NÃO TENHO TEMPO.
Crônica
de Honorato Ribeiro dos Santos.
Tempo de
chuva, e de plantar o feijão, o milho, o trigo, mas o joio nasce sem que
ninguém o plante. Tempo da colheita é tampo bom para colher o que se plantou,
mas eis que o joio nasce junto do trigo; não é tempo de colher... Trigo e joio são semelhantes, por isso tem
que esperar o tempo de colher o trigo. Assim sabe-se quem é trigo, quem é
joio... Mas... quem plantou
o joio junto do trigo? Mas, é
assim que a natureza produz: o que se serve para ir à mesa e o que se serve
para o fogo. Mas há tempo para o lazer, há tempo para namorar; e para noivar-se
e depois casar-se e dá prole.
Tempo para
viajar e para ir assistir aos jogos das Olimpíadas e gastar muito
dinheiro! Para tanto tempo de trabalho e
economizar e guardar, aquilo que se troca na bilheteria para receber o bilhete
da entrada e sentar-se na bancada do estádio para ver a bola rolar no gramado
verde e a rede balançar quando a redonda dormir tranquilamente como peixe que
cai na rede; e a galera dá o grito da vitória. Mas os de lá ficam com o grito
da vitória e os de cá com as lágrimas da tristeza por não vencer o seu time. Há
vencedores e vencidos; há tempo para tudo, entretanto não há tempo para meditar,
para refletir, para analisar e para parar de sonho de tantas ilusões! Se há o
tempo de plantar e de colher, há, também, o tempo de agradecer... Todavia a
quem agradecer se o tempo foi trabalhado e esperando? Mas o chão que pisou, que
cuspiu e que sujou, fez brotar a semente plantada e até o joio que nasce para
matar o trigo, nasceu prenhe do mesmo chão que não se lembraram de lhe
agradecer.
O tempo corre
depressa e não se percebe quanto ele é veloz. É como a terra que gira tão veloz
e ninguém percebe a sua velocidade e para onde ela leva sem parar, pois tudo
está dentro do tempo que não para e não pode parar. Porém, não se medita para
saber a hora de meditar, de refletir e agradecer. É tão especial e esperar com
calma e paciência, mas não há tempo, porque não tem tempo para meditar, refletir
e agradecer! Porque não sabe a quem agradecer?! Claro que sabe, mas não tem
tempo para agradecer subindo pela vertical! Longa escada de Jacó! Porém,
sabe-se que um dia, a hora é chegada de o tempo chegar e dormir na horizontal.
O relógio para e os ponteiros da corrida param e, então, o tempo de meditar não
há mais, pois deitou-se, na fria lousa horizontal! Não teve tempo para
agradecer a vida que um dia gratuitamente lhe ofertou o dono de tudo que se
plantou. Fim da Jornada! Adeus!
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