PARECE UMA HISTÓRIA INFANTIL.
MAS É UMA CLÁSSICA
TEOLOGIA.
Texto escrito por Honorato
Ribeiro dos Santos.
Um grupo de sábios sacerdotes
escreveu o livro dos Gênesis, pois os hebreus estavam exilados como escravos na
Babilônia. Como escravos não tinham liberdade de praticar a sua religião
monoteísta e nem adorar o único Deus criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis. Não havia descanso nenhum nem para louvar o seu Deus Javé. Foi, nesse
período de escravidão, que começou a escrever esse livro cheio de simbologia,
de metáforas, com a finalidade de preservar a sua cultura religiosa, a sua fé
em Deus, deixada pelos patriarcas a partir de Noé e Abraão. O povo hebreu era o
único povo monoteísta, por isso se tornou o povo eleito de Deus.
O relator desse livro dos Gênesis
escreve a história do passado, do presente e do futuro. Do passado ele começa a
escrever o que Já se havia criado e retoma para o presente toda obra da criação.
Nada é novidade para os seus olhos, pois tudo já havia sido criado e estava
diante de seus olhos. O mais interessante é que ele afirma que tudo é obra de
Deus e tudo que ele criou é bom e perfeito. Não há maniqueísmo nenhum. Tudo é
belo e perfeito. No passado ele vê que o homem foi criado por Deus e era bom e
perfeito; era feliz e vivia no Paraíso e estava Deus à sua presença. Mas,
diante de seus olhos, ele via que esse homem deixou de ser perfeito e bom. O
homem se tornou um rebelde, egoísta e pecador. Foi assim que ele escreveu e
procurou a causa de onde veio o erro, o pecado original etiologicamente. Por
causa desse pecado original atraiu outros pecados de ofensa maior a Deus: o
pecado mortal. Nascendo o pecado capital criado pelo próprio homem, veio,
então, a morte. –A morte é a paga do pecado - . Não diz o autor que pecado
cometeu, mas afirma que toda humanidade herdou dos primeiros viventes o pecado
original e a morte. Buscando esclarecer o erro cometido no Paraíso ele escreve
uma mitologia numa visão cheia de simbolismo, metáforas, para justificar de
onde nasceu o pecado. Assim ele narra o que ele está vendo:
No primeiro dia da criação ele
relata: “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e
vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as
águas”... Este foi o primeiro dia... Veja que para o autor nada é novidade,
pois os seus olhos estavam vendo tudo já criado. Aí ele escreve uma
teologia-etiologia cheia de mitos e simbologias. Continua ele descrevendo:
“Deus disse: “Faça o firmamento entre as águas e separe ele uma das outras”...
Foi o segundo dia... Já havia o firmamento, portanto não há novidade nenhuma
perante os seus olhos. Deus disse: “Que as águas que estão abaixo dos céus se
juntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido”... Foi o terceiro dia. Deus
disse: “Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite;
sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos; e resplandeça no
firmamento dos céus para iluminar a terra”.... Foi o quarto dia... Deus disse:
“Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra,
debaixo do firmamento dos céus”.... Foi o quinto dia. Até o momento nada há de
novidade para o relator dessa história porque os seus olhos estavam acostumados
a veem as aves, peixes e a chuva cair do céu. Deus disse: “Façamos o homem a
nossa imagem e semelhança.”... Foi o sexto dia... [Gen 1, 1-31]. Aqui ele
afirma a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, pois o verbo está no plural:
“Façamos”. Homem é toda a humanidade masculina e feminina. Aqui nesse relato se
esconde um sincronismo da presença do filho que será o novo Adão.
Não há novidade nenhuma nesse
relato, pois o autor faz uma analogia do que está vendo. O mais importante
desse relato é que ele afirma que é Deus o criador de tudo. E tudo ele afirma
que Deus viu que era bom. Ao afirmar essa verdade que tudo é bom o que Deus
criou, ele relata que o que não é bom é culpa do homem que quis ser maior do
que o seu criador. Quis caminhar e passar do limite; andar com suas próprias
pernas, dependente sem a ajuda de Deus. E não é assim que vive o homem até
hoje? Nada é novidade o que ele escreveu. Tudo estava perante os seus olhos e
aos nossos também. Aqui ele cria uma mitologia: Adão, Eva, cobra... [Continue
na próxima página]...
Quando Deus fez o homem trouxe os
animais de várias espécies para o homem dar-lhes o nome e se lhe agradava para
seu desejo. O homem deu o nome a todos, mas nenhum lhe agradou. Então ele fez a
mulher. Quando o homem acordou e viu a mulher a seu lado disse: “Eis agora
aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se
chamará mulher, porque foi tomada do homem. Por isso o homem deixa o seu pai e
sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne. Aqui,
nesse relato, nasceu o matrimônio conjugal do homem e a mulher. Nesse relato há
alguma novidade? Não é assim a sociedade formada de uma família? Veja que nesse
relato ele afirma que Deus chamou todos os animais para que o homem desse o
nome a cada um deles. E não é verdade que tudo que existe, na criação: animais,
vegetais, minerais, nomes de todos os planetas e o que há em outras galáxias
foi o próprio homem que deu o nome em tudo? O tempo cronometrado, dia, noite,
ano, tudo foi criado pelo homem. Nada nesse relato é novidade, pois ele escreve
o que já tem conhecimento da história e da geografia; da matemática e da
ciência. Só que os números são simbólicos e não são números matemáticos e nem
aferíveis, bem como as personagens. Para Deus, não há cronometragem e nem
tempo, pois ele está fora do tempo, porque ele não teve princípio e nem terá
fim.
