segunda-feira, 30 de setembro de 2013

20º CURSO DE TEOLOGIA.




[20º CURSO DE TEOLOGIA]


Somente Lucas narra que o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela iria ficar grávida e dá à luz o Messias. [Lc 1, 26-36]. Mas, quando ele escreveu o seu evangelho, depois dos anos oitenta, Jesus já havia morrido há mais de 40 anos. Como é que ele narra que o anjo Gabriel saudou a Maria afirmando-lhe que ela, pelo poder do Altíssimo, ficaria grávida de Jesus, se Lucas não estava lá para ver esse diálogo do anjo Gabriel com Maria? Será que ele conheceu Maria? Creio que não, como também não conheceu a Jesus. E como iremos entender essa narração lucana? Fazendo-se uma exegese para entender a teologia de Lucas temos de entender Historicidade e Cristologia. Lucas, nesse relato, retirou do livro de Daniel e colocou na boca do anjo Gabriel toda narração do anúncio do anjo a Maria. [Dn 9, 21-23.]. [Is 7, 13-17; 9, 1]. Ele faz um paralelismo dos livros de Daniel e de Isaias e encaixa na vida de encarnação de Jesus no seio de Maria. Somente Lucas é que narra o anjo Gabriel se apresentando a Maria com a saudação de ave “cheia de graça”.... Os outros evangelistas não narram essa passagem do anjo Gabriel com Maria. [É bom que leia nos livros mencionados para melhor esclarecimento]. Entretanto Maria ficou grávida de Jesus pelo poder do Espírito Santo. Com esse paralelismo o relato de Lucas não nega a historicidade de Maria de ter dado à luz o filho de Deus; e nem tira a maternidade de Maria prenhe de Jesus pelo poder do Espírito Santo. O relato de Lucas é teológico e não histórico.  Os evangelistas escrevem teologia da história e não história da teologia como noticiário jornalístico. Portanto, os exegetas e teólogos não sabem nada sobre Maria. Quando ela morreu, onde foi enterrada, onde fica o túmulo dela. Nada se sabe sobre a vida dela,  embora Lucas citasse na anunciação do anjo Gabriel, e o cântico do magnificat e visitando a Isabel. O cântico do magnificat foi inspirado no cântico de Ana no livro de Samuel. [1Sam 2, 1-10] E muitas frases que contém nos Salmos: [Sal 109; 102, 17; 88, 11; 106, 9; 97, 3 e no livro de Isaias 40, 8s, estão contidos no Magnificat. Há, entretanto, um trecho do magnificat que se tornou profético: “Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é santo”. [Lc 1, 48-49]. Assim, realmente, depois de Jesus é a criatura mais louvada e exaltada, mais bem-aventurada. [Apologia]. Ela é a mulher do Gênesis e do Apocalipse: “Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher  revestida do sol, a lua debaixo  dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas.[12 apóstolos; as 12 tribos de Israel]. Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz”. [Ap. 12, 1-2]. Os exegetas afirmam que essa Mulher a mãe mística é a cidade de Deus, a Jerusalém celeste. Ela dá à luz a Cristo e em seguida a Igreja dá à luz os cristãos; essa Mulher é mãe de Jesus Cristo, a mãe da Igreja e dos cristãos. A Igreja sendo perseguida pelo poder romano foge com dores de parto para poder dar à luz o seu filho, o Cristo [Deus Igreja, Igreja Deus] e seus irmãos. [O livro narra as perseguições contra os cristãos, a Igreja: Jesus Cristo]. Entretanto Deus está sempre presente nos santos e nos anjos. Deus poderia comunicar com Abraão, e salvar Ló com sua família, como também os amigos de Daniel na fornalha ardente, mas enviou seus anjos. Poderia comunicar com Zacarias diretamente, que a sua esposa iria conceber um filho, na sua velhice e não mandaria um anjo o anunciar. Mas Deus serve de seus mensageiros para nos comunicar e para receber os nossos pedidos. Não pode negar essa realidade. [Jesus é a cabeça e nós seu corpo místico formamos a Igreja].
Maria sabia todos esses relatos desses livros do Antigo Testamento. [é bom que leia esses livros citados para entender melhor a exegese do cântico do Magnificat de Maria e o relato do livro do Apocalipse]. Aqui Lucas fez um paralelismo desses livros do Antigo Testamento com o cântico do magnificat de Maria. É um verdadeiro midraxe esse relato lucano. Depois ele cita a presença de Maria nos Atos dos Apóstolos. [At 1, 14]. João relata o seguinte: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. [Jo 19, 25]. [Este relato é puramente teológico sobre a presença delas ao pé da cruz com João, o apóstolo]. Portanto os livros do Novo Testamento, que são 27 livros, nada falam sobre a vida de Maria e nem dos apóstolos quem foram eles, de onde eles eram, onde moravam, onde morreram e foram sepultados, nada. O que interessa aos evangelistas é somente a cristologia, quem foi Jesus Cristo. Ainda existem muitos mistérios sobre Jesus, principalmente a sua ressurreição. E os únicos que foram apóstolos de Jesus que o povo conhece e fala sobre eles é: Pedro, André e Tomé. Dos outros nem sequer falam o nome deles. Somente de Jesus existe o Santo Sepulcro em Jerusalém, que até hoje milhares de pessoas visitam-no. Mesmo a vida de Jesus nós sabemos apenas um décimo dela e mais nada. Mesmos os exegetas que estudam a cristologia e a historicidade de Jesus não sabem mais do que um décimo de sua vida terrestre.
