ESTÃO ADULTERANDO O CRISTIANISMO.
Jesus nasceu de uma pobre mulher
doméstica para ensinar os homens a viver como ele viveu. Escolheu pessoas
simples para serem seus discípulos. Veio corrigir o seu povo com uma nova
doutrina de Amor. Aboliu o dente por dente e ensinou a amar e perdoar. Por
causa desses valores ensinados por ele é que os seus o rejeitaram. Ele abriu o
maior leque universal: A Boa Nova, a “Rerum Novarum”, para o mundo inteiro
aprender amar. Por causa dessa abertura, acusaram-no como malfeitor e o
condenaram à morte de cruz.
Agora, faço-lhes uma pergunta: Se
Jesus vivesse somente a fazer milagres, contando parábolas, ensinando a orar,
cantar salmos, louvores apologéticos, não mexesse com a cúpula religiosa e dos
escribas e fariseus chamando-os de hipócritas, sepulcros caiados ele teria sido
condenado à morte mais bárbara que foi a de cruz? Se ele não violasse a lei do
sábado, dando prioridade mais ao ser humano de que o sábado, não violasse a lei
de Moisés, o divórcio, ele teria sido pregado na cruz? Se ele não estivesse
dado tanto valor aos pobres
chamando-lhes de bem-aventurados; e aos que fossem perseguidos, caluniados e
mortos por causa do evangelho, ele seria condenado como fora? Bem, eu acredito
que não. Mas ele foi morto não porque foi decretado ou destino marcado, como
muitos pensam, que ele teria que morrer assim como morreu. Não. Condenaram à
morte de cruz como um bandido, porque mexeu com muita gente da alta cúpula
religiosa, o clero e dos que viviam da economia do Templo. Jesus predisse a
destruição do templo, quando descobriu a grande corrupção do clero religioso.
Ele acusou o alto clero que transformou a casa de Deus, o Templo, em covil de
ladrões. Fez um forte discurso [eis o chicote] contra quem vivia da economia do
Templo. Aí foi a gota dágua. E aconteceu tudo que Ele dissera, nos anos
setenta. Tudo foi destruído; e até hoje não reconstruíram o Templo. Você sabia
quantos empregados havia no Templo? Milhares de pessoas viviam da renda do
Templo, e os soldados romanos viviam pela renda dele, o grande tesouro dos
judeus e religiosos? Era o grande banco econômico. Agora, analise o porquê da
condenação de Jesus à morte de cruz, se você estudou cristologia e
historicidade do cristianismo. Para você analisar é preciso ter a visão cristológica
e hermenêutica, senão vai ler ao pé da letra e dizer que tudo o que está
brevemente relatado nos evangelhos foi Jesus que falou, pois estou lendo aqui.
Mas os evangelistas não escreveram a biografia de Jesus e nem escreveram
jornalismo e história da vida de Jesus. Os relatos são breves e foram escritos
para formar e não para informar. Ninguém escreveu ao vivo com um gravador a
relatar com precisão o que Jesus ensinou. Segundo os exegéticos e teólogos só
conhecemos um décimo da vida de Jesus. Nove décimos são mistérios. Daí a
dificuldade de o cristão entender o que está escrito nos evangelhos. O pior é
que 90% leem como se estivessem lendo uma notícia jornalística.
Os evangelhos surgiram a partir
dos anos setenta; quem conviveu com Jesus já havia morrido inclusive os
apóstolos. 90% dos cristãos não têm uma formação teológica e nem catequética.
Não receberam uma catequese de adulto; apenas seguem a tradição e o ritualismo.
Aí está o grande perigo de adulterar o cristianismo por ler ao pé da letra e afirmar
que foi desse jeito que Jesus ensinou. Nada foi ao vivo e nem gravaram nada do
que Jesus ensinou e nem podia, pois gravador, celular, câmaras de gravar imagem
e som não havia naquela época. Por isso, não poderá afirmar que tudo que está
escrito foi Jesus quem falou. Nada foi escrito na língua de Jesus, mas na
língua grega e nenhum evangelho foi escrito na terra de Jesus.
Bem, agora, vou relatar com
cuidado, o que me parece lógico, porque estão adulterando o cristianismo. Jesus
jamais ensinou a ninguém orar, cantar, louvar, chorar emocionado indo às
igrejas gritar o seu nome: “Jesus, Jesus, cuide de minha dor, do meu problema
econômico, financeiro; eu te amo, Jesus, venha logo e me cure! É isso que a
gente vê de quem se diz cristão. Cura do corpo biológico, e a alma espiritual,
não. Muitos assumem a ser guias de cristãos para lhes garantir um emprego e
ficar rico, o que Jesus nunca ensinou e nem viveu. Esse tipo de oração é carnal
sem o espírito ligado à conversão e a perfeição do que fomos chamados. A oração
deva ser com invocação do Espírito Santo e não oração patológica que se
transforma em fetichismo, longe de agradar a Jesus. Veja como viveu São
Francisco de Assis, irmã Dulce e muitos santos. Um grande exemplo bíblico é a
vida de São Paulo apóstolo. Leia os Atos dos Apóstolos e veja como viveram os
cristãos, como foi a morte do diácono Estêvão, de João Batista, que teve a
coragem de dizer para o rei Herodes, que ele tinha cometido um grande pecado
possuindo a sua própria cunhada, esposa de seu irmão Filipe, como sua esposa,
deixando a sua própria esposa rainha. Aí está o protesto contra o divórcio. Mas
os cristãos, hoje e sempre, largam por brincadeira a sua esposa e se divorcia.
Outros saem de sua igreja e vão para outra, porque ela condena o divórcio.