Veja a criação de mitos para ser
transformados em verdade: No sexto dia Deus fez o homem à sua semelhança, isto
é, perfeito e bom. O erro veio depois de o homem usar o livre arbítrio e querer
ser mais de que seu Criador. Aqui, o autor faz uma redação mitológica de
serpente, da árvore da vida e outras que dá fruto bom e mau. Tudo é simbólico e
metafórico para dizer como nasceu o pecado. Mas ele não diz que pecado foi. Só
sabe que toda a humanidade é pecadora.
Explicando a mitologia da
serpente, esta era adorada pelos povos politeístas como a deusa. E o relator
afirma que essa deusa é má e sedutora. Ela representa todas as consequências do
mal que o homem pratica. Todos nós carregamos na nossa consciência essa
serpente que nos incomoda a dizer que somos deuses e somos dependentes e Deus é
um ciumento. O homem anda até hoje querendo andar com seus próprios pés e
divorcia-se de Deus com essa atitude de ouvir a serpente. A simbologia da
serpente não enganou a mulher, mas engana até hoje a humanidade. Há várias
espécies de serpentes e todas são venenosas, mas o homem adora-a e dela faz-se
seu deus e por causa dela há conflitos, guerras, dominações e cada vez mais a
torre de “Babel” sobe, mas não se encontra com o seu Criador. Tanto a árvore do
bem, do mal e a serpente, a humanidade carrega em si mesma essas imagens. E se
tornou escravo delas. Todos têm a tendência de fazer mais o mal do que o bem. Todos
nós somos forçados a fazer o mal ou o bem por causa da lei. Nem a Lei de Deus e
nem a dos homens é boa para ser cumprida pelo homem. Andamos de muleta, cuja
muleta é a lei. Nisso somos escravos da Lei. Vou dar um exemplo: Quem gosta de
pagar imposto de renda ou outro qualquer? A de Deus: Quem gosta de amar o seu
semelhante e ver nele o próprio Deus? Amai o próximo como a mim mesmo? Perdoar
os inimigos? Fazer o bem sem exceção? Tudo isso é difícil para o homem cumprir
com amor e não por obrigação. Existe uma lei natural que eu não posso fazer o
mal. E quando eu faço a sociedade me cobra e me pune, a justiça me pune. E de
Deus eu deixo de receber a sua graça porque O ofendi. Não podemos deixar a
muleta: a Lei. Já o justo não precisa de lei. Não anda de muleta.
A história do Gênesis é a nossa
própria história. O relator descreve o que já é conhecido há muito tempo: do
passado, do presente e do futuro. Nada é novo para ele e nem para nós. O pecado existe até hoje e perpetua, na
política, na família, na sociedade e nas religiões, pois ninguém quer caminhar
juntos como irmão, irmã, sendo um só pai: Deus. O Deus trino é uma forma de
catequizar e ensinar a unidade entre os homens, mas, na realidade só há um Deus
verdadeiro de Deus verdadeiro, que se encarnou para mostrar a humanidade como
deve viver perfeita como aquele que se tornou homem: Jesus Cristo. Ele é o novo
Adão, que morreu para destruir a morte da morte causada por Adão, o pecador, que
a humanidade herdou. Todos nós devemos ser um novo Adão, um cristo para o
outro. Mas tudo sem ideologia, mas com a pureza da alma e a beleza do amor: “A
sabedoria”. Pela sabedoria nós recebemos o dom da perfeição: Dom natural e o
dom sobrenatural. Não há separação para agradar a Deus se não agir com as duas
ações reciprocamente. É assim que age o cristão, a cristã imitando viver como o
Cristo Jesus. Aceitar Jesus é viver como ele viveu: amando e perdoando;
praticando a justiça e denunciando as injustiças dos injustos: demônios de
carne e osso sempre presentes: na política, na sociedade, na família e na
igreja como joios. O Adão e a Eva de hoje geram menos Abel e mais Caim; ambos
de carne e osso. Aqui, não há mais simbologia, mas a realidade do mundo em que
vivemos. Adão é a humanidade masculina
pecadora e Eva a humanidade feminina pecadora. Abel é o cristão que vive como o
Cristo; Caim é todos os que praticam o mal: o genocídio, fratricida ontem, hoje
e até o fim dos tempos. O mundo está cheio de Caim, não mais um simbolismo, mas
real de carne e osso. E poucos são o que se parece com Abel, simbolismo de
Jesus Cristo.
Hagá Ribeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário