PRIMEIRA PARTE.
Do livro de Honorato Ribeiro - PRINCESA SANFRANCISCANA.
A AMANTE DE EDGAR TENTOU MATÁ-LO.
Edgar era um jovem de família
rica e bastante querido em toda cidade. Era filho do telegrafista José Venâncio
Lima, conhecido por Zeca Lima. Edgar tinha um bar de sociedade com seu irmão
Arnaldo. Por causa dessa união empresarial, ele pôs o nome desse bar de: Bar
Dois Irmãos. Foi o melhor bar que já houve aqui até hoje. Nele havia bailes,
matinês, dramas, jogos de bilhar e sinuca. Era sempre cheio de gente para tomar
a cerveja geladinha. Era, nesse bar, o encontro dos amigos e jovens para se
entreter. Nele havia um serviço de alto falante que passava as músicas de
sucesso dos grandes cantores da época. Foi nesse dito bar, Dois Irmãos, que
dois marinheiros de um vapor entraram e começaram a jogar sinuca. Jogaram
várias partidas e, quando acabaram de jogar, não quiseram pagar as partidas e
as cervejas que havia tomado. Começou a discutir com o dono do bar sonegando-lhe
o que era de direito pagar. Foi, exatamente, naquele instante, que entrou o
soldado Abel, amigo do proprietário do Bar Dois Irmãos, que havia chegado de
viagem que fizera a cavalo à cidade de Cocos, quando entrou e viu os dois
marinheiros discutindo com seu amigo, Calos Lima, irmão dos proprietários do
bar, a não querer pagar as partidas de sinuca e a cerveja que tinham tomado. O
soldado Abel entrou e pegou o chicote de cavalo e meteu no lombo dos dois
homenzarrões marinheiros; colocou-os à frente e surrou-os com chicotadas até o
cais, onde o vapor estava ancorado. Os curiosos saíram à rua, olhando admirados
ao assistir à surra que o soldado estava dando nos dois marinheiros fortes,
porém, medrosos por não reagirem contra seu algoz. O soldado Abel era um homem
calmo, tinha a fala fina, era magro de boa estatura, mas não aguentava
injustiça e nem desaforo. O soldado Abel chicoteou os malandros sonegadores das
despesas feitas no Bar Dois Irmãos, descendo a Rua Duque de Caxias e só parou
de bater nos dois marinheiros, quando chegaram ao cais, onde o navio estava
ancorado. Os dois marinheiros embarcaram no seu navio com as costas rasgadas
das chicotadas que levaram no lombo, por não pagar as cervejas que tomaram e as
partidas de sinuca. Entraram no navio, onde os mesmos eram tripulantes e
funcionários da Marinha Fluvial do rio São Francisco. Nenhum dos tripulantes,
comandante, contra mestre, autoridades da marinha, protestou ou defendeu os
marinheiros, quando soube da história e de o porquê das chicotadas feitas pelo
soldado Abel. Tiveram que tomar um banho de sal grosso para aliviar as dores
das chicotadas que receberam no lombo.
Bem, agora vou narrar a história
do meu amigo, Edgar, que eu o chamava de “Cravu”.
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