segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O AMOR DE MARIANA.


O AMOR DE MARIANA.
Do livro Carinhanha e sua história.
De Honorato Ribeiro. (Pag 56 a 59).

Capitão Rômulo Dias, um fazendeiro bastante rico, proprietário de várias terras, tinha vários filhos, os quais lhe obedeciam e sempre estavam ao lado do pai ajudando na labuta diária na fazenda. Ele tinha três filhas muito bonitas e prendadas. A educação e o respeito para com ele era bastante rígida. Todos teriam de lhe obedecer e nenhum fazia desgosto ao pai. A filha mais nova era simpática, elegante e educada. Todo habitante da pequena cidade gostava muito dela, pois era alegre e sorridente. Como sempre a mocinha quando chega a idade procura logo um namorado. Ela se chamava Mariana. Sempre estava sonhando um dia encontrar um jovem namorar e casar. Ser uma boa mãe de família era o sonho de Mariana.
Um dia ela se encontrou com um jovem da mesma cidade e se interessou nele. Ele era de família tradicional e bom rapaz. Ele se chamava Antônio José. O seu primeiro encontro foi para Mariana o sonho que mais sonhara, pois Antônio José era simpático e correspondeu ao amor de Mariana. Começaram a se encontrar as escondidas, pois seu pai era muito ciumento e não deixava suas filhas namorar sem o seu consentimento.   Se ele não fosse com a cara do rapaz, não tinha namoro e nem tampouco casamento. A sua palavra era de rei: não voltava atrás em suas decisões. E Mariana sabia como o pai era: severo. Mas Mariana estava disposta a enfrentá-lo tudo pelo grande amor que tinha para com o jovem Antônio José. Ela pretendia se casar com ele. Era o amor de sua vida. Ficou apaixonadamente por ele.
Um dia, ela resolveu falar com seu pai que estava gostando de Antônio José e queria se casar com ele. Pedia ao pai o seu consentimento. O coração quase saindo pela boca; tremendo e ansiosa para ouvir a resposta do seu pai. O Capitão Rômulo respondeu para a sua filha, o que ela não gostaria de ouvir: Não. Absolutamente não. Eu conheço aquele rapaz e com ele não deixarei você se casar. Pode acabar o seu namoro com ele hoje mesmo, está me ouvido? Ela ficou triste, chateada e começou a chorar loucamente, pois já estava apaixonado por Antônio José. Mas ela não desistiu e começou a se encontrar com Antônio José às escondidas. Seu amor era mais forte do que o não duro e seco do seu pai. Mas Mariana não desistiu e de quando em quando ela tornava a implorar ao pai para que ele deixasse ela se casar com Antônio José. Mas ele era firme, pois, era capitão de patente comprada da Guarda Nacional. Tinha que educar de sua maneira e não permitia desobediência nenhuma de qualquer filho que fosse: homem ou mulher. Ainda educava os filhos daqueles tempos que o pai era quem escolhia o rapaz para se casar com sua filha.
Antônio José também estava apaixonado por Mariana e queria se casar com ela ter muitos filhos. Quando soube que o pai de Mariana não consentiu nem mesmo o namoro ficou triste, mas aguardava com paciência o sim do pai de Mariana.
Um dia, o capitão Rômulo descobriu que sua filha não tinha desistido do namoro com o jovem Antônio José e resolveu levar a filha para a sua fazenda, a fim de esquecer o rapaz. Lá, na fazenda, de coração aflito e magoado, pois o seu pensamento só fixava no seu grande amor, seu príncipe encantado, seu Romeu, não conseguia dormir. O sonho sonhado era de olhos abertos vendo a imagem do seu grande amor; via o dia amanhecer e a alvorada dos pássaros cantando na copa do juazeiro à frente da fazenda. Cheia de coragem, na hora do café, ela pediu ao pai para que ela voltasse para a cidade, mas o pai não lhe atendeu. Ela ouviu novamente aquele não seco e