BEM AVENTURADOS OS QUE CHORAM, PORQUE SERÃO
CONSOLADOS!
CRÔNICA DE HONORATO RIBEIRO DOS
SANTOS.
Sempre leio as bem aventuranças no
evangelho de Mateus. Dela eu faça a minha reflexão e minha exegese para
compreender mais e colocar tudo dentro de meu eu e viver estas bem
aventuranças, como muitos conhecem como “Sermão da Montanha”.
Fui
com a minha família para a cidade de Correntina ser chefe de uma serraria e
professor naquele colégio São José. Eu tinha o curso de Científico e recebi um
diploma bonito em
pergaminho. Já tinha estudado no Ginásio São José, na casa da
careta. Tive bons professores. Como eu não tinha diploma de professor, uma
professora assinava por mim. Mas um dia, dia triste para mim, eu recebi um
aviso que não seria mais professor naquele colégio. Foi a primeira vez que
chorei por amar aos meus alunos e profissão de ser professor. Desci àquela
ladeira, passei pela ponte e ainda lágrimas descendo. Enxuguei os olhos e
cheguei à minha casa e falei para ma minha esposa. O salário que eu ganhava da
serraria, não dava para viver. Então eu resolvi voltar para a minha terra. Chegando, logo fui convidado por seu
Corbiniano para trabalhar na serraria dele. Comecei a trabalhar construindo
umas cadeiras de assentar-se à mesa. Tudo bem e estava gostando. Mas, como eu
tinha o dom de ensinar, peguei o diploma do Científico e foi à casa do diretor,
Carlos Lima. Cheguei lá, mostrei o diploma e ele me disse: Amanhã apareça ao
Ginásio que eu tenho uma vaga para você dá aula de Trabalhos Manuais e Música. Isso
foi no ano de 1977. Lecionei até que Carlos Lima foi afastado de ser diretor e
colocaram o Dr Ubaldino, juiz de Direito. Não sei o que foi que aconteceu, ao
chegar lá para lecionar, já estava outro no meu lugar. Desci com os olhos
cheios de lágrimas e pensando na minha condição econômica que era péssima e
oito filhos pequenos para sustentar. Morava de aluguel; havia luz e água que
teria de pagar. Eu sempre descia para
minha casa passando pela Rua 13 de Maio, antiga Baixa da Égua, mas resolvi
passar pela Rua Duque de Caxias. Ao passar pelo bar Beira Rio, entrei. Eis que
o Dr Ubaldino, o Diretor, estava sentado à mesa, quando me viu com os livros
debaixo do braço, perguntou-me:
-Já deu suas aulas, professor
Honorato?
-Não, Doutor, barraram-me.
-Respondeu ele: O quê!? Entre
aqui no carro e vamos lá agora mesmo. Entramos no carro e partimos. Ao chegar
lá ele perguntou: Qual o motivo de o professor Honorato não dar as aulas dele?
Responderam: Ele não tem diploma. E o Juiz respondeu: Chame todos os
professores e mostre-me o diploma de cada um. Se vocês me mostrarem, o
professor Honorato não será professor. Como nenhum deles tinha, inclusive o que
colocaram em meu lugar, acabou eu sendo professor de Educação Artística,
desenho e música até o ano de 1993.
Fui
e o sou até hoje e serei sempre até o dia em que eu entregar a casa de aluguel
ao dono dela, no dia em que a minha estada findar. Tenho a honra de eu ser ex
professor de Delegado Federal, de advogados, de médicos, de juízes, padres e arcebispo
e de professores; e de outras áreas profissionais e sinto-me honrado em sendo
ainda professor de música clássica de violão.
Deus
escreve em linhas tortas, segundo o dito popular. Usando-me de minha paupérrima
inteligência, escrevi o primeiro livro de cordel: O Barulho de João Duque. Dele
eu fiz uma grande pesquisa no IBGE, no cartório, entrevistei várias pessoas
idosas e lancei o meu primeiro livro: A História de Carinhanha. Foi um bom
ensaio, pois já escrevi até o 5º volume da História de Carinhanha. Parti para
escrever outros livros e romances e cheguei às 36 edições editadas e muitas delas
já esgotadas.
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