É muito difícil para leigos entenderem ao ler a ”Paixão e morte de Jesus Cristo, nos evangelhos sinóticos, pois, ao confrontá-los parece-lhes uma controvérsia ao não entender e não saber interpretar com uma boa exegese as perícopes relatadas, nos sinóticos, com narração teológica etiológica e cristológica. Um escreve de um jeito a sua teologia e lhes parece que vai de encontro com outros, como por exemplo: Lucas escreve a paixão e morte de Jesus, completamente diferente de Mateus e Marcos. Marcos e Mateus têm as mesmas linguagens sinóticas, mas Lucas se difere dos dois. É isso que, numa visão catequética, teológica e exegética explicarei o relato de cada um com sua comunidade e esclarecerei, em forma de catequese, para aqueles que leem os evangelhos dos três com um pouquinho de exegese do meu jeito de interpretação longe de ser-me fundamentalista. Vejamos primeiro Mateus e Marcos:
Mateus escreveu que Jesus foi crucificado ao lado de dois ladrões, os quais blasfemavam contra Jesus. Nenhum dos dois ladrões pediu a Jesus, que, quando estivesse no paraíso se lembrasse dele. Pelo contrário, ultrajaram-No. Em Lucas aparece o “bom ladrão” e que esse, segundo a tradição, se chamava “Dimas” e recebe de Jesus o perdão e o céu. Já em Mateus e Marcos nenhum dos ladrões reconhece Jesus como inocente; pelo contrário, blasfemavam-No e insultavam-No. Marcos afirma que Jesus foi crucificado entre dois bandidos. Bandidos não é sinônimo de ladrão. Bandido é quem faz arruaças, malfeitor, pessoa maldosa. A fonte dos evangelhos sinóticos é Marcos por ser ele o primeiro a escrever o seu evangelho nos anos oitenta. Mateus e Lucas basearam-se no evangelho de Marcos. Nem Mateus e nem Marcos afirmam que um dos ladrões se arrependeu e reconheceu que Jesus fosse inocente; a ponto de reclamar a seu companheiro que eles estavam pagando por merecimento da vida má como ladrões. Nenhum dos dois evangelistas conta esse relato de um ladrão arrependido. Somente Lucas que fala sobre o bom ladrão, que se arrependeu e pediu-Lhe que se lembrasse dele quando estivesse no paraíso. [homilia]. Mateus e Marcos falam que os soldados teceram uma coroa de espinho e colocou na cabeça de Jesus. Lucas não fala sobre essa coroa de espinhos. Eu acho um pouco duvidoso esse relato e difícil de si acreditar, que os soldados iriam à mata procurar alguma planta que tivesse espinhos para tecer uma coroa para colocá-la sobre a cabeça de Jesus. Eu acredito que essa coroa foi um ato de humilhação, talvez fosse um pano enrolado em formato de uma coroa. Ainda penso que na palestina não há planta espinhosas como em nosso país. Lucas não fala nessa coroa de espinhos. Portanto, essa coroa de espinhos podemos entender que são os sofrimentos e humilhação que Jesus sofrera e os momentos agressivos psicologicamente até o alto da cruz. Marcos não era judeu e nem foi discípulo de Jesus. Ele era discípulo de Pedro e companheiro de Paulo. Paulo também não conheceu a Jesus. [Aqui mostro um relato sobre São Paulo, pois é Lucas o autor do livro dos Atos dos Apóstolos].
A conversão de Paulo aconteceu no caminho de Damasco. Damasco não fazia parte do domínio das autoridades de Jerusalém, porque Damasco pertencia a Grécia e não a Jerusalém. Narra o livro dos Atos dos Apóstolos que Saulo havia aprovado a morte do diácono Estevão. [Esse morreu apedrejado]. “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor”. Saulo era um dos discípulos de teologia de Gamaliel [Famoso doutor de teologia] e defendia a Lei judaica, pois, na sua visão como religioso do judaísmo, os discípulos de Jesus anunciavam uma doutrina falsa. “Por esse motivo ele se apresentou ao príncipe dos sacerdotes, e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que achasse seguindo essa doutrina.” [At 9,2]. Como poderia Paulo pedir carta para a sinagoga de Damasco se não era jurisdição do príncipe dos sacerdotes? Damasco pertencia a outro país e não pertencia a Jerusalém. [Já citamos acima]. O redator desse episódio não se preocupou com o relato ocorrido fora do poder sacerdotal. Ele não escreve geografia, mas teologia. O que lhe interessou foi mostrar como Saulo se converteu, e, depois, que foi batizado mudou-se o nome de Saulo para Paulo. [a luta de Saulo contra Paulo é a mesma de Jacó]. Aqui, Lucas faz uma verdadeira catequese nos ensinando como viver a vida de cristão e como é a verdadeira conversão relatando a de Paulo. [Ensinamento pastoral]. Esse relato de Lucas mostra-nos o que é conversão. Conversão é uma mudança radical de uma pessoa que vive cega, isto é, sem a luz da espiritualidade, saindo das trevas para o encontro da verdadeira luz, que é Jesus Cristo. Saulo prenhe do Espírito gerou Paulo o apóstolo dos gentios. 

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