autoritário. Mariana se recolheu em seu quarto chorou até que os soluços se transformaram em estresse. Louca de amor começou a imaginar coisas absurdas: A na cabeça rondava o leão rugindo querendo lhe devorar. Vieram-lhe tentações, tendências loucas, mas lutava na busca de dialogar com o pai e persistir pedindo-lhe o sim, fazendo-lhe feliz. O pai ignorava o que passava na cabeça da filha; o que é amor verdadeiro de uma jovem de apenas 18 anos de idade, quando se apaixona. Ele ignorava tudo com sua resposta de sempre não. Não dormiu a noite e levantou cedo; escovou os dentes, penteou os cabelos, sentou-se à mesa e tomou café com o pai, calmamente. Os olhos eram de ontem. Então ela resolveu, mais uma vez, mais sério conversar com o pai. Decidiu, pela  última vez, que o pediu para se casar com Antônio José. Seu pai já tinha acabado de tomar o café e deitou-se na rede, como de costume. Então, Mariana aproximou-se do pai e disse-lhe:
-Pai, pelo amor de Deus, eu lhe suplico, deixe-me casar com  Antônio José. Ele é um rapaz bom, de família boa...
-Não quero. Já lhe disse mais de mil vezes. Deixe de ser teimosa.
-Mas, pai, eu amo Antônio José... O senhor me entende? O senhor está fazendo-me  sofrer! E ser infeliz!
-Entendo, sim. Mas eu não quero e você sabe disso. Quando eu não quero uma coisa é ponto final.
-É a última palavra do senhor, meu pai?
-É a última, entendeu? A última e não me amole.
-Entendi, meu pai. Não vou mais lhe aperrear.
Mariana se recolheu no seu quarto e teria de se conformar ou escolher: Ou o amor que tinha para com Antônio José ou a sua vida não teria mais sentido de tê-la. Gostaria muito de viver ao lado daquele que ela amava loucamente, mas seria impossível, pois seu pai era o grande obstáculo entre ela e seu bem amado. Então ela resolveu escutar o lado esquerdo do cérebro: O mau, pois, dentro de cada um de nós existem dois mundos: O do mal e o do bem. Ela escolheu o do mal. Foi essa a sua opção. Então ela pegou um copo d’água e colocou dentro do copo com água veneno e disse consigo mesma: É, meu pai, prefiro morrer de que viver sem o amor que tenho por Antônio José. A vida para mim não tem mais sentido. Depois, levou o copo à boca e bebeu suicidando-se. Assim que acabara de beber caiu no chão para nunca mais ouvir do pai o “não” seco e autoritário.
O capitão Rômulo ouviu uma forte pancada de alguma coisa caindo no chão. Levantou-se da rede e correu às pressas para o quarto da filha. Quando ele entrou, viu a filha estendida no chão sem vida. Ele olhou para o lado, e viu um copo sobre a mesa e um pacote ao lado com algum resto de veneno. Compreendeu que a filha tinha se suicidado. Sua mente encheu-se de remorso, pois, ele foi o único culpado de não entender o que era amor no coração de uma jovem adolescente. O seu coração de pedra, fê-lo uma grande tragédia, pois, ele a amava muito por ser a caçula.
O capitão Rômulo trouxe o corpo da filha para a cidade. Toda cidade se chocou quando o povo soubera o porquê que Mariana tinha se suicidado. Foi horrível a notícia do suicídio de Mariana e todos lamentaram, pois, era jovem bonita e todos gostavam dela. Antônio José ficou chocado, revoltado contra o capitão. Mas não podia mais fazer nada. Perdeu seu grande amor por causa, simplesmente, de uma má compreensão da parte do pai de Mariana. Mariana não se matou, obrigara a si matar. O amor por alguém se torna uma paixão, uma loucura; é mais forte do que “Sansão”. Nessa história de Mariana, a Dalila foi quem morreu e não Sansão. Há muitas Marianas que se suicidaram por imposição daqueles que não souberam, não experimentaram o gosto de saber amar.

FIM.

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