domingo, 8 de outubro de 2017

EU ESTOU SOLITÁRIO



                             

O SILÊNCIO SOLITÁRIO.
Crônica de Honorato Ribeiro dos Santos.
O diálogo, o bate papo, as conversas agradáveis, na sala de visita, na hora do almoço, tudo é silêncio, tudo é individual; ninguém ler mais um bom livro. Ninguém mais escreve nada no preto e branco, ninguém mais sabe escrever bem; a ortografia desapareceu e a nossa amiga gramática jogaram no lixo. Tudo é livre e faz como quer. O regente não usa mais a batuta e tudo sai desafinado sem harmonia, até mesmo no Congresso Nacional a gramática é assassinada. O eu queria uma parte já é praxe até mesmo no STF.
Moro numa casa bastante grande e sempre é cheia de gente que mora comigo. Mas há pessoas que vêm e ficam dois ou três dias aqui. A rotina é a mesma: A solidão vive comigo! Ninguém tem tempo para falar comigo. O celular não deixa. Cada um no seu canto sentado de olhos nele e eu, se caso quiser falar com alguém ligo o computador, entro no facebook e vejo o pontinho verde e eu clico e alguém me atende e nós trocamos ideias e às vezes dando notícia boa. Entretanto, quando vou ao espaço democrático e começo ler de quem aprendeu atrás da escola, eu fico triste e pergunto: Cadê Ruy Barbosa? Cadê Castro Alves? Cadê o padre Antônio Vieira? Mas eles aparecem nas linhas eruditas de amigos que escrevem textos eruditos como: Walter Lopes Frota, Dr José Bonifácio, Drª Norma Lúcia Villares, professor João Nogueira da Cruz, Drª West Lour, o jornalista Flamarion, professora Jô Sampaio e outros que saíram da escola de Ruy Barbosa, eu fico alegre e acaba a minha frustração. Ai de mim se eu lhe corrigir os que não aprenderam a boa ortografia e a boa gramática portuguesa!
Gosto de ouvir alguns parlamentares subirem à tribuna para falar, não a defender as suas siglas partidárias. A esses eu mudo de canal. Como também, mudo de perfil de alguém que assassina o nosso tão lindo português. Mas o que quero falar mesmo é o dominador comum, o dono do dono que lhe escravizou até mesmo de não haver tempo para uma boa reflexão espiritual. De quando em quando vem à minha casa a ministra da eucaristia dar-me comunhão e ele toca forte, mesmo na hora da palavra de Deus.  Tudo para e vai atender. Ai daquele que não atender o dominador de muitos fantoches. Como não uso esse dominador, fico isolado, solitário e ninguém conversa comigo. O que faço? Pego um livro, - este eu ganhei de presente – (A CIDADE DO SOL do autor Khaled Hosseini, que é o autor também de O CAÇADOR DE PIPA) – e começo a ler o novo capítulo. Outra vez eu sento à mesa e começo a escrever choro na partitura para o meu aluno Paulo Vítor; outra, eu sinto saudade de meus amigos: Claudemiro Rocha, Alberto Alves do Nascimento, professor João Nogueira da Cruz, padre Wander Ferreira e pego o meu telefone fixo e ligo para um deles. Mato a saudade! Depois volta a rotina diária.
Mas aqui fico isolado, solitário, pois cada um com o celular no ouvido ou na internet a falar com outrem sem aquele calor humano. Estamos vivendo num mundo do isolamento solitário. Ele é peça boa para quem sabe usá-lo; mas nas penitenciárias, os de dentro mandam nos de fora e vice versa. A pessoa mais feliz é o que não lhe usa e nem sabe o que é mídia. Deita, levanta, toma seu café com cuscus e vai para o seu carpir diário na sua rocinha, que não é aquela que precisa do Exército, mas a rocinha do milho e do feijão para o seu consumo próprio. Estou afirmando que a velhice chegou e o celular tem mais valor do que cuidar e ter cuidado com quem Deus deu as graças de viver até aqui. Não falo do cuidado da alimentação, do respeito, mas do diálogo, do bate papo, da conversa agradável. Isso desapareceu por completo até mesmo dos visitantes. Cada um com o seu celular no seu canto e não sabe o valor que tem uma boa prosa.
Eu tenho uma amiga que desde criança somos. Ela vem aqui e o bate papo é gostoso. Voltamos no tempo; ela rir à beça e conta-me as peraltice que fez durante a infância. Ela é maravilhosa! Os presentes que ela me traz é sempre um livro, e este que estou lendo, foi ela que me ofereceu. Sabe como é o nome dela? Juraci Duque, filha do coronel João Duque e trouxe-me uma linda carta que o pai dela escreveu para Laurentino Afonso de Castro. Que caligrafia! Que talho de Letra! É de invejar aos que não sabem escrever ortograficamente. Quando o Dr José Bonifácio vier me visitar. Eu lho mostrarei esta carta. Sabe quando foi escrita? Em 1932, eu não tinha nascido ainda. Mas fico alegre de os amigos de Memórias de Carinhanha lerem os meus textos e os que se tornaram alunos meus do curso de teologia. São muitos e rogo a Deus para iluminá-los e serem missionário, pois a messe é grande e os operários são poucos. Tenho de mandar um grande abraço ao padre Élio Cunha Castro que está em Milão e de lá vai até Roma e o Vaticano. Boa viagem, amigo!  



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