quarta-feira, 30 de maio de 2012

Jesus, o novo Moisés.


JESUS, O NOVO MAISÉS.

Texto de Honorato Ribeiro dos Santos.

Ao ler o evangelho de Mateus, fazendo-se uma boa exegese, percebe-se que ele faz um paralelismo e um midraxe cheio de comparações a ponto de o leitor leigo e o fundamentalista acharem real alguma citação. Real como gênero literário e teológico, sim. Ele escreve num relato cheio de simbologia e difícil de ser compreendida. Todo seu escrito mostra a sua preocupação de provar que Jesus é o novo Moisés, numa  união perfeita do Antigo Testamento e do Novo Testamento num paralelismo chio de alegoria e visão profética unindo-se numa visão global e fundamental sendo o centro da história do povo israelita e o povo do Novo Testamento um único povo, da nova Jerusalém, da Nova Aliança: Jesus, o Novo Moisés. Para Mateus não existe mais o antigo “Templo” onde todos iriam adorar a Deus, mas se transformou no verdadeiro “Templo” o próprio Jesus, a pedra angular e fundamental. Em Jesus se realizou toda história do Antigo no Novo. Eis que o novo Moisés é a figura real e central do filho de Deus feito homem para a salvação de todos; o homem Deus, Jesus Cristo. É Nele que se completa toda a história da salvação.  
Mateus começa seu evangelho mostrando-nos a genealogia de Jesus indo buscar no Antigo Testamento fatos históricos literários numa simbologia e paralelismo e coloca na vida de Jesus. Ele começa a narra “os sonhos como veículos de comunicação divina” citando o sonho de Abraão e o de José, esposo de Maria. Deus falou com José e com os Magos. “Ele faz uma midraxe ao se referir os sonhos que era uma cultura do povo judeu”. Ele cita trechos do Antigo Testamento em quase todo seu relato, como por exemplo: A matança das crianças inocentes por Herodes é tirado do livro de Jeremias (Jr. 31,15). A fuga de José, Maria e o menino Jesus indo para o Egito é tirado do livro de Oseias (Os. 11, 1). “Historicamente não se conhece fuga de Jesus para o Egito. A informação de Mateus é evidentemente teológico-catequética”. (Afirmamos aos leitores que todas as citações que estiverem entre aspas foram retirado do livro: Bíblia: “Perguntas que o povo faz”. De Frei Mauro Strabeli).     Mateus diz que José foi avisado em sonho: “Volta para a terra de Israel, porque morreram os que haviam tramado contra a vida do menino.” (Mt 2, 20). Mateus faz uma midraxe citando o livro do Êxodo (Ex. 4, 19),  para mostrar que Jesus é o novo Moisés. Quando Jesus é batizado por João no Rio Jordão ele usa um quadro teofânico, numa simbologia de uma figura de uma pomba e uma voz é ouvida: “Eis o meu filho muito amado em quem ponho minha afeição”. (Mt 3, 17). “Tu és o meu filho, eu te gerei no dia de hoje”. Essa citação encontra-se no livro dos salmos. (Sl 2, 7). “Eis meu servo que sustento, meu eleito, preferido de minha alma”. (Is 42, 1). “Estes textos são retomados em Mateus”. (12, 18 e 17, 5). Depois de ter batizado por João no Rio Jordão, Jesus se dirigiu para o deserto para fazer penitência e lá ele foi tentado pelo demônio. Assim narra Mateus no seu evangelho: Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome. O tentador aproximou-se dele e lhe disse: “Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se torne pães. Jesus respondeu: “Está escrito: nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Mateus coloca na boca de Jesus frases escrita no livro do Deuteronômio (Dt. 8, 3). Mateus afirma que Jesus ficou quarenta dias jejuando. Esse relado ele faz um paralelismo com o simbolismo do número quarenta. No livro do Deuteronômio afirma que Deus libertou o povo hebreu da escravidão do Faraó através de Moisés e caminharam no deserto quarenta anos. Diz o texto: “Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor te conduziu durante esses quarenta anos no deserto para humilhar e te provar...