O SONHO DE JOÃO BISCOITO.
Conto por Honorato Ribeiro dos Santos.
João Biscoito era um homem casado, pai de muitos
filhos, mas não vivia bem com sua esposa, pois, tinha outras mulheres com as
quais ele vivia em
poligamia. Além disso, gostava muito dum samba de roda onde
rolava a cachaça e na boemia, urgia era sua vida de noites perdidas sem se
importar muito com a sua esposa e filhos. Vivia como o filho pródigo a gastar
dinheiro nos prostíbulos com as prostitutas. Não era um esposo exemplar. Era de
tradição religiosa, mas desobediente quanto aos preceitos da lei do matrimônio.
Certa vez ele foi para as farras como sempre. Dançou,
fez amor, bebeu até encher a cara e foi embora para sua casa; casa onde morava
com a esposa e filhos. Chegou à meia noite e deitou num banco na varanda e
agarrou-se no sono. Então ele sonhou um sonho esquisito indo caminhando num
caminho sem rumo. Chegando bem longe, se encontrou com um homem vestido de
branco e lhe perguntou:
-Para onde você vai, João?
-Não sei...
-Então, como não sabe pudesse ir.
Então, João seguiu naquele caminho esquisito que ele
nunca vira, mas segui sem rumo certo. Bem longe ele se deparou à frente de um
casarão, e, nele havia um grande portão. Ele bateu e imediatamente o portão foi
aberto. Havia uma porção de gente que disse: Olha ele, olha a cara dele! Entre.
A gente já estava lhe esperando. Como Ele gostasse muito de cachaça,
ofertaram-lhe um copo cheio da branca. Dizendo-lhe: Toma um pouco dessa pinga,
pois é da boa. Quando ele foi pegar o copo para tomar o trago, apareceu, de
repente, uma mulher vestida de branco, com um manto azul na cabeça e rebateu
com a mão o copo de cachaça jogando-o
fora. Ao cair, pegou fogo. Então, um deles falou:
-Siga-me que eu vou lhe mostrar toda casa e muitos
quartos com camas a espera de muitos, que ainda estão vivos. É um grande
“Motel” luxuoso. Aqui tem de tudo.
Aquele homem mostrou para ele os quartos e dizia o
nome de muita gente que ele conhecia e que já estavam reservados para eles.
Havia música e muita gente dançando. Era o som de uma sanfona pé de bode. Então
ele viu vários homens carregando lenha e entrava no forno em labareda e jogava
mais lenha para alimentar o fogo aceso. Mas os homens entravam e saiam sem si
queimar. Ele então perguntou ao que estava lhe mostrando tudo:
-Estes homens não se queimam ao entrar no fogo?
-Não. Vou pegar uma mulher para você dançar. É a
melhor dançarina que temos aqui.
Trouxe-a e lhe deu para dançar. A mulher o agarrou e
saiu com ele no salão grande a dançar, mas quem o manobrava era ela. Os pés
dele não tocavam no chão de tanto requebro e agilidade que tinha a mulher. Ele
nunca tinha dançado assim em toda a sua vida. O seu corpo já estava todo doendo
de a mulher o manobrar pra todos os lados. Ele aí começou a rezar, pois
compreendeu que aquele lugar não era um lugar comum. Era coisa fora das graças
de Deus. Quem sabe seja, aqui, a “Geena” citada na Bíblia! A mulher o largou e
o homem levou para ele ir embora, pois foi chamado por um dos homens que estava
carregando lenha e disse:
-Leve este homem, pois ele não é daqui. (!..).
-Está bem. Vamos. O homem abriu o portão e disse a
ele:
-Você sabe que lugar é este?
-Não!
-É o inferno.
-Você sabe com quem você dançou?
-Não!
-Foi com a capeta. (!...).
-Você sabe por que você veio aqui?
-Não!
Porque você tem esposa e filhos; e está amigado com
várias outras vivendo em
adultério. Vá embora. O caminho é este.
Ele voltou por onde ele tinha vindo e no meio do
caminho estava em pé o homem vestido de branco esperando por ele. Ele foi
chegando e o homem vestido de branco disse para ele:
-Você sabe aonde você foi? Ele sabia, mas respondeu:
-Não.
-Você foi ao inferno.
-Você sabe com quem você dançou?
-Não. (Também sabia).
-Foi com a capeta.
Você sabe quem foi a mulher que derrubou o copo de
cachaça para você não beber?
_Não. (Não sabia mesmo).
-Foi a sua madrinha, Nossa Senhora Auxiliadora. Se
você tivesse tomado aquela cachaça, não teria voltado mais. Vou lhe fazer uma
pergunta: Você sabe por que você foi lá?
-Não. (Ele já sabia).
-É porque você gosta de viver na urgia praticando o
adultério e não respeita a sua esposa. Vive amigado com várias mulheres. Você
sabe com quem você está falando?
-Não!
-É com seu padrinho de batismo, São José. Agora, vá e
peça perdão a Deus, converta-se, corrija tantos erros que cometeu violando a
Lei de Deus. Peça perdão à sua esposa pelo mal que fez a ela.
Quando São José acabou de falar com ele, ele assustou,
mas não no banco onde ele deitou para dormir e sim jogado lixo, num monturo
todo rebentado e a camisa toda rasgada. Levantou-se e foi para a sua casa e
reconciliou com sua esposa, pediu-lhe perdão e voltou regenerado como um homem
religioso e temente a Deus. Pediu perdão aos filhos e filhas e voltou
arrependido como o “filho pródigo” da parábola contada por Jesus Cristo. Foi
viver bem com sua esposa e seus filhos. Nunca mais bebeu e afastou-se das
farras da urgia. O filho pródigo se arrependeu.
Que sonho horrível desse homem!
Possa ser que o leitor não acredita na minha saga, mas
eu o conheci pessoalmente e o entrevistei indo à sua casa. O seu nome era
conhecido por João Biscoito e me revelou toda esta história que já havia
contado para a minha mãe, Gertrudes Ribeiro dos Santos. Ele tinha uma
propriedade numa ilha, perto de Itacarambi-MG. Ele tinha uma chácara de
laranja, banana e lima. Talvez esse sonho sonhado por ele fosse mesmo o inferno
vivido por ele, pois, o céu e o inferno estão dentro de cada um de nós. Quem se
aperfeiçoa a viver a vida contemplativa, no amor e a caridade, já constrói o
céu dentro de si mesmo; vivendo a vida contrária da perfeição, constrói em si
mesmo o inferno. Cada um opta para viver fazendo o bem ou o mal; somos livres
para escolher o caminho que quisermos.
Fim.
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