sexta-feira, 17 de julho de 2015

A JOVEM SUZANA.




O PRECONCEITO SOCIAL.
3ª PARTE.

Se o senhor impedi-la de ela não ir a esse evento eu comunicarei ao meu irmão, seu superior, imediatamente e o senhor, sargento Araújo, irá embora daqui imediatamente e será punido, pois essa sua atitude não é de um delegado e sim de um pau mandado.
-Puxa! Eu não sabia, senhor Samuel, perdoa-me. O senhor sabe como é o interior. Estes políticos têm força; mandou e eu tinha que cumprir, mas eu vou avisar a ele, e a Suzana poderá ir tranquilamente assistir ao jogo.
-Pois, dê o recado para esse senhor quem manda aqui, se é ele ou sou eu. Porque ela irá e ninguém irá impedi-la.
O sargento saiu e foi avisar o chefe político, que, quando ouviu, chamou a esposa e deu-lhe o recado negativo. E a Madame disse para o marido: Então, meu querido esposo, chefe do poder, você vai avisar aos jogadores que não irá mais haver o jogo. Mande suspender imediatamente, pois não podemos ser desafiados. Quero vê-la ir. O marido deu ordem para o sargento suspender o jogo; e não houve mais o campeonato E, desde então, acabou-se, tanto o campeonato como a desistências dos jogadores. O time faliu.
Mas a Madame não satisfeita, quando viu Suzana passeando no jardim da Praça da Matriz com sua irmã, ela mandou todas as moças e jovens saírem do jardim e passear na rua ao lado afastado do passeio do jardim e sua ordem foi cumprida. Era noite de domingo e o jardim estava repleto de moças e rapazes. Foi o maior absurdo que eu já vira em toda a minha vida. Preconceito social!? Machismo!? Nem um, nem outro, mas desrespeito à dignidade da pessoa humana. Graças a Deus que nunca mais houve e não haverá uma baixaria dessa em nossa terra. Mas registro, aqui, como era a nossa Carinhanha do passado: rico é rico; pobre é pobre; elite é elite e pé rapado é pé rapado, prostituta é prostituta, não tem voz e nem vez e nem vida digna de um ser humano. Carnaval de rico, no Clube Recreativo – somente os músicos eram de classe pobre – e o carnaval dos pobres na Liga Operária era de arrombar e o entusiasmo era grande.
Mas a sorte de Suzana estava para chegar e chegou. Um jovem jornalista, poeta e professor, filho dessa terra, muito inteligente, quando chegou aqui, vindo do Rio de Janeiro, e botou os olhos em Suzana, ficou louco de amor. Fez poesias, pois, era um excelente poeta de versos madrigais e fez seresta, acompanhado com o violonista Zé de Patrício, amigo, companheiro de infância, cantando noites altas à sua janela e enviava cartas e mais cartas até que “Davi” derrotou o gigante Golias. O apaixonado “Romeu” Casou-se com sua amada “Julieta” – Suzana -, e dela tiveram filhos e filhas e vivem bem apaixonados um ao outro até hoje.

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