quinta-feira, 12 de novembro de 2020

 

WENCESLAU, O VIOLONISTA.

Conto por Honorato Ribeiro.

 

Contaram-me essa história para mim, há muitos anos, mas irei contar do meu jeito.

Wenceslau morava numa cidade do interior e ficou famoso por ser um excelente violonista e cantor. Todas às vezes que havia uma festa de casamento, aniversário ele era convidado especial para animação de todos que o aplaudiam. Mas ele não recebia dinheiro nenhum de ninguém. Só a fama de músico bom e cantor. Mas houve um casamento de uma moça rica e enviou-lhe o convite. No dia do casamento ele foi bem vestido até de gravata. Chegou à casa, onde já havia muitos convidados, e o casal recebendo presentes e parabéns. Wenceslau aproximou-se dos dois recém casados e deu-lhes os parabéns. Quando observaram que o Wenceslau estava sem o violão, disseram-lhe: Oh! Wenceslau, cadê o violão?

-Não trouxe, não.

-Vá buscar, Wenceslau.

Então Wenceslau foi para a sua casa. Chegando lá, mudou-se de roupa, vestiu o pijama e deitou-se numa rede, e chamou seu sobrinho:

Manoel, venha cá. O sobrinho chegou e Ele disse-lhe: Vá lá à casa da festa de casamento e entregue esse violão. Manoel foi. Ao chegar lá, entregou para o recém casado o violão dizendo-lhe: Olha, aqui, o violão que meu tio mandou lhe entregar.

E cadê seu tio?

-Ficou lá deitado numa rede.

-Ele não vem?

-Não sei lhe dizer.

Então resolveram ir à casa do Wenceslau saber o que estaria acontecendo com ele.  Ao chegar, encontraram-no deitado numa rede e lhe perguntaram:

-O que aconteceu, Wenceslau?! Você apareceu e veio embora!

-Bem amigos, eu recebi um convite para ir à festa de casamento e fui. Mas, quando eu cheguei lá, exigiram o violão. Eu entendi que o convite era para o meu violão e não para mim. Voltei para minha casa e enviei-lhes o violão. Que o violão toque boas canções e lhes satisfaçam aquele que foi convidado. Não fui eu, não é mesmo?

-Mas ninguém sabe tocar! Somente você, Wencerlau!

-Não, amigos, eu não sei tocar e nem sou famoso e querido, mas sim, meu violão. Portanto, o homem deva ser valorizado o seu eu, mesmo sem o violão. O violão sem o homem não tem valor nenhum. E ele só tem valor para quem sabe tocá-lo. E quem sabe tocá-lo sem ele não toca. Assim é o valor que deverão dar à pessoa humana. Violão, violonista um é um ser inanimado e o outro é um ser animado. Os dois juntos fazem melodia e harmonia para dar alegria a todo ser, dando a alma um afeto através das harmoniosas cordas arpejadas por quem aprendeu a música. Boa noite e ouça o som do meu plangente violão. E dê-lhe uma taça de vinho.

Não é assim que acontece com o músico amador? Eu já tive um grande cartaz aqui na minha terra, quando jovem e depois de casado por ser famoso seresteiro e tocador de violão. Os tempos foram se transformando e eu ficando de idade e a luz elétrica impediu a gente ver a noite enluarada, pois a luz elétrica não deixa a gente ver a lua nem aquele caminha de São Tiago e as estrelas a piscarem como se estivessem alegres ouvindo a minha seresta com meu violão e a minha voz cantando canções de compositores famosos até que a barra do dia vinha apontando avisando que a noite acabou e o dia vinha amanhecendo com raios avermelhados. Mas, tudo se acabou; e tudo virou vandalismo e dizem que tudo é natural. Mas como disse Ruy Barbosa, que haveria  tempo que o homem ria-se da vergonha a ter vergonha de ser honesto. Mas irei navegando com fé e coragem em sendo eu aqui e depois da minha partida desta estada, serei o mesmo eu. E sou insubstituível. Temos de saber viver consigo mesmo e com os outros. Não vivemos sozinhos, mas sempre um depende do outros. A sociedade é formada por várias classes sociais. Cada uma depende do outro e ninguém vive sem o outro; do varredor de  rua, cozinheiro, padeiro, marceneiro, enfim, todos  os operários e quem é  formado em outras profissões. Somos um conjunto de indivíduos servidores profissionais, mas sempre a servir com a mor à profissão que exerce.

 

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