terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Anedota maatuta.

ANEDOTA MATUTA.
Contada por Honorato Ribeiro.
Um matuto era vaqueiro há muito tempo numa fazenda de um senhor muito rico. Mas o matuto não conhecia a cidade e não tinha costume de ver gentes civilizadas. Certo dia o patrão disse para ele:
-Chico, amanhã você arreie  seu cavalo cedo e vai à cidade assistir à missa.
-Tá certo, patrão.
No domingo bem cedo, o vaqueiro Chico arriou o cavalo e partiu para a cidade. Chegando lá debaixo de uma mangueira, saltou do cavalo e o marrou. Seguiu para a igreja. Chegando lá, não havia ninguém e ele sentou na última bancada. De proporção que o povo ia chegando e sentando junto dele, ele saia sentava na outra e assim o fez sucessivamente até na última bancada. Ele estava com medo de o povo fazer alguma coisa contra ele. Então ele resolveu subir o altar e sentá numa cadeira ao lado do altar. Quando ele viu entrando o padre e o sacristão para celebrar a missa. A missa era celebrada em LATIM. A fazenda do vaqueiro se chamava TORORÓ. O padre começou a celebração em latim e abriu os braços para o povo e disse: Dominus vobiscum. Respondeu o sacristão: Et cum spíritu tuo. Nesse momento o matuto já estava morrendo de medo e os olhos arregalados pro padre. O padre virou para frente do altar; subiu os degraus e disse com os braços abertos: Oremos!..
O matuto saiu correndo feito um louco e pegou o cavalou, meteu as esporas, o chicote no pobre cavalo numa carreira de louco até a fazenda. Quando chegou lá, saltou e entrou porta adentro e o patrão o recebeu lhe perguntando:
-O que foi Chico, que aconteceu?!
-Meu patrão, num vou mais naquele lugar.
-Mas, por quê, Chico?!
Vou lhe contá, patrão. Cheguei lá, num tian ninguei e eu sentei num banco cumprido. Daí veio uns home cum as mué me imprensano. Eu saí sentei notro e notro, e eles me apertano. Num tian mais banco e curri e sentei num lá irriba perto duma mesona. Quando eu vi, patrão, chegou um home de saia e arregalou os zoio pra mim, abriu os braços pro povo e perguntou: Donde é esse bicho? E o povo respondeu, patrão: è do TORORÓ. Ah, quando eles dissero donde eu era, patrão, o home de saia virou pra mim, subiu pra cima de mim, abriu os braços e disse: AGARREMOOOO... Aí, patrão eu saí na carreira, peguei meu cavalo, nem zoei pra traz e aqui estou e num quero mais sabê de ir naquele lugá...
Explicando o que o matuto entendeu e interpretou: Dominus vobiscum: Donde é esse bicho? Et cum spiritu tuo: É do Tororó. Oremos: Agarremo.
O matuto tinha suas razões. 

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