domingo, 27 de novembro de 2016

TRÊS SONHOS EM VISÃO.



DIÁLOGO COM UM AMIGO.
Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos.
Um dia meus pais me apresentaram a um amigo deles. Eu era ainda pequeno tinha apenas três anos de idade. Ele me deu a sua mão e eu a segurei e nós dois sorrimos um para o outro. Daquele dia em diante, nós nos tornemos amigos. Cresci, estudei, formei-me em professor, estudei filosofia, e muitos livros de bons autores, fiz curso bíblico, relações humanas, liturgia e teologia. Depois que fiz teologia, cristologia, exegese, é que fui saber quem era aquele amigo, que os meus pais me apresentaram. É claro que eu nunca deixei de amá-lo e de encontrá-lo, interiormente nos meus pensamentos e falava sempre com ele silenciosamente dentro do meu quarto. Mas eu tive um sonho como numa visão e que repetiu três vezes sucessivamente. Vi-o chegando e entrou no meu quarto, dirigiu-se para mim e me disse:
Boa noite, Honorato.
-Boa noite!
Lembra-me de mim?
-Sim, pois nunca lhe esqueci, e você é o meu maior amigo.
-Mas você me entendeu como sou muito exigente?
-Entendi, sim. E como é difícil lhe entender, amigo!
-Quando foi que você percebeu que sou exigente?
-Quando eu li as bem-aventuranças, principalmente os versículos dez e onze e o Pai nosso.
-Por que você achou difícil?
-Achei difícil viver, principalmente essa frase: “Seja feita a vossa vontade!” Ele desapareceu e eu acordei. Foi esse o primeiro sonho que tive.
O segundo sonho ele me apareceu muito triste. Não sorriu para mim. E eu lhe perguntei:
-Por que está triste e não sorriu para mim!? O que houve entre mim e você?
-Porque há muitos anos que você reza o Pai nosso e não vive. Eu ensinei foi para você viver tudo que nele está escrito.
-Mas é muito difícil fazer à sua vontade! O mundo é muito atraente... Embora eu seja pecador, faço tudo para ser menos. Rezo dia e noite o Pai nosso e leio sempre as bem-avanturanças... Mas... “Bem aventurados quando eu for perseguido, caluniado, maltratado”, é dose dura, não vou lhe negar.
-Mas leia e leia que eu estarei lhe ajudando a compreender e a viver.
-Mas vai demorar, pois eu me esforço todos os dias a fazer a sua vontade. Mas lhe pergunto: Que vontade é essa tão difícil?
-Ele me disse: É ganhar o Reino dos céus! O Reino do céu não tem dois pesos e duas medidas; não há dois caminhos, porque o caminho sou eu mesmo.
-Posso lhe perguntar uma coisa? Mas ele desapareceu rapidamente e eu acordei.
Como sempre eu rezo o terço antes de eu me deitar, depois do credo, rezo o Pai nosso e medito sempre, reflito profundamente bem para compreender como viver o que nele contém, não consigo viver as palavras contidas nele e acabo deitando logo e pego no sono. Assim que dormi vi, numa visão, - esse foi o terceiro sonho - ele me apareceu mais alegre e sorridente e disse-me:
-Entendeu as bem-aventuranças?
-Entendi, mas viver é bem difícil aceitar as aprovações. Estou me esforçando, mas lhe confesso: viver tudo o que nela contém, é muito difícil.
-Continue a si esforçar. O Reino dos céus sofre violências e somente os justos entrarão nele. Poucos são os escolhidos, pois não forço a ninguém viver as bem-aventuranças, tampouco o Pai nosso. Somente os justos acham fácil viverem as bem-aventuranças e o Pai nosso, são os convertidos ao Reino dos céus.
-Quem são os justos!?
-Os que aceitam receber os cravos de minhas mãos e dos meus pés. E os santos aceitaram. Leia o livro das revelações que você irá saber que são os justos e assinalados; escritos no livro da vida. Todos receberam as minhas vestes brancas e banharam-nas com o meu sangue. Eis as bem-aventuranças.
-Mas eu ouço muitas pessoas que dizem ser seus amigos, porque você os ajudou a terem bons empregos, curou-lhes as dores que sentiam e outros passaram no vestibular, curou seus filhos, seus parentes, e fez milagres para eles; hoje muitos deles afirmam que mudaram de vida financeira e se tornaram empresários... O que tem a me dizer sobre essas pessoas suas amigas.
-Só tenho a lhe dizer que ainda faltam-lhes muito a serem meus amigos e me conhecerem. Sabem o meu nome de cor. O meu nome, mas não vivem as bem-aventuranças.
-Mas por que lhes falta muito!?
É preciso que todos sejam justos e viverem as bem-aventuranças e o Pai nosso. Basta isso para saber quem eu sou e aceitarem os pregos de minhas mãos e pés.
-Puxa! Até eu que sou seu amigo desde os meus três anos de idade, tenho que receber esses cravos nas mãos e nos pés!? Viver as bem-aventuranças e o Pai nosso!?
-Honorato, não seja fundamentalista, pois eu não tolero; considero como cego errante. Você não estudou teologia?
-Sim, entendi e continuo a estudar. Mas o Pai nosso... As bem-aventuranças!..
-Entender, Honorato, é viver. Os pregos das minhas mãos e dos meus pés são as bem-aventuranças e viver o que o Pai nosso relata até o fim, sem deixar sequer uma vírgula.
-Não acha que é muito exigente?
-Mas toda a minha vida foi essa: Fazendo a vontade de meu Pai. E, quando chegou a minha hora e lhe pedi para que afastasse aquele cálice, ele não afastou. Sabe por quê?
-Diga-me, estou a lhe ouvir.
-Porque as bem-aventuranças e o Pai nosso pede: “Seja feita a vossa vontade” E eu fiz,  não fiz? Eu fui obediente ao meu Pai, até nas maiores barbaridades que fizeram comigo.
-Fez sim em toda a sua vida a vontade de seu Pai. E não foi predestinado ao sofrer tudo isso, não é mesmo?
-Pois é. É assim que eu quero que você viva; como eu vivi perante o meu Pai. E o seja feito a sua vontade que diz o Pai nosso, foi isso que fiz em toda a minha vida.
-Mas... o que eu ganho com isso?
-Ganhará o Reino dos céus como justo e sentará num trono para julgar os que não quiseram e os que não querem ser justos. Eu dei aos meus apóstolos e discípulos e lhe darei também. Pois quem fizer a vontade do meu Pai, saberá amar, perdoar e denunciar as injustiças, aí é que você irá entender as bem-aventuranças e o Pai nosso, quando viver de verdade. Como você estudou tanto sobre mim, saberá que eu sou o único caminho que levará ao Reino dos céus. Você quer ir, viva como eu vivi perante o meu Pai. Quem disser, Honorato, que me conhece e é meu amigo, mas não aceita os cravos de minhas mãos e dos meus pés, está longe de eu ser seu amigo.
Ele desapareceu e eu acordei e disse: Como é difícil seguir o meu amigo!  Mas durante a minha estada aqui, tentarei ser seu amigo longe de hipocrisia e de ideologias religiosas. Basta viver como cristão primitivamente.

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