O PRECONCEITO SOCIAL
2ª PARTE.
Viajava constantemente de avião
com ela para a cidade mineira, Belo Horizonte e outros lugares encantados.
Parecia os dois amantes do romance de Willian Shakespeare, Romeu e Julieta. Mas
é como disse a narração do evangelho de João: O filho pródigo, tal qual
aconteceu: Dinheiro foi acabando, foi vendendo avião e mais outro, carro e
ficou pobre até do seu grande amor Suzana. Suzana, que mantinha a sua beleza
impecável, voltou à casa dos pais, à sua terra natal. Assim que chegou, os
comentários se alardearam de boca em boca. As festas dançantes ela era barrada. O
preconceito social era tão grande que, quando ela saia à rua com sua irmã, as
janelas se abriam e apareciam nelas os olhares curiosos e a “matraca” a soar,
como se fosse a da semana santa nas mãos de dona “Aniceta.” Sofreu humilhações
atrozes dos próprios conterrâneos. E a pior eu vou narrar: Domingo ia haver uma
partida de jogo de voleibol em disputa de campeonato e toda a família carinhanhense
iria. Então a mulher dum político muito forte soube que a Suzana iria assistir
ao jogo com sua irmã. Então ela falou com o esposo para impedir a Suzana de ela
não ir àquele evento esportivo. Então o marido mandou chamar o sargento Araújo,
cujo sargento era o delegado. Ele atendeu ao chamado e foi. Chegando lá, foi
recebido e o político disse-lhe: Mandei lhe chamar, porque hoje à tarde vai
haver um jogo de voleibol e toda a família irá. Mas você irá impedir a
prostituta Suzana para que ela não vá a esse evento familiar. Vá à casa dela e
avise para ela não ir. E se ela teimar ou desobedecer as suas ordens, pode
prendê-la. O sargento saiu imediatamente sem saber em que balaio de gato ele
estaria entrando. Chegando lá, bateu palmas e ela foi atender. Ao chegar
perante aquele homem de farda ela disse: Que deseja?
-Eu sou o tenente Araújo e delegado
desta cidade. É que irá haver o jogo à tarde e você está proibida de ir. Se
caso me desobedecer será presa imediatamente. Estou lhe avisando.
Quando Samuel, padrasto da
Suzana, ouviu tal desaforo do tenente saiu aos berros e disse-lhe: Pois ela
vai, sargento. Quem é o senhor para impedi-la! Ela irá comigo e minha família,
tenente. Sabe quem sou eu, sargento?
-Não e nem quero saber.
-Pois vai saber agora quem
sou. O senhor conhece o coronel Arnaldo
Samuel em Salvador?
-Sim, ele é o meu chefe.
-E ele, seu chefe, é meu irmão,
sargento. Sargento, eu lhe afirmo com toda certeza que ela irá e o senhor não
irá impedi-la. Nem você e nem quem lhe mandou têm autoridade de impedi-la para
não ir à esse jogo. Ela irá e avise o seu chefe, que ela irá, ele não tem autoridade
para impedi-la.
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