(Dt 8, 2). “No livro do Êxito fala que também Moisés jejuou quarenta dias e quarenta noites sobre o monte Sinai”. Aqui Mateus quer afirmar que Jesus é o novo Moisés. Continua o texto de Mateus: “O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:  “Se és o Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra”. Citação do salmo. (Sl. 90, 11). Mais uma vez apresenta um midraxe citando o salmo. Veja que Mateus quer nos mostrar o Jesus desde o Antigo Testamento como o salvador e libertador de todo povo de Israel. Ele é o novo Moisés. Une a velha igreja, povo,  com a nova igreja, templo de um novo Reino. No diálogo de satanás com Jesus, mais uma resposta Dele ao tentador: Também está escrito: “Não tentará o Senhor teu Deus”. A resposta de Jesus ao tentador é tirado do livro do Deuteronômio. (Dt 6, 16). O demônio transportou-o uma vez mais, a um mote muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe: “Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares.” Respondeu-lhe Jesus: “Para trás, Satanás, pois está escrito: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás”. Mais outra citação que Mateus coloca na boca de Jesus tirado do livro do Deuteronômio. (Dt 6, 13).
Uma coisa muito curiosa e questionável: Como é que Mateus escreveu esse diálogo de satanás com Jesus se Mateus não estava lá para assistir a esse diálogo? Embora Mateus citasse trechos dos livros do Antigo Testamento, mas ele afirma no seu evangelho que Jesus foi tentado pelo demônio. Como devemos entender esse escrito literário? Acredito que Mateus está afirmando que Jesus, humano, homem como nós, menos no pecado, que tivera tentações, não somente quando jejuou, mas em toda a sua vida. Na sua pregação da Boa Nova e até o alto da cruz Jesus foi tentado, mas venceu as tentações até mesmo de vencer a morte, ressuscitado gloriosamente. O que aconteceu com Jesus nas tentações de satanás, também acontece com cada um de nós todos os momentos de nossa vida: De não acreditar em Deus, em Jesus Cristo, nos mandamentos, na ressurreição e na vida eterna. Nós somos propensos mais a praticar o mal do que o bem. É essa a nossa tendência. Mateus escreve uma teologia de ensinamentos catequéticos para que cada um de nós seja forte como Jesus que não cedeu às tentações demoníacas. Há demônios? Há, pois há muitos que são fracos e caem na armadilha dele. É só dá uma olhadinha na historia do mundo político, social e religioso que afirmará como ele é forte e dominador.
Jesus é o novo Moisés que libertou o povo do Egito da escravidão; Jesus é o novo Moisés que nos libertou da escravidão como um todo: Homem físico e espiritual. No físico nos libertou do jugo e da canga dos opressores, dando-nos valores humanísticos ao dizer que o homem é mais importante do que o “sábado”, isto é, do que o capitalismo, o consumismo, as máquinas e o dinheiro. Pois Jesus nos deu valores, ensinou-nos valores, defendeu valores e nos deu uma nova ideia de libertação como herdeiros do Reino dos céus. Deu-nos uma nova vida e um novo caminho, não o caminho pelo deserto, mas o caminho da libertação pela qual não poderá mais haver dominação do homem pelo homem. Dominadores e dominados. Os valores são atribuídos para os coerentes que saibam receber esses valores numa experiência do próprio Jesus. Seus ensinamentos são reais e profundos cheios de muitos entalhos, muros, pedras, espinhos e dores, tanto físico como psíquico. Os valores que ele deixou são para os fortes que derrubam todos esses obstáculos sem medo de serem até mesmo mártires. Todo aquele que abraça a verdade e denuncia as injustiças são os verdadeiros profetas. Estamos vivendo a época do profetismo. Muitos têm dado as suas vidas por defenderem as causas dos pequenos, quando são roubados os seus direitos como pessoas humanas. Nessa experiência assumem com experiência de ser libertador como fora Moisés e o Novo Moisés, Jesus Cristo.

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