sou preguiçoso. Não sou. Para que construir casa para o homem roubar, derribar a árvore, casa e tudo!? Bobo é o João de Barro, que faz sua casa e arrancam para enfeitar a sala de visita. Os homens são assim egoístas e destruidores. A abelha passa meses para fabricar o mel, seu sustento, eles roubam tudo e vendem por bom dinheiro. Deixe-me viver como o sou: urubu carniceiro e fedorento, mas sou feliz.

O AVESTRUZ.

            O homem inventou um instrumento de consumo do lar: O espanador. Ele tem um cabo de madeira torneada, envernizada e composta de penas de avestruz. Mas para ter de fabricar centenas de espanadores terá de ter muitas penas de avestruz. Para se adquirir as penas, terá que caçar avestruz e abatê-la. Não só dá lucro ao vender as penas, mas os ovos e a sua carne. Não importa a depredação ou até mesmo a sua extinção. O mais importante é o bom negócio para ganhar dinheiro. Quem é mercenário pensa e age assim. Não importa o futuro, o presente. É tudo para o mercenário; lucro.
            O avestruz é uma do ecossistema. É a guardiã dos fazendeiros, pois ela se alimenta de serpente. A cascavel pica o gado, matando-o, dando prejuízo aos fazendeiros. Ao se matar o avestruz, multiplica-se as cobras, que picando o homem, mata-o.
            Deixem as cobras se multiplicarem, pois, a peçonha é bom para “Carlos Chagas” , ele gosta bastante de veneno de cobras, principalmente da cascavel. “Se mata a cobra, se cura cobra”; porque se ela picar alguém, aplica-se o soro da própria peçonhenta, e salvará o paciente. Mas se o homem criasse avestruz em suas fazendas, certamente não precisaria criar-se vacina, pois o homem não seria picado pelas víboras.
            Mas preciso inventar alguma coisa para ganhar dinheiro mais fácil, pensam os mercenários. Matam-se os avestruzes e multiplicam-se as víboras. Foi ela, serpente, quem foi ao paraíso endeusar a mulher. (Livro dos Gênesis.) Mas poderá ser esta simbologia um tanto machista, pois, pode ser que a vontade própria do homem, como por exemplo, matar avestruz para tirar as suas penas, para fazer espanador.
            A elite tem a necessidade de ter espanador. Não tem ideia donde veem as penas, mas coloca em jornais: “Precisa-se de empregadas para limpeza do lar”. Chega a empregada e lhe é entregue um espanador. Ela olha encantada ao ver o espanador e começa a limpeza. Ela nem protesta que, para ter aquele espanador em sua mão, foi preciso matar uma avestruz. E os ecologistas protestam. Dão palestra ecológica nos colégios, na tevê, rádio e jornal. Os filhos das madames e dos ricaços leem as notícias e aprendem nos colégios e vão ao zoológico para ver o avestruz. Acham até bonita e gigante e dizem: é a maior entre todas as aves do mundo. Nem pensam que lá em suas casas, têm um lindo espanador de penas de avestruz.
            Aprendem tudo sobre ecologia, mas se esquecem que é preciso agir e protestar contra os depredadores. São arquivos mortos, ambulantes e cheios de informações ecológicas, guardados para prescrever com mofo, misturando com pizza, dos políticos sem compromisso com o povo.
Por aqui não há mais avestruz ou ema. Será que foram extintas? Não pode ser!
E agora, como vou fabricar espanadores? Podem fabricar de outra matéria, mas o melhor é feito de penas de avestruz: infelizmente.

O DIÁLOGO.

A mata do nosso imenso Brasil vivia tranquilamente, antes que o homem branco aqui pisasse. Para plantação, abrir estradas, construir cidades, começaram a derribar as árvores. Depois veio o fogão a lenha, a “Maria Fumaça”, as caldeiras a vapor, as siderúrgicas, os móveis... E as matas foram sendo destruídas, na política econômica.
Muitos pensam que os animais e as árvores não se comunicam entre si. Enganam-se, pois as árvores, no silêncio da noite, e no barulho do dia, elas se comunicam umas com as outras. Os santos percebem isso.
Uma bela noite fria e de céu estrelado e lua clara um santo deitou-se para dormir ao pé de um juazeiro e em sua visão ouviu o diálogo do juazeiro com a barriguda, que eram vizinhos um do outro. Começou o diálogo pelo juazeiro que disse:
-“Essa noite, não dormi, barriguda, ouvindo o barulho de motosserra destruindo e matando nossas irmãs árvores”.
-“Eu não. Dormir tranquilamente, embora ouvisse o barulho da motosserra e escutasse o tombo das árvores”.
-“Você tem toda razão, barriguda, pois não serve para carvão. Agora, eu não. Sou prato predileto para a motosserra. Por isso não dormi sabendo que minhas irmãs estavam sendo assassinadas pelos homens feras. Eles preferem derribar as árvores mais velhas e maiores. O que eu tenho medo é exatamente isso: Sou enorme, velha e sirvo para ser queimada nos fornos e transformada em carvão”.
-“Então eu tive sorte de nascer barriguda. Eu cresço exageradamente, mas não sirvo para ser queimada nos fornos. Entretanto, houve muitas barrigudas que foram derribadas para abrir estradas; mas foram poucas. Mas como o ser humano não se conscientizou a preservação da natureza, não estou também isenta de um dia alguém me derribar”.
O santo ouviu todo o diálogo, assustou-se, levantou-se e disse consigo mesmo: “O homem desumanizou-se, delatou de sua mente a sabedoria recebida do criador. Por isso ele não percebe o crime que está cometendo com a humanidade. Ficou cego, surdo e louco. Sua insensatez é muito grande e consciente de que está cometendo um grande crime ecológico. A violência está dentro de si mesmo e ele não percebe. A vida não é vivida harmoniosamente; é dividida em classe política e social e corre dia e noite para fugir da solidão e ninguém tem paz. Tudo está dentro da sua consciência e ele não percebe e busca fora de si a paz e a tranqüilidade. Virou um simples apedeuta e não consegue viver de outra maneira a não ser depredando a natureza.

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