Abandonam a fé e a obediência da igreja e se casa outra vez na nova igreja onde
se fez prosélito. Mas foi essa uma das causas da condenação de Jesus. “Quem
Deus uniu não separe o homem”. “Ai de vós que sois ricos”. Escolha: ou Deus ou
o dinheiro”.
Muitos se dizem cristãos, mas não
veem o Jesus faminto, o Jesus com sede, o Jesus despido, o Jesus sem moradia, o
Jesus enfermo e no cárcere. O fanatismo cresce dia a dia e enchendo as igrejas
de falsos cristãos a orar como papagaio sem fazer sequer uma avaliação do que
significa ser cristão ou agradar a Deus. Veja o que disse Santo Agostinho: “Noverim
me, noverim te. Significa: “Se eu me conhecesse, conhecer-te-ia”. Aí
está a solução de quem quer ser cristão. Primeiro conhecer a si mesmo, para
depois conhecer o Cristo e os valores que ele deixou para ser perfeito como o
foi. Pelo que vejo estão transformando Jesus num médico e assistencialista em
lugar dos médicos; e a igreja a se transformar em hospital ao invés de fiéis
fá-los-ás em enfermos e pacientes. Isso é deveras atitude de um cristão? Onde
está o profetismo? Muitas crianças morrem de fome por dia no Brasil e os
cristãos enchendo as igrejas para orar, louvar e cantar como se essa ação
agradasse a Deus. As letras das músicas, tanto de um lado como de outro, são
letras apologéticas sem sentido nenhum de doutrinar ou de catequizar aquele que
ouve a mudar-se de vida. É preciso uma mudança radical e parece-nos que o papa
Francisco vai começar da raiz. Ele já deu o exemplo. Não é na igreja que se
encontra com o Cristo, mas nas periferias em busca dos excluídos e
marginalizados. Foi isso a vida de Jesus, sempre ao lado dos mais pobres e
excluídos; dos ébrios, prostitutas sem valor nenhum no meio social, político e
religioso. Para o judaísmo, toda pessoa que tivesse defeito físico: aleijado,
cego, coxo, leproso, lunático era tido como excomungado, excluído do meio
social e religioso. A mulher não tinha valor nenhum nem os pobres e as
crianças. Jesus mostrou que o sábado não era mais importante de que essas
pessoas excluídas. Primeiro encontro de Jesus com a samaritana quebrou toda
estrutura religiosa e social daquele tempo; sua ressurreição ele apareceu
primeiro a Maria Madalena.
Os apóstolos seguindo a tradição
e costumes afastaram as crianças de Jesus. Ele os repreendeu dizendo-lhes:
“Deixai as criancinhas virem a mim, porque delas é o Reino dos céus”. Será que
os cristãos entendem o que significa essas palavras de Jesus para com as
crianças? As crianças estão bem cuidadas, pensadas pelos cristãos? Não. Eles
dão mais valor indo à igreja, cantar, louvar e falar o nome de Jesus milhares
de vezes sem sentido doutrinário nenhum do que ser o bom samaritano. Quantas
crianças vivem drogadas e abandonadas sem nenhum valor de ser gente; sem
nenhuma assistência; outras se jogam à prostituição para não morrer de fome e
exploradas pelos que possuem dinheiro, o seu deus. Mas passam ao lado do estendido à beira da estrada e não o assiste
como o samaritano e enchem a igreja ouvindo emocionadas as letras de músicas
que louvam o nome de Jesus com coros apologéticos onde a nave da igreja fica
repleta dos que não assumem como cristão. Ir à igreja é salutar ação, mas ao
sair precisa a ação natural e sobrenatural. Tem que ser e agir como o bom
samaritano.
Jesus contou duas parábolas que é
a sua biografia e a do cristão: “A parábola do samaritano e a do filho
pródigo.” A primeira mostra que a caridade está em primeiro lugar: cuidar dos
enfermos e dos excluídos. A segunda mostra que Deus é pai misericordioso que
preocupa muito com os filhos pródigos. Quem quer ser cristão deva preocupar-se
com os necessitados e excluídos. Ser servidor e nunca ser servido. Esses são as
verdadeiras igrejas de Cristo. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja”. Pedro está representando a humanidade nos valores sagrados de
ser cada um a Igreja de Cristo. Igreja, templo do Espírito Santo e não igreja
de pedra feita pelas mãos dos homens. Quando Paulo fala às igrejas de
Coríntios, Gálatas, Efésios etc, fala às comunidades e não construções de pedra.
Igreja é uma palavra grega que significa: chamado para fora. Aí está porque o
papa fala para os padres saírem da sacristia e irem ao encontro do povo nas
periferias levar o Cristo ressuscitado e ensinando os valores deixados por Ele.
E todos os cristãos deverão viver solidários como irmãos em Cristo. Que as
homilias não sejam dogmáticas, mas de um profetismo que incomodam os que andam
nas trevas.
Terão de assumir a vida de
cristão. Enxergando Jesus naquelas pessoas excluídas e famintas. Cristão que se
cala perante os políticos corruptos e dos violadores da ética e da moral a
cambalear nas cátedras dos poderes políticos, não poderá ser chamado de cristão
e nem assumir o presbiterato. Que cristão é esse que o culto é mais importante
de que cuidar dos necessitados como o samaritano?
São muitos os excluídos de todas
as classes sociais. Finalizando quero deixar bem claro que o cristão se
completa na igreja vivendo em comunhão fazendo parte das celebrações
eucarísticas sem deixar de ser um bom samaritano. Viver a vida em ação, em
obras; praticar a vida natural e a sobre natural. Ser cristão anunciando a Boa
nova, transformando o mundo em Reino dos céus.
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