sábado, 27 de junho de 2015

AMOR ASSASSINO



PRIMEIRA PARTE.
Do livro de Honorato Ribeiro - PRINCESA SANFRANCISCANA.

A AMANTE DE EDGAR TENTOU MATÁ-LO.

Edgar era um jovem de família rica e bastante querido em toda cidade. Era filho do telegrafista José Venâncio Lima, conhecido por Zeca Lima. Edgar tinha um bar de sociedade com seu irmão Arnaldo. Por causa dessa união empresarial, ele pôs o nome desse bar de: Bar Dois Irmãos. Foi o melhor bar que já houve aqui até hoje. Nele havia bailes, matinês, dramas, jogos de bilhar e sinuca. Era sempre cheio de gente para tomar a cerveja geladinha. Era, nesse bar, o encontro dos amigos e jovens para se entreter. Nele havia um serviço de alto falante que passava as músicas de sucesso dos grandes cantores da época. Foi nesse dito bar, Dois Irmãos, que dois marinheiros de um vapor entraram e começaram a jogar sinuca. Jogaram várias partidas e, quando acabaram de jogar, não quiseram pagar as partidas e as cervejas que havia tomado. Começou a discutir com o dono do bar sonegando-lhe o que era de direito pagar. Foi, exatamente, naquele instante, que entrou o soldado Abel, amigo do proprietário do Bar Dois Irmãos, que havia chegado de viagem que fizera a cavalo à cidade de Cocos, quando entrou e viu os dois marinheiros discutindo com seu amigo, Calos Lima, irmão dos proprietários do bar, a não querer pagar as partidas de sinuca e a cerveja que tinham tomado. O soldado Abel entrou e pegou o chicote de cavalo e meteu no lombo dos dois homenzarrões marinheiros; colocou-os à frente e surrou-os com chicotadas até o cais, onde o vapor estava ancorado. Os curiosos saíram à rua, olhando admirados ao assistir à surra que o soldado estava dando nos dois marinheiros fortes, porém, medrosos por não reagirem contra seu algoz. O soldado Abel era um homem calmo, tinha a fala fina, era magro de boa estatura, mas não aguentava injustiça e nem desaforo. O soldado Abel chicoteou os malandros sonegadores das despesas feitas no Bar Dois Irmãos, descendo a Rua Duque de Caxias e só parou de bater nos dois marinheiros, quando chegaram ao cais, onde o navio estava ancorado. Os dois marinheiros embarcaram no seu navio com as costas rasgadas das chicotadas que levaram no lombo, por não pagar as cervejas que tomaram e as partidas de sinuca. Entraram no navio, onde os mesmos eram tripulantes e funcionários da Marinha Fluvial do rio São Francisco. Nenhum dos tripulantes, comandante, contra mestre, autoridades da marinha, protestou ou defendeu os marinheiros, quando soube da história e de o porquê das chicotadas feitas pelo soldado Abel. Tiveram que tomar um banho de sal grosso para aliviar as dores das chicotadas que receberam no lombo.
Bem, agora vou narrar a história do meu amigo, Edgar, que eu o chamava de “Cravu